Secretários estaduais de Saúde enviaram uma carta crítica
sobre a forma com que o governo federal está lidando com a segunda onda da
pandemia da Covid-19.
No documento endereçado ao
governo federal, eles defendem toque
de recolher nacional das 20h às 6h, inclusive aos finais de
semana e outras medidas mais duras para conter o avanço da doença.
“O Brasil vivencia, perplexo, o pior momento da crise sanitária provocada pela Covid-19. Os índices de novos casos da doença alcançam patamares muito elevados em todas as regiões, estados e municípios”, aponta o texto.
O documento ressalta os números de casos e mortes e atribuem ao Ministério da Saúde a “ausência de uma condução nacional unificada”. A falha teria puxado para cima os índices dramáticos da doença.
“O relaxamento das medidas de proteção e a
circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária
e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial. O
recrudescimento da epidemia em diversos Estados leva ao colapso de suas redes
assistenciais públicas e privadas e ao risco iminente de se propagar a todas as
regiões do Brasil”, frisa trecho do documento.
Outras
medidas
Na carta, os secretários defendem um
conjunto de medidas a serem executadas pelos governadores e prefeitos, chamado
de “Pacto Nacional pela Vida”. As ações reúnem todos os poderes, a sociedade
civil, representantes da indústria e do comércio, das grandes instituições
religiosas e acadêmicas do país.
“[É preciso] maior rigor nas medidas de
restrição das atividades não essenciais, de acordo com a situação
epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas
semanalmente a partir de critérios técnicos, incluindo a restrição em nível
máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação
no número de casos e óbitos”, acrescentam.
Para os secretários de Saúde, as interações
sociais que se intensificaram no período eleitoral, nos encontros e
festividades de fim de ano, do veraneio e do Carnaval levaram o
país ao estágio atual.
“Infelizmente, a baixa cobertura vacinal e
a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro possa ser
revertido em curto prazo”, salientam.
Veja as medidas propostas pelos secretários:
-A proibição de eventos presenciais como shows, congressos,
atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional;
-A suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da
educação do país;
-O toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h e
durante os fins de semana;
-O fechamento das praias e bares;
-A adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no
setor público quanto no privado;
-A instituição de barreiras sanitárias nacionais e
internacionais, considerando o fechamento dos aeroportos e do transporte
interestadual;
-A adoção de medidas para redução da superlotação nos
transportes coletivos urbanos;
-A ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com
isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos;
-O reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a
viabilização de recursos extraordinários para o SUS, com aporte imediato aos
Fundos Estaduais e Municipais de Saúde para garantir a adoção de todas as
medidas assistenciais necessárias ao enfrentamento da crise;
-A implementação imediata de um Plano Nacional de
Comunicação, com o objetivo de reforçar a importância das medidas de prevenção
e esclarecer a população;
-A adequação legislativa das condições contratuais que
permitam a compra de todas as vacinas eficazes e seguras disponíveis no mercado
mundial;
-A aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica,
com retorno imediato do auxílio emergencial.
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