A última fase de
testes em humanos de uma vacina contra o coronavírus do
laboratório chinês Sinovac Biotech deve começar ainda em julho, em São Paulo,
após uma parceria com o Instituto Butantan.
Nove mil
voluntários passarão pela etapa final de testes da vacina, para comprovação de
eficácia e segurança.
Em entrevista nesta
quinta-feira (11), o governador de São Paulo, João Doria, afirmou que, se estes
testes forem bem-sucedidos, a produção poderá ser feita em larga escala ainda
no primeiro semestre do ano que vem.
"Comprovada a
eficácia e a segurança da vacina, o Instituto Butantan terá o domínio da
tecnologia, que poderá produzir em larga escala até junho de 2021 para
fornecimento gratuito ao SUS."
A Sinovac Biotech é
uma empresa privada chinesa, com sede em Pequim, especializada na produção de
vacinas.
Chamada de
CoronaVac, esta é uma das dez vacinas em estágio mais avançado no mundo e que
foram aprovadas para testes finais em humanos, segundo a OMS (Organização
Mundial da Saúde).
Diversos
laboratórios chineses já tinham conhecimento de outro tipo de coronavírus
parecido, o que provocou a SARS, em 2002.
Por isso, foi mais
rápido adaptar as linhas de pesquisa para o SARS-CoV-2, que causa a covid-19, e
tem semelhança genética com o primeiro.
A CoronaVac utiliza
pedaços genéticos do SARS-CoV-2 inativado para acionar o sistema imunológico e
criar anticorpos antes que haja o contato com o próprio vírus.
Um estudo publicado
na revista científica Science mostrou
resultados promissores da vacina em macacos rhesus. Posteriormente, 744 voluntários
humanos foram submetidos a testes na China, nas fases 1 e 2.
A terceira fase
ocorrerá no Brasil e será patrocinada pelo Instituto Butantan, que já tem
experiência na tecnologia usada pelo laboratório chinês. O custo inicial é de
R$ 85 milhões, investimento que será feito pelo governo de São Paulo.
"A China já
está produzindo essa vacina. Enquanto nós não tivermos essa capacidade de
produção, a vacina virá da China. Se os estudos clínicos forem concluídos antes
de a nossa produção estar andando, nós podemos trazer essa vacina de lá",
acrescentou o presidente do instituto, Dimas Covas.
Os voluntários
serão escolhidos por centros especializados em todo o Brasil, de acordo com os
critérios definidos no estudo.
"Nós vamos
iniciar pelo estado de São Paulo pelas próprias facilidades que já existem
aqui, as universidades, os centros de pesquisas clínicas que já estão em
funcionamento. Mas isso deve ser estendido a todo o Brasil", explicou
Covas.
O
coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo,
João Gabbardo, comemorou o fato de uma vacina contra o coronavírus estar
disponível em tempo recorde.
"O
desenvolvimento de uma vacina era uma coisa muito distante, não éramos capazes
de dar prazo ou tempo. Isso nos deixa com prazo: no primeiro semestre do
próximo ano teremos a vacina. O Instituto com essa parceria coloca o estado e o
país na vanguarda. Só espero que não se crie um movimento contra a vacina nesse
momento de polarização política em que vivemos."
A vacina é
fundamental porque mais de 80% da população brasileira, em média, ainda está
suscetível a contrair o vírus. Em algumas localidades, apenas 5% tiveram
contato com o coronavírus, observou Gabbardo.
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