Secretários de Saúde pedem toque de recolher das 20h às 6h

01/03/2021 - 12h57

Secretários estaduais de Saúde enviaram uma carta crítica sobre a forma com que o governo federal está lidando com a segunda onda da pandemia da Covid-19.

No documento endereçado ao governo federal, eles defendem toque de recolher nacional das 20h às 6h, inclusive aos finais de semana e outras medidas mais duras para conter o avanço da doença.

“O Brasil vivencia, perplexo, o pior momento da crise sanitária provocada pela Covid-19. Os índices de novos casos da doença alcançam patamares muito elevados em todas as regiões, estados e municípios”, aponta o texto.

O documento ressalta os números de casos e mortes e atribuem ao Ministério da Saúde a “ausência de uma condução nacional unificada”. A falha teria puxado para cima os índices dramáticos da doença.

“O relaxamento das medidas de proteção e a circulação de novas cepas do vírus propiciaram o agravamento da crise sanitária e social, esta última intensificada pela suspensão do auxílio emergencial. O recrudescimento da epidemia em diversos Estados leva ao colapso de suas redes assistenciais públicas e privadas e ao risco iminente de se propagar a todas as regiões do Brasil”, frisa trecho do documento.

Outras medidas

Na carta, os secretários defendem um conjunto de medidas a serem executadas pelos governadores e prefeitos, chamado de “Pacto Nacional pela Vida”. As ações reúnem todos os poderes, a sociedade civil, representantes da indústria e do comércio, das grandes instituições religiosas e acadêmicas do país.

“[É preciso] maior rigor nas medidas de restrição das atividades não essenciais, de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, avaliadas semanalmente a partir de critérios técnicos, incluindo a restrição em nível máximo nas regiões com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação no número de casos e óbitos”, acrescentam.

Para os secretários de Saúde, as interações sociais que se intensificaram no período eleitoral, nos encontros e festividades de fim de ano, do veraneio e do Carnaval levaram o país ao estágio atual.

“Infelizmente, a baixa cobertura vacinal e a lentidão na oferta de vacinas ainda não permitem que esse quadro possa ser revertido em curto prazo”, salientam.

Veja as medidas propostas pelos secretários:

-A proibição de eventos presenciais como shows, congressos, atividades religiosas, esportivas e correlatas em todo território nacional;

-A suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país;

-O toque de recolher nacional a partir das 20h até as 6h e durante os fins de semana;

-O fechamento das praias e bares;

-A adoção de trabalho remoto sempre que possível, tanto no setor público quanto no privado;

-A instituição de barreiras sanitárias nacionais e internacionais, considerando o fechamento dos aeroportos e do transporte interestadual;

-A adoção de medidas para redução da superlotação nos transportes coletivos urbanos;

-A ampliação da testagem e acompanhamento dos testados, com isolamento dos casos suspeitos e monitoramento dos contatos;

-O reconhecimento legal do estado de emergência sanitária e a viabilização de recursos extraordinários para o SUS, com aporte imediato aos Fundos Estaduais e Municipais de Saúde para garantir a adoção de todas as medidas assistenciais necessárias ao enfrentamento da crise;

-A implementação imediata de um Plano Nacional de Comunicação, com o objetivo de reforçar a importância das medidas de prevenção e esclarecer a população;

-A adequação legislativa das condições contratuais que permitam a compra de todas as vacinas eficazes e seguras disponíveis no mercado mundial;

-A aprovação de um Plano Nacional de Recuperação Econômica, com retorno imediato do auxílio emergencial.

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