Entre os dias 10 e 17 de dezembro, Santa Catarina registrou 31.410 novos casos de Covid-19, representando uma taxa semanal de crescimento de 7,5%. Os dados são do último boletim do Necat (Núcleo de Estudos de Economia Catarinense), vinculado à UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), divulgado nesta segunda-feira (21).
Isso significa que o nível de contaminação da população catarinense continua num ritmo muito acelerado. O documento classifica a situação epidêmica de Santa Catarina como gravíssima, mantendo uma das maiores taxas de contaminação do país.
O quadro grave é apresentado a partir do aumento de quatro indicadores principais: média semanal de casos, velocidade de contágio, evolução dos casos ativos e média móvel semanal de óbitos.
Evolução dos casos
Em termos de número de casos, o
Estado atingiu a 4ª posição do ranking nacional dentre as unidades da federação
com os maiores registros oficialmente confirmados.
A velocidade do contágio também chama a atenção. No período analisado pelo
boletim, Santa Catarina registrou 10 mil novos casos de infecção por Covid-19 a
cada um dia. Ao final de setembro, eram necessários 11 dias para que este
patamar fosse atingido.
Para avaliar, o Necat usou o método de replicagem de 10 mil
casos. Isso indica a existência de um grau elevadíssimo de contaminação da
população catarinense.
Evolução do número de casos oficialmente registrados em SC
Outra informação que indica o
nível de gravidade da doença no Estado é a média semanal móvel de novos casos.
Esse indicador, que na última semana de setembro havia caído para 939 casos
diários, no período entre 10 e 17 de dezembro se manteve no patamar de 4.739
casos diários.
Nesta segunda, mais de 463 mil pessoas já haviam contraído a doença no Estado,
sendo que 4.771 delas foram a óbito.
Pequenos e médios municípios
Considerando-se a espacialidade territorial da doença, de acordo
com o boletim, observou-se que nas duas últimas semanas ocorreu um maior
espraiamento aos pequenos e médios municípios do Estado. Neste sentido, há uma
dinâmica de interiorização da doença.
Houve aumento das taxas de crescimento de casos nos municípios
que possuem até 20 mil habitantes, indicando que o novo surto está se
espraiando também nessas localidades.
As 13 cidades de Santa Catarina com população acima de cem mil
habitantes mantiveram sua participação em 52,72% do total de casos registrados
no Estado.
Em termos absolutos, verificou-se
um aumento de 7% do número de casos nesse estrato populacional entre os dias 10
e 17 de dezembro. Isso indica que as cidades mais populosas do estado
apresentaram um ritmo de contágio menos acelerado, comparativamente à semana
inicial de dezembro.
Quantidade oficial de casos por número de municípios até 17 de dezembro, segundo estratos populacionais
Nos municípios com população entre 10 mil e 20 mil habitantes, o
percentual de participação se ampliou para 9,70% ao final do período
considerado.
Quanto ao estrato populacional entre 5 mil e 10 mil, observa-se
que o percentual de participação no total estadual passou de 4,39% para 4,42%.
Média de 53 óbitos por dia
A média semanal de mortes também
registrou um aumento, atingindo um patamar de 53 óbitos por dia, índice
superior ao pico observado em agosto. O dado também considera o período de 10 a
17 de dezembro.
No início do mês de dezembro esse indicador atingiu a marca de 47 óbitos por
dia. Em termos percentuais, nota-se que ocorreu um aumento de 29% das mortes na
terceira semana de dezembro em relação à primeira semana do mesmo mês.
Evolução do número de óbitos em SC entre 26 de março e 17 de dezembro de 2020
Em apenas uma semana foram
registradas mais 374 novas mortes, indicando a continuidade da ocorrência de um
número elevado de óbitos no Estado.
Essa elevação expressiva da média semanal móvel de óbitos em dezembro, de acordo
com o Boletim, é reflexo do grande surto de contaminação ocorrido no mês
anterior.
Até a data de elaboração do boletim, já haviam sido registradas
ocorrência de mortes pela Covid-19 em
aproximadamente 255 municípios do Estado.
Doença sem controle e medidas “populistas”
O boletim do Necat considera que a doença continua sem controle
avançando fortemente no âmbito Estadual. Esse contexto exigiria a adoção de
medidas mais efetivas para frear a pandemia.
“É necessário que as autoridades
governamentais de Santa Catarina parem de adotar medidas populistas para
atender lobbies econômicos e, de fato, adotem medidas mais drásticas que sejam
capazes de achatar a curva de contágio”, defende o boletim, assinado pelo
professor Lauro Mattei, em referência às novas
flexibilizações.
Entre elas, estão a liberação de casas noturnas, eventos sociais, cinemas, teatros, parques
temáticos e transporte coletivo.
Também ficou decidido que hotéis
e pousadas poderão operar com ocupação integral. Todas as medidas
começam a valer a partir desta segunda-feira.
Governo
do Estado diz ‘buscar equilíbrio’
O Governo de Santa Catarina, por meio da SES (Secretaria de
Estado da Saúde), publicou uma nota com esclarecimentos quanto às recentes
medidas de regramento de atividades para a temporada de verão no Estado.
Quanto ao decreto nº 1.027, que passa a valer a partir desta
segunda (21), a SES disse que o início da temporada de verão levará à chegada
de centenas de milhares de turistas em solo catarinense e que isso é “uma
realidade inexorável, para a qual não se pode fechar os olhos.”
Diante disso, o Executivo informou
que optou por realizar um regramento das atividades, com o intuito de buscar um
equilíbrio e privilegiar a legalidade e a segurança da população.
Confira trecho da nota:
O longo período pandêmico
tem gerado inquietações no seio da sociedade catarinense, que, em muitos casos,
beiraram a desobediência civil.
Ao mesmo tempo em que luta
para garantir que todos os catarinenses tenham acesso a tratamento em caso de
necessidade, por meio de uma ampliação expressiva dos leitos de UTI
disponíveis, o Governo de Santa Catarina está atento ao sentimento dos
catarinenses e à luta por um equilíbrio entre o enfrentamento da pandemia e o
bem-estar sócio-econômico.
Em um momento como o atual,
deve haver um tratamento igualitário entre todos os setores, privilegiando a
legalidade em detrimento da clandestinidade. Tal conceito embasou algumas das
medidas, tais como a permissão de ocupação de 100% dos hotéis, a liberação de
eventos sociais, com restrição de público.
Para atravessarmos as dificuldades, nunca outrora vividas nesta
geração, todos precisam dar as mãos.
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