O STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria, com 6 dos
11 ministros, endossando a validade jurídica e continuidade do inquérito das
fake news que investiga a produção e divulgação de
notícias falsas e difamação contra membros da corte.
O julgamento foi interrompido
às 16h30 desta quarta-feira (17), com votos dos ministros Edson Fachin,
Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia.
O relator da ação, Edson Fachin, fez seu voto na sessão de quarta-feira da
semana passada, quando foi iniciado o julgamento deste processo movido pela
Rede Sustentabilidade. O partido questiona a validade jurídica do inquérito das
fake news, que tem relatoria do ministro Alexandre de Moraes, alegando que ele
desrespeita a Constituição, extrapola o poder de polícia do STF e até mesmo a
falta de justa causa para a investigação.
Os ministros que votaram até
agora concordaram com o voto de Fachin, que considerou o inquérito válido, mas
afirmou que devem haver ponderações nas investigações, com o envolvimento do
Ministério Público e respeito à liberdade de expressão e de imprensa, em
sintonia com os pareceres da PGR
(Procuradoria Geral da República) e da AGU (Advocacia-Geral da União).
"São atos inadmissíveis
no estado de direito democrático, a defesa da ditadura, a defesa do fechamento
do Congresso Nacional ou a defesa do fechamento do STF. Não há liberdade de
expressão que ampare a defesa destes atos, quem quer que os pratique precisa
saber que enfrentará a Justiça constitucional de seu país", criticou
Fachin sobre ataques feito à Corte e a outras instituições em seu voto.
O ministro ainda defendeu a
condução da ação pelo STF, pois "se justifica pela etapa da coleta de
provas, que são competências do Tribunal [mesmo que atípicas], evitando o envio
dessas para jurisdições sem competências", citando ainda que a PGR já
havia reconhecido que 90% do teor do inquérito é de jurispudência do STF e que
o processo só foi aberto pela corte, pois outros órgãos não abriram
investigação sobre o tema.
Como votaram os ministros
Todos os ministros que votaram
até o momento concordaram com o voto do relator do processo na corte, o
ministro Edson Fachin, mas fizeram interpretações e aproveitaram o Julgamento
para manifestar sua opinião sobre as circunstâncias investigadas no inquérito.
O relator do inquérito
das fake news, o ministro Alexandre de Moraes, destacou
que "liberdade de expressão não se confunde com ameaça, com coação, com
atentado" e destacou que o inquérito chegou a identificar até mesmo
ameaças de morte e estupro das filhas de ministros da Corte, feitas por uma
advogada do Rio Grande do Sul.
Já o ministro Luís Roberto
Barroso, aproveitou o voto em que também acordou com o relator, para criticar
pessoas que aceitam dinheiro para propagar discursos de ódio.
"Quem recebe dinheiro
para fazer campanhas de ódio não é militante. Primeiro, é mercenário que recebe
dinheiro para a causa. E segundo é criminoso", afirmou Barroso.
A ministra Rosa Weber defendeu
o papel do STF na condução do inquérito e criticou quaisquer ataques ao poder
Judiciário, destacando que pedir o fechamento da Corte, é considerado um
desapreço pela Democracia, mas também pode configurar uma série de crimes.
"A resposta institucional
dessa Suprema Corte foi instrumentalizada pela portaria, que instaurou
investigação para identificar responsáveis”, disse Weber.
Luiz Fux, por sua vez,
enalteceu a investigação, compartilhando do voto do ministro Edson Fachim e
destacando que o inquérito das fake news combate atitudes que podem ser
embriões de ações terroristas contra o STF.
"Estamos aferindo fatos
gravíssimos que se enquadram no código penal, na lei de segurança nacional, de
organização criminosa e até nos crimes equiparados ao terrorismo", afirmou
Fux.
A ministra Cármen Lúcia também
considerou o inquérito válido, destacou em seu voto a importância da liberdade
de expressão, mas criticou excessos. "Liberdade de expressão não pode ser
biombo para criminalidade", disse a ministra.
Entenda o julgamento
O partido Rede
Sustentabilidade moveu uma ação em que questiona a validade jurídica do
inquérito das fake news, que tem relatoria do ministro Alexandre de Moraes,
alegando que ele desrespeita a Constituição, extrapola o poder de polícia do
STF e até mesmo a falta de justa causa para a investigação.
"Nenhum dos requisitos
para a atuação do poder de polícia do STF estão presentes. Não há indicação de
ato praticado na sede ou dependência do STF, muito menos quem serão os
investigados e se estão sujeitos à jurisdição do STF", alegou o partido no
processo, em que classifica ainda o inquérito como um ato de "um tribunal
de exceção".
A AGU (Advocacia-Geral da
União) chegou a emitir um parecer que considera válida a investigação,
entretanto a PGR (Procuradoria Geral da República), questionou em partes o
inquérito.
O processo ganhou força e
destaque, principalmente depois que o ministro Moraes autorizou uma operação da
Polícia Federal deflagrada contra apoiadores do presidente Jair Bolsonaro na
internet, acusando esses alvos de produzirem e promoverem notícias falsas e
ofensas contra a Corte e seus ministros.
"Os atos investigados são
as práticas de condutas criminosas, que desvirtuando ilicitamente a liberdade
de expressão, pretendem utilizá-la como verdadeiro escudo protetivo para a
consumação de atividades ilícitas contra os membros da corte e a própria
estabilidade institucional do Supremo Tribunal Federal", justificou o
ministro Alexandre de Moraes na época de deflagração da operação, defendendo a
investigação.
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