Considerado
segmento essencial à economia, e que por isso continua em funcionamento em meio
à quarentena, os supermercados de SC viveram períodos distintos neste mês de
março. Uma pesquisa da Associação Catarinense de Supermercados (Acats)
indica que o momento atual é de retração do consumo, mais concentrado em itens
básicos e essenciais. O fechamento do mês está indicando uma queda média de 10%
a até 30% nas vendas, dependendo do porte e da localização dos varejos.
A primeira
movimentação atípica do mês ficou no entorno do anúncio do isolamento, o
período de 16/03/2020 a 22/03/2020, quando foi registrada na média um acréscimo
de 50% nas vendas. Na semana seguinte a situação voltou ao
normal, com as vendas reduzidas também 50%, na média. Na abertura
dessa semana atual, o segmento registra nova queda, agora entre 10% e 30%,
com alguns casos isolados de até 70%, casos de lojas de praias afetadas pela
interdição total dos espaços públicos.
SEGMENTO VINHA
NUM BOM MOMENTO
O Presidente da
Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Paulo Cesar Lopes, registra
que o setor vinha num momento de recuperação em 2020. Fevereiro
registrou um desempenho 7,81% superior em relação ao 2019, e na comparação de
fevereiro com janeiro de 2020, o resultado também foi positivo, de 1,80%. No
acumulado o primeiro bimestre fechou com + 4,29% superior a idêntico
período de 2019.
PÁSCOA TEM
MUDANÇA ACENTUADA DE EXPECTATIVA
Na sondagem do
termômetro de vendas relativo a fevereiro, ainda sem a ocorrência dos
efeitos do coronavirus, realizada na primeira quinzena de março, a
expectativa do setor era de otimismo em relação à Páscoa deste ano. Dos
pesquisados, 37% indicaram que compraram mais produtos para a Páscoa de 2020,
8% na média, enquanto outros 37% responderam que ficaram no mesmo patamar de
encomendas de 2019. Um contingente de 26% afirmou que aguardava vendas mais
fracas e que diminuiu a quantidade de produtos.
A mesma sondagem
feita com os empresários após a pandemia do coronavinus indica uma mudança
radical de expectativas: 80% dos empresários indica a possibilidade de queda de
vendas, com a preferência por itens de baixo valor e somente 20% acredita que a
Páscoa terá o mesmo desempenho de 2019. Ninguém indicou crescimento.
Na pesquisa com
mais de 30 empresas que a ACATS fez neste início de semana, o que mais se
destacou nas manifestações dos empresários do setor:
COMPORTAMENTO DAS EMPRESAS
- Adesão
total a todas as normas de segurança dos funcionários indicadas pelas
autoridades sanitárias, reforçada em todos os ambientes de trabalho, mesmo
aqueles sem contato direto com o público consumidor.
- Adoção de
horários especiais de funcionamento e de controle de número de consumidores nas
áreas de vendas e higienização ostensiva dos pontos de contato manuais (cestas,
carrinhos, caixas, corrimões, banheiros, etc..).
- Garantia de
abastecimento normal de praticamente todas as categorias, muito pontualmente
alguma marca em curto atraso de entrega.
- Crescimento
exponencial de vendas pelos canais on line, tanto com entrega como retirada
programada, isso valendo para lojas e redes de todos os portes.
- No processo de
televendas as lojas de pequeno porte localizadas em áreas mais densamente
habitadas tem optado pelo processo simplificado e no contato direto com o
cliente, recebendo as encomendas via whatsapp e agilizando as entregas
diretamente na casa do cliente ou programando a retirada na própria
loja.
- Como o elo da
cadeia de consumo entre os produtores e os consumidores finais, os
supermercados estão empenhados em negociar custos com seus fornecedores,
evitando ajustes que impactam no consumidor
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
- Passado o período
em que muitas famílias buscaram se estocar ao máximo, a ida às lojas diminuiu a
frequência, com registro de ocorrência de filas apenas em alguns casos em
horário de abertura.
- As cestas de
compras deixaram de incluir as vendas por impulso e com isso várias categorias
mais supérfluas perderam a preferência.
- Redução
do consumo de folhosos e vegetais com ciclo muito rápido, por frutas,
legumes e verduras com mais tempo de duração na guarda em casa, reflexo direto
do número menor de deslocamentos para compras.
- Itens com maior
durabilidade na despensa e refrigeração tem maior procura, em detrimento de
produtos perecíveis de ciclo rápido de consumo.
- O consumo do
setor de padaria mudou acentuadamente: tortas, pães, doces e salgados de
consumo no dia-a-dia normal das pessoas deixaram de ser os mais adquiridos,
mudando a preferência por itens estilo longa vida.
- A frequência de
consumidores (idas por semana nas lojas) diminuiu, com isso caiu o fluxo, mas o
tíquete de compras a cada ida em muitos casos tem aumentado.
- Nota-se uma
grande preocupação por parte dos consumidores com os protocolos de segurança na
circulação dentro das lojas, todas bem afastadas e cumprindo as instruções de
espaçamento e higienização nas entradas e saídas.
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