Santa Catarina dá mais um passo importante para erradicação
da brucelose e tuberculose bovina no estado. A partir de agora os laticínios
deverão controlar a rastreabilidade do leite e redobrar a atenção com a saúde
animal. As medidas fazem parte da Portaria SAR 44/2020, elaborada pela
Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural e
publicada no início de janeiro.
"O objetivo é reduzir os casos de brucelose e
tuberculose no rebanho catarinense por meio da prevenção da doença na
propriedade e monitorar a produção para detecção precoce de novos casos. Como
essas doenças são transmitidas para as pessoas, a eliminação da doença no
rebanho bovino visa proteger a população em geral", explica a médica
veterinária e coordenadora do Programa Estadual de Erradicação da Brucelose e
Tuberculose (PEEBT), Karina Diniz Baumgarten
A Secretaria da Agricultura traz novas normas para organizar
o cadastro dos produtores de gado leiteiro e monitorar a saúde animal. Com a
nova Portaria, haverá também maior controle no recebimento de leite cru
refrigerado pelos estabelecimentos registrados no serviço de inspeção oficial –
municipal (SIM), estadual (SIE) ou federal (SIF).
Na prática, os estabelecimentos que recebem leite ou
processam leite cru refrigerado terão que rastrear toda a matéria-prima e
solicitar os exames de brucelose e tuberculose dos bovinos de seus
fornecedores. Ou seja, será possível identificar os dados de cada fornecedor de
leite e comprovar que eles seguem todas as exigências sanitárias.
Além disso, periodicamente, deve ser feita a coleta de
amostras de leite do tanque de cada um dos fornecedores. Com o mapeamento de
toda cadeia produtiva, a intenção da Secretaria da Agricultura é reduzir ainda
mais os casos de brucelose e tuberculose bovina, dando mais segurança para os
produtores rurais e consumidores.
O Governo do Estado quer que esse seja mais um diferencial
competitivo do agronegócio catarinense na conquista de mercados exigentes,
principalmente para exportação de produtos lácteos. "A sanidade animal é
um fator importante para a comercialização de produtos de origem animal. O cumprimento
da portaria traz benefícios tanto para a indústria, que irá informar a correta
rastreabilidade e qualidade do leite para expandir os mercados, como para a
população, que terá acesso a um leite de melhor qualidade", destaca Karina
Diniz Baumgarten.
A Portaria SAR 44/2020 foi elaborada com a colaboração
da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e
de representantes da cadeia produtiva do leite no estado.
Prevenção das doenças
Os produtores de leite devem sempre manter atualizados o
cadastro de sua propriedade e as informações de rebanho no sistema
informatizado da Cidasc.
Há também exigências para o controle de brucelose e
tuberculose: adquirir animais para reprodução ou produção leiteira com exames
negativos para as doenças; realizar o exame de tuberculose em todo o rebanho
uma vez a cada três anos; o exame de brucelose deve ser feito no leite da
ordenha completa, no tanque de refrigeração, a cada 12 meses.
Produção de leite em Santa Catarina
Santa Catarina produz mais de três bilhões de litros de leite
por ano e é o quarto maior produtor brasileiro. Com mais de 70 mil famílias
envolvidas na atividade, o estado conta com 130 empresas que beneficiam o
produto.
Referência internacional no cuidado com a saúde
animal
Um dos grandes diferenciais do agronegócio catarinense é o
cuidado extremo com a saúde animal. Santa Catarina é o único estado brasileiro
certificado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de
febre aftosa sem vacinação e, no último ano, foi reconhecido com a menor
prevalência de brucelose animal no país.
De acordo com o Programa Nacional de Controle e Erradicação
da Brucelose e da Tuberculose Animal, do Ministério da Agricultura, os estados
podem ser classificados de A até E de acordo com a prevalência das doenças.
Santa Catarina é o único estado brasileiro com classificação A para brucelose
e, junto com outros quatro estados, também obteve nota máxima para tuberculose.
As zoonoses acometem menos de 2% do rebanho bovino
catarinense. Esse é o resultado de um grande esforço no Governo do Estado, por
meio da Secretaria de Estado da Agricultura, da Cidasc e do setor produtivo
para erradicar as doenças.
Investimentos para erradicar a brucelose e a
tuberculose
Ainda em 2020, a Secretaria aportou mais R$ 283 mil para
aumentar a cadeia de vigilância e localização de propriedades com suspeitas de
focos das doenças, realizações de diagnósticos definitivos e abates sanitários
dos animais contaminados, reduzindo os riscos à saúde pública e elevando o
status sanitário da pecuária catarinense.
No ano passado, Santa Catarina contabilizou mais de
mil propriedades rurais certificadas como livres de
brucelose e tuberculose. Todos os anos são realizados aproximadamente 500 mil
exames para analisar a presença das zoonoses no rebanho catarinense.
Indenizações aos produtores
Os animais acometidos de brucelose ou tuberculose são
abatidos sanitariamente e os proprietários indenizados pela Secretaria da
Agricultura, com apoio do Fundo Estadual de Sanidade Animal (Fundesa). Com a
compensação, os produtores podem adquirir animais sadios para continuarem a
produção de carne e de leite.
Em 2020, o Governo do Estado investiu mais de R$ 11,7 milhões
na indenização de produtores rurais pelo abate sanitário de animais doentes -
maior soma desde a criação do Fundesa em 2004.
>>>Clique e receba notícias do JRTV Jornal Regional diariamente em seu WhatsApp.
DEIXE UM COMENTÁRIO
Facebook