O ministro Celso de
Mello, do Supremo Tribunal Federal, mandou na terça-feira (5), o Planalto
apresentar, em 72 horas, as cópias das reuniões entre o presidente da
República, Jair Bolsonaro, e o primeiro escalão do governo então citadas pelo
ex-ministro Sérgio Moro em depoimento à Polícia Federal.
A ordem do decano
também obriga o governo a preservar a integridade do conteúdo da gravação e
impedir que ele seja modificado.
O despacho foi
deferido no inquérito que apura as acusações do ex-ministro Sérgio Moro de
tentativa de “interferência política” de Bolsonaro no comando da Polícia
Federal.
Mais cedo, na
terça, o decano autorizou então a realização de oitivas com três ministros palacianos
próximos do presidente: Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e
Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).
“Oficie-se, com
urgência, em complementação à decisão por mim hoje proferida, ao Excelentíssimo
Senhor Ministro de Estado Chefe da Secretaria-Geral e ao Senhor Secretário da
Secretaria Especial de Comunicação Social, órgãos da Presidência da República,
e, também, ao Senhor Célio Faria Júnior, Assessor-Chefe da Assessoria Especial
do Presidente da República, para que encaminhem, no prazo de 72 (setenta e
duas) horas, cópia dos registros audiovisuais da reunião realizada entre o
Presidente da República, o Vice-Presidente da República, Ministros de Estado e
Presidentes de bancos públicos, ocorrida no dia 22/04/2020, no Palácio do Planalto”,
determinou Celso de Mello.
Preservação do conteúdo
O decano mandou as
autoridades citadas a “preservar a integridade do conteúdo” da gravação e
impedir “que os elementos nela contidos possam ser alterados, modificados ou,
até mesmo, suprimidos”.
“Eis que a
mencionada gravação constitui material probatório destinado a instruir, a
pedido do Senhor Procurador-geral da República, procedimento de natureza
criminal”, afirmou o ministro.
Assim, Moro relatou
à PF que o presidente da República retomou a cobrança pela troca de comando da
PF, algo que vinha fazendo desde janeiro deste ano, em reunião ministerial no
dia 22 de abril – dois dias antes do ex-juiz anunciar sua demissão.
“O presidente
afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao Ministério da
Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia
Federal do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da
Justiça”, relatou Moro.
As reuniões foram
gravadas e o próprio Bolsonaro ameaçou divulgar as gravações, mas recuou.
O encontro contou
com a presença de todo o primeiro escalão do governo e servidores da assessoria
do Planalto.
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