Um soro para
tratamento da Covid-19 desenvolvido no Brasil pode estar disponível a
pacientes da doença antes do meio deste ano.
O medicamento
depende apenas da aprovação da Anvisa para começar os testes em
humanos. Desenvolvido a partir do plasma de cavalos, o soro apresenta
anticorpos neutralizantes contra o novo coronavírus até 150 vezes mais potentes
do que os presentes em pessoas que tiveram a covid-19.
O presidente da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio (Faperj) Jerson Lima Silva, que participou
do desenvolvimento do soro, no entanto, afirmou que “por melhor que seja, não é
milagre”.
“Sabemos que, mesmo
com todo o otimismo, só teremos de 60% a 70% da população imunizada no final do
ano. O ideal seria que já estivéssemos agora tratando as pessoas com o soro”,
continuou.
O princípio do soro
pesquisado se baseia no uso de anticorpos obtidos em cavalos infectados com a
covid-19 para oferecer mais mecanismos de defesa aos pacientes. Os anticorpos
obtidos dos animais são purificados antes de serem injetados em pacientes.
O trabalho começou
em maio de 2020, quando 5 cavalos do IVB (Instituto Vital Brazil), laboratório
do governo do Estado do Rio de Janeiro, foram inoculados com uma proteína S
(proteína spike) recombinante do coronavírus produzida na UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro).
Após 70 dias, os plasmas
dos cavalos apresentaram os anticorpos muito mais potentes do que os produzidos
naturalmente. O soro brasileiro será testado, inicialmente, em 41 pessoas
em estudo que tem previsão de durar 3 meses.
Serão avaliadas
reações adversas, tempo de internação, curva de redução da infecção pelo
Sars-CoV-2, número de pacientes que necessitarão de intubação e mortalidade,
entre outros aspectos. A realização da pesquisa clínica foi aprovada pelo Conep
(Conselho Nacional de Ética em Pesquisas).
Integrante do grupo
que estuda o soro, a pesquisadora Leda Castilho afirmou que é possível produzir
uma grande quantidade do medicamento em pouco tempo.
“Diante da
inexistência de terapias específicas para a doença, os anticorpos de cavalos
produzidos pelo IVB são uma grande esperança de tratamento possível e
específico para a covid-19”, disse Castilho.
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