O mel de melato da bracatinga, considerado um dos melhores
do mundo, deve se tornar uma marca registrada do Brasil. Produzido nas regiões
mais altas de Santa Catarina e com características bem específicas, o mel de
melato é candidato para obtenção de uma Indicação Geográfica (IG), se tornando
um patrimônio regional. A documentação foi entregue para a Secretaria de Estado
da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural nesta sexta-feira, 16,
durante o 34º Encontro Catarinense de Apicultores e Meliponicultores (ECA), em
São Joaquim.
“A apicultura catarinense é reconhecida como destaque nacional e
internacional pela suas características familiares, pela história dos
produtores e pela qualidade do mel produzido no Estado. A Indicação Geográfica
do mel de melato da bracatinga será um grande diferencial para a apicultura
brasileira. Irá agregar valor à produção, trazendo mais renda para os apicultores,
contribuindo para a preservação do meio ambiente e fortalecendo a economia
local”, destaca o secretário adjunto da Agricultura, Ricardo Miotto.
O mel de melato é também sucesso no mercado internacional e 90% da
produção catarinense é destinada para abastecer a Europa. Em Santa Catarina,
são cerca de 800 apicultores dedicados à extração desse mel em municípios da
Serra e Planalto Norte. É no Estado também que se concentra 80% de toda
produção nacional do produto, uma média de 500 toneladas.
O grande benefício da IG é agregar valor à produção local, diferenciando o
mel produzido na região devido a suas qualidades únicas. A partir de um selo,
os consumidores saberão que o produto possui características especiais
relacionadas com aspectos geográficos, de clima, cultivo e manejo.
“A Indicação Geográfica do mel de melato será uma oportunidade para quem
pertence a esse território. Nessa região teremos melhorias na infraestrutura de
produção e na renda, com um produto diferenciado no mercado. O mel de melato já
é reconhecido mundialmente pela qualidade, é muito importante a concretização
desse projeto”, destaca o presidente da Federação das Associações de
Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina, Ênio Frederico Cesconetto.
O consultor técnico do Sebrae/SC, Rogério Ern, explica que a Indicação
Geográfica trará não só o reconhecimento do produto, mas também deve incentivar
a organização da cadeia produtiva e o turismo na região. “A tendência é criar
uma reserva de mercado, gerando mais investimentos na cadeia produtiva,
pesquisa e equipamentos. A economia da região se fortalece muito”.
Diferenciais
O mel de melato da bracatinga possui algumas peculiaridades: a produção é
feita apenas em anos pares, durante os meses de janeiro a maio, em algumas
áreas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Para sua fabricação são necessárias as abelhas, um inseto chamado de
cochonilha e a árvore de bracatinga. É justamente essa associação que faz o
produto ser tão especial. Ele é produzido pelas abelhas, em épocas de escassez
de néctar, a partir do líquido açucarado que a cochonilha expele ao se
alimentar da seiva da bracatinga. Esse fenômeno ocorre apenas em regiões com
altitudes acima de 700 metros no Planalto Sul Brasileiro.
O mel de melato é mais escuro, tem menos açúcares e mais minerais do que o
mel convencional, sendo assim ele dificilmente cristaliza. Em 2017 foi
reconhecido como um dos quatro melhores méis do mundo no 45º Congresso
Internacional de Apicultura, em Istambul, na Turquia.
Indicação Geográfica
O processo para Certificação é baseado em dossiês técnicos e científicos
da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina
(Epagri), em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae), a Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina (Faasc)
e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A intenção dos estudos é
demonstrar que a produção do mel de melato da bracatinga está relacionada às
condições naturais do Planalto Sul Brasileiro.
Com o resultado em mãos, os produtores da região encaminharão o dossiê ao
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) para obter o selo de
Indicação Geográfica, na modalidade Denominação de Origem. A expectativa é de
que o Inpi analise e homologue o processo em até 2022. O IG estabelecerá as
normas que deverão ser cumpridas pela cadeia produtiva do mel de melato, desde
a extração até a comercialização.
A Secretaria da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural é uma das
responsáveis por analisar os documentos e reconhecer oficialmente a delimitação
geográfica da região formada pela Serra e Planalto Norte como produtora
exclusiva do Mel de Melato.
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