Sem a presença do ministro Luiz Henrique Mandetta, o
Ministério da Saúde divulgou, neste sábado, o último balanço sobre o número de
mortes e casos confirmados do novo coronavírus no Brasil, que soma 432 óbitos e
mais de 10 mil infectados.
Conforme o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, Distrito
Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Amazonas passarão pela fase de
aceleração descontrolada do Covid-19 nos próximos dias.
O motivo é pela alta demanda de viagens internacionais que estes estados
recebem - de pessoas que viajam para o exterior e de quem chega.
Gabbardo dos Reis também alertou que os estados do Sul - Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul - podem ser os próximos a passarem pela aceleração
descontrolada quando o inverno chegar.
"Vão começar apresentar número maior de casos e nos preocupará. Poderemos
transferir médicos para áreas que haja maior necessidade", comentou. O
Ministério divide a pandemia em quatro fases epidêmicas: epidemia localizada,
aceleração descontrolada, desaceleração e controle.
Segundo Reis, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e
Amazonas estão se preparando com novos leitos, remanejamento de leitos,
reduzindo cirurgias, criando critérios de entrada e saídas de leitos, e
adquirindo Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para poder atender esta
próxima fase.
Contato com o vírus é uma questão de tempo
João Gabbardo dos Reis destacou que mesmo com todas as formas de
prevenção, todos terão contato com o novo coronavírus.
"O dia em que sairmos da nossa bolha, todos vamos ter contato com o
Covid-19. É uma questão de tempo. O que a gente espera é que a transmissão
ocorra numa velocidade baixa para que o nosso sistema de saúde possa dar conta
do número de pessoas doentes", reforçou.
Ele falou que a redução de casos de Covid-19 só vai acontecer se todos nós
tivermos sido vacinados ou com a imunidade natural, que a pessoa adquire com o
tempo.
"Os idosos vão ficar imunes a vida toda? Não. Quando eles forem para
a rua, eles vão ficar doentes. O que queremos evitar é que todos fiquem doentes
ao mesmo tempo. Mais adiante, se ganharmos tempo, vamos ter um tratamento ou
uma vacina. Isso seria o mundo ideal", completou.
Ele também salientou que o Brasil teve "sorte", em comparação a
outros países como Itália, Espanha e Estados Unidos, pois teve tempo para se
preparar para se proteger contra a pandemia. "Ninguém se preparou como o
Brasil. Tivemos tempo para isso", argumentou.
"Passaporte de imunidade"
Segundo Gabbardo, o Ministério da Saúde pensa em formas de criar uma
espécie de “passaporte da imunidade”, uma identificação para pessoas que
contraíram o novo coronavírus, se recuperaram totalmente e já possuem
anticorpos. Essas pessoas, segundo o secretário, não podem mais transmitir ou
ser infectadas, e já adquiriram imunidade. Elas podem ser úteis no contato com
grupos sensíveis, como idosos, e possivelmente são aptas a retomar certas
atividades.
O secretário falou sobre a doação de testes que a pasta recebeu para
diagnóstico da Covid-19. "O mundo está correndo atrás de testes. O
Ministério da Saúde recebeu uma doação grande, mas precisam ser aprovadas pelo
nosso instituto. Estamos trabalhando para ampliação e aplicação tanto de testes
rápidos quanto para o RT-PCR, que é o mais adequado para identificação de quem
é que está com a doença", explicou.
Reis também achou positiva a isenção de impostos que o presidente Jair
Bolsonaro prometeu dar para zinco e vitamina "D" para combater
Covid-19. "Mesmo que não tenhamos uma comprovação científica, é uma coisa
boa para o futuro. Os hospitais utilizam isso em casos graves e o fato é bom
para o sistema de saúde, para os hospitais privados, para todos nós."
Cidades sem casos
O secretário afirmou, ainda, que fechar cidades ou municípios que não
contabilizam nenhum caso do novo coronavírus pode ser “uma medida excessiva”.
“Não significa que vai ficar assim para sempre. Podemos fechar, abrir, se
julgar necessário. Acho que isso merece uma discussão. Pode ser que tenha sido
antes da hora, e merece uma análise melhor”, afirmou.
Gabbardo citou, entretanto, que o relaxamento da quarentena e do isolamento
social deve acontecer apenas após a aquisição de material suficiente para lidar
com uma larga escala da população. "Já estamos fortes, mas queremos ficar
mais fortes ainda", concluiu.
Ausência de Mandetta
A ausência do ministro foi justificada pelo fato de que outros ministros
do governo não estariam presentes na coletiva e também para que Mandetta
pudesse descansar.
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