O senador Marcos do
Val (Podemos-ES) protocolou no Senado um projeto de lei (816/2021) para dar fim
a decisões monocráticas de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) que possam anular processos de grandes
operações, como os da Lava Jato.
O PL surge após a
decisão do ministro Edson Fachin, que cancelou todas as condenações do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato.
“A decisão [de
Fachin] foi tomada diversos anos após o início daquelas ações penais, após
intensos e desgastantes julgamentos tornados públicos pelo 4º Tribunal Regional
Federal a pelo próprio Supremo. A decisão tomou a comunidade jurídica de
assalto e trouxe ainda mais insegurança jurídica para nossos país”, diz Marcos do Val em trecho da sua
justificativa do PL.
“A extemporaneidade
da decisão monocrática do relator dos processos da Operação Lava-Jato
apenas demonstra algo que esse Parlamento há anos observa: o quão é
perigoso o poder de decisão monocrático de um ministro, máxime na seara
penal”, acrescenta.
Em entrevista ao
R7, o parlamentar afirmou que decisões individuais causam instabilidade
jurídica, geram consequências econômicas e afugentam investidores
internacionais. A intenção do parlamentar é que qualquer decisão proferida
monocraticamente por um ministro do STF ou do STJ, que anule ato praticado em
processo penal, somente tenha eficácia depois de confirmada pelo órgão
colegiado competente, ou seja, o plenário das cortes.
Para o senador, o
PL vai “organizar as regras do STF” e não há que se falar em interferência em
outro poder. “É óbvio que os ministros sabem que uma decisão importante
como essa [no caso de Lula] causará consequências, inclusive na bolsa de
valores e no câmbio. Uma ponta afeta a outra. Então, estou falando aqui de algo
que transcende a questão Lula”, afirmou.
“Como não se tem
decisões conscientes, vamos tentar organizar as regras do STF. Não se trata de
interferência entre poderes. O nosso papel é justamente criar e aperfeiçoar
leis”.
Marcos do Val
afirmou que o projeto foi apresentado nesta terça-feira e o líder do partido no
senado, Alvaro Dias (PR), “já encabeçou” a proposta.
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