O mundo do presente já é, e o do futuro, será
ainda mais digital. Não há como escapar a isso e nem é preciso ser especialista
para perceber que tudo vem se transformando rapidamente e que a pandemia
acelerou ainda mais esse processo. Compras pela internet, movimentações
financeiras pelo celular ou computador, trabalho a distância – a humanidade vai
incorporando novos hábitos ao alcance dos dedos.
Essas novas tecnologias, que facilitam muito a
vida das pessoas e são, de um modo geral, muito seguras, também podem ser
usadas, no entanto, para o crime. Principalmente, por um detalhe: a parte mais
vulnerável, na imensa maioria dos golpes, é a pessoa que não foi capaz de
identificar que estava sendo manipulada por um golpista ou organizações
criminosas que também estão presentes no dia a dia das redes sociais.
“A melhor solução, sempre que alguém, alguma
empresa ou instituição solicitar, por telefone ou internet, informações ao
usuário, é desconfiar. Sobretudo quando são dados pessoais ou senhas. O ideal é
inverter o processo: não responda imediatamente. Seja você a pessoa que entrará
em contato com a empresa ou instituição para conferir se é, de fato, algo
verdadeiro. Há muitos criminosos que se fazem passar por uma empresa, copiando
inclusive sites e o design da marca, que parecem iguais, mas não são”, informa
Paulo Silva, sócio da Tracker Segurança da Informação e especialista em
tecnologia da informação.
Segundo a Serasa Experian, somente no Brasil,
ocorrem em média 17 tentativas de fraudes por segundo contra o consumidor. A
empresa especializada em segurança digital Apura Cybersecurity Intelligence,
realizou um estudo e detectou um aumento de 394% nas ameaças eletrônicas em
2020 na comparação com 2019. Segundo um levantamento da Kaspersky (empresa de
produtos de segurança virtual), cerca de 360 mil novos arquivos maliciosos
foram lançados por hackers todos os dias ao longo do ano de 2020, somente no
Brasil. O Whatsapp foi um dos principais alvos. Portanto, é preciso tomar muito
cuidado, sempre. E procurar se informar, na internet, sobre quais são os
principais golpes e como evitá-los.
A maioria dos golpes virtuais pode ser evitada
se o usuário desconfiar, por exemplo, de promoções muito tentadoras e
vantajosas. Produtos oferecidos a preços muito abaixo do valor de mercado, é
sinal de alerta máximo.
No Whatsapp, uma das formas de capturar dados
é clicar em correntes de mensagem. Ou seja, curiosidade em excesso, clicar em
tudo que aparece, sem as devidas precauções, pode ser uma porta de entrada para
muitas fraudes. Outro golpe comum é alguém clonar o telefone/whatsapp um amigo
ou parente, enviar uma mensagem alegando dificuldades e solicitar um depósito
em dinheiro. Quando receber uma mensagem assim, tome a iniciativa de entrar em
contato com a pessoa para confirmar se o pedido partiu dela mesmo.
De um modo geral, deve-se evitar clicar em
endereços desconhecidos, sobretudo quando pedem informações ou fazem alertas
sobre situações que exijam o cadastramento de informações.
“A melhor solução é, ao identificar algo em
que tenha interesse, inverter o processo, ou seja, o usuário acessar o site
original, endereço eletrônico ou até mesmo telefonar para a empresa ou
instituição para conferir se ela está, de fato, solicitando ou promovendo
aquilo na internet”, sugere Paulo Silva.
Mas nem sempre o golpe é virtual. Há casos em
que os golpistas, de posse de dados da pessoa (como data de nascimento, CPF e
outros – lembre-se que houve um vazamento dessas informações no Brasil), faz
uma ligação e pede outros dados a pretexto de resolver um problema com uma
instituição financeira, aposentadoria ou outras informações que o criminoso
conhece sobre a situação da pessoa que está prestes a se tornar mais uma
vítima.
Confira, a seguir, alguns dos principais
golpes que estão sendo aplicados, no Brasil:
Motoboy
Uma pessoa que se faz passar por funcionário
de uma instituição financeira liga para a pessoa e informa que o seu cartão de
crédito foi clonado. Para fazer um novo, pedem dados pessoais e a senha do
cliente. Depois, solicitam que o cartão seja cortado em duas partes e entregue
a um motoboy que irá a casa da vítima para buscar o cartão supostamente
fraudado. No entanto, mesmo com o cartão destruído, os golpistas recuperam o
chip e produzem um novo cartão que está habilitado para ser usado em compras
pelos criminosos.
Sites falsos
Você acha que está entrando no site de uma
empresa ou instituição, mas é uma cópia parecida do site original. E pronta
para solicitar suas informações pessoais.
Mensagens
O “phishing” ou “pescaria” utiliza alguns
elementos da identidade de canais oficiais de uma organização, para obter
credibilidade, e envia uma mensagem fraudulenta, que incentiva o usuário a
clicar em um link ou baixar um arquivo. Há mensagens fraudulentas, por exemplo,
sobre o auxílio emergencial do governo federal, em que são solicitados dados
pessoais para aprovar o benefício. E isso vale para centenas de outras
situações.
Promoções
Cuidado com as promoções que oferecem
assinaturas grátis de canais e serviços por um determinado período. Muitas
delas direcionam para uma página falsa que pede informações pessoais aos
usuários. Ou produtos com vantagens e preços muito abaixo do que o mercado
costuma praticar.
Taxas falsas em tele-entregas
Confira sempre o visor da máquina de cartão de
crédito e confira o valor do que está pagando. Muitas vezes o usuário põe a sua
senha sem conferir se o valor digitado é aquele que pensa estar realmente
pagando.
É muito importante, também, manter sempre
atualizado o sistema de antivírus e fazer back-up (cópia de segurança) de seus
dados nos aparelhos eletrônicos.
“É preciso ter em mente que o universo virtual é um território em que convivem empresas e pessoas idôneas, mas que também é frequentado por criminosos e quadrilhas especializadas em fraudes. Por isso, antes de clicar em qualquer endereço, é preciso o máximo de atenção. E na dúvida, nunca responda, entre você em contato com a empresa ou instituição para confirmar se a informação que está na internet é verdadeira”, concluiu Paulo Silva, da Tracker Segurança da Informação.
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