Santa Catarina tem
ao menos mil casos suspeitos de coronavírus aguardando resultado dos testes,
informou o governador Carlos Moisés (PSL) em
entrevista ao Jornal do Almoço nesta quinta-feira (2). Segundo ele, já foram
feitas 2,9 mil coletas, emitidos 1,8 mil resultados e aproximadamente 1,1 mil
pessoas aguardam confirmação. Além disso, afirmou que o estado está se
estruturando para implantar hospitais de campanha.
Na quarta-feira, em coletiva, foram confirmados 247 casos e o governo
admitiu que há subnotificação, considerando que o estado
tem enfrentado problemas de falta de kits para exames. Na entrevista desta
tarde, ele reafirmou que não é possível estimar quantos casos tem em Santa
Catarina, visto que os testes estão sendo aplicados apenas em pacientes com
quadro de saúde considerado grave.
" Fica difícil de
estimar. [...] Nós imaginamos que tenhamos, de fato, menos casos de grande
massa já contaminados do que o restante do Brasil. Isso nós vamos ver, isso vai
se revelar agora nos [próximos] 7, 14 dias, no máximo”, afirmou Moisés.
Moisés afirmou que o fato de Santa Catarina ter seguido as
"indicações técnica da comunidade mundial" e adotado o isolamento
social assim que o primeiro caso de transmissão comunitária foi identificado,
para poder reduzir os impactos da doença no estado, principalmente em relação
aos casos mais graves.
Tempo e procedimento dos testes
O Estado espera receber mais 600 testes até sexta-feira (3) e mais 4,8
mil na próxima semana. Santa Catarina chegou a ficar sem kits de testagem de
coronavírus e recebeu na quarta-feira 192 testes para detecção do coronavírus
por parte do Ministério da Saúde, segundo Secretaria de Estado da Saúde. Outros
16,6 mil kits de testes rápidos devem ser encaminhados para utilização com os
profissionais da saúde e segurança.
Com a demora da emissão de resultados, há profissionais que foram
afastados até que haja confirmação do diagnóstico. Em alguns casos, as
confirmações estão levando pelo menos uma semana. Moisés diz que o Estado tem
procurado maneiras e outras possibilidade para tentar antecipar os resultados.
"Nós estamos com
alternativas com testes de outras máquinas, como, por exemplo, para teste de
HIV, que nós temos em várias localidades do estado, estamos fazendo uma
transformação dessas máquinas e seus insumos para poder utilizar em testes
também para Covid-19", contou.
Segundo o governador, a justificativa da demora estaria, além da alta
demanda, na dificuldade que o Estado encontra em relação a restrições em cada
modalidade de testes para poder afirmar com precisão se o resultado foi
positivo ou negativo. Segundo ele, os testes rápidos também possuem limitações
nos resultados.
"[Em relação ao] tempo de contágio, muitas vezes, na secreção nasal
ou oral, já não existe mais vestígios de ter tido contato com o vírus, a
secreção pode ser localizada e identificada em outras partes do corpo",
explicou.
Hospitais de Campanha
O Estado deve implantar mais unidade de terapia intensiva em Santa
Catarina, totalizando mais de 700 leitos. Segundo o governador, o Estado tem
condições de montar hospital de campanha com 100 leitos de UTI em 20 dias, caso
seja necessário. Uma reunião para tratar sobre o assunto foi realizada na noite
de quarta.
"Normalmente
hospital de campanha é para média e baixa complexidade, é enfermaria, mas nós
também temos essa modalidade. A empresa que faz por exemplo a tenda, onde se
monta os hospitais de campanha, é catarinense e tudo isso facilita. Esse grupo
que trabalha com a montagem do hospital de campanha já tem o contato de
fornecedores e tem reservado, por exemplo, respiradores, que é o nosso grande
desafio com os insumos. Enfim em 20 dias monta um hospital de campanha",
afirmou.
Ainda conforme ele, a prioridade é montá-los próximo a hospitais já
existentes. "Preferimos instalar próximo de uma unidade hospitalar porque
nós temos uma logística ali, como o recolhimento do lixo hospitalar, a questão
do oxigênio, do ar pressurizado, de toda a logística fixa que já tem embutida
numa estrutura hospitalar que você possa compartilhar. Geradores de energia
elétrica, gás, tudo isso você pode compartilhar com uma unidade de hospital de
campanha", detalhou Carlos Moisés.
De acordo com o governador, estruturas como a Arena Petry e o aeroporto
Hercílio Luz, entre outras, foram disponibilizadas ao Governo do Estado para
abrigar hospitais de campanha.
Moisés contou que também tem conversado com fornecedores de ventiladores
hospitalares, considerado por ele um dos grandes desafios enfrentados para
compor esse tipo de unidade de saúde emergencial.
“Se nós quisermos hoje
montar 2 mil vagas, por exemplo, de hospital de UTI [Unidade de Terapia
Intensiva], o impedimento maior, principalmente, não é montar o hospital de
campanha, é RH, é material humano, pessoas para trabalhar e também
ventiladores”, afirmou.
Empresas de Santa Catarina estão se dispondo a mudar a linha de produção
para atender a essa demanda. Moisés contou que um empresário garantiu a ele ter
condições de entregar 500 unidades de ventiladores para o estado em
aproximadamente um mês e meio.
“O Governo do Estado tem sinalizado que tem interesse na prioridade,
inclusive da aquisição desse equipamento”, completou.
Economia
Segundo Moisés, os impactos na economia já são visíveis e que a
arrecadação do estado deve diminuir cerca de 25% no estado. Ele falou sobre
reuniões que têm sido feitas para pedir ao governo reposição das perdas.
"Não só com o Fundo de Participação dos Municípios, que vai
repercutir, mas também com ICMS, royalts, enfim com toda a cadeia produtiva e
também financiamento das empresas para que elas financiem os empregados, para
que não ocorra demissões, para que elas consigam pagar as suas obrigações que
vão chegando para os empresários, e nós sabemos disso".
Ele falou ainda sobre a possibilidade de emissão de moeda e de
negociações com fundos internacionais por parte do Governo Federal e de projetos que têm sido aprovados para tentar auxiliar
as contas públicas durante a pandemia.
"O governo está no momento em que ele está precisando de recursos
públicos inclusive para não parar setores a saúde, para que a gente possa
assistir a nossa população. Então toda e qualquer a iniciativa, projeto de lei,
tem que ser muito responsável, tem que ser combinada porque se não essas coisas
não funcionam isoladamente", afirmou.
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