Uma alternativa
para exames de sangue, que atualmente são usados para ajudar a detectar ataques
cardíacos, está sendo testada em estudo realizado na Soroka
University Medical Center, em Beersheba, Israel, conforme informou o The Times
of Israel.
Comandada pelo
médico Roi Westreich, a pesquisa utiliza a saliva, em vez do sangue, mostrando
potencial para diminuir o diagnóstico do infarto para 10 minutos, o que
salvaria muitas vidas.
O tempo que
atualmente demora para tal diagnóstico pode levar cerca de uma hora. Da mesma
maneira que nos exames de sangue, os de saliva também procuram a presença de
troponina cardíaca. As amostras de saliva de 32 pacientes com lesão confirmada
de seu músculo cardíaco foram processadas e testadas, constatando-se que em 84%
delas havia a presença de troponina.
O cardiologista
Marcelo Katz, formado pela Universidade de São Paulo e do Hospital Albert
Einstein, explica que a troponina é uma proteína que faz parte da estrutura dos
miócitos, células do coração. Em condições em que há lesão do miocárdio
(músculo do coração), a troponina pode ser liberada na corrente sanguínea, e,
dessa maneira, pode ser detectada em testes laboratoriais que medem o nível
desta proteína no sangue.
Ele ressalta que,
nos últimos anos, também testes laboratoriais no sangue já foram aprimorados,
garantindo maior sensibilidade de detecção.
"Hoje,
pequenas elevações no nível sérico (do sangue) de troponina podem ser
identificados, e portanto, os testes de troponina são fundamentais para o
diagnóstico de infarto. São considerados os principais biomarcadores para o
infarto, mas para o correto diagnóstico devem ser considerados em conjunto com
o quadro clínico e as alterações no eletrocardiograma do paciente",
observa.
Segundo Katz, a
pesquisa da Soroka Medical Center, a mensuração de troponina na saliva pode
abrir a possibilidade de um novo tipo de diagnóstico de infarto.
"Mas é
importante ressaltar que se trata de um estudo preliminar, o método ainda
passará por aprimoramentos necessários. O que se pretende com a troponina
salivar é a detecção mais precoce do infarto", diz.
Complicações e
avanços
O médico destaca
que um diagnóstico mais precoce permite a instituição de medidas de tratamento
mais precoces, podendo também evitar as complicações decorrentes do infarto.
"Então é algo
importante. A troponina salivar, quando estiver funcionando plenamente, não
permitirá a prevenção do infarto, mas possivelmente contribuirá para prevenção
das complicações do infarto", destaca.
Katz ressalta que
ainda há longo caminho até que a troponina avaliada a partir da saliva tenha um
papel de acelerar o diagnóstico. Se isso ocorrer, haverá grande possibiidade de
redução do número de mortes.
"Um dos
grandes problemas no fluxo de atendimento do infarto hoje em dia é que muitos
pacientes atrasam a ida ao hospital imaginando que a dor no peito não seja
importante. Isso explica, em parte, o fato de muitos pacientes com infarto
falecerem antes mesmo da chegada ao hospital. Portanto, um diagnóstico mais
preciso pré-hospitalar ou também um diagnóstico mais rápido hospitalar,
poderiam melhorar esse cenário", analisa.
Para ele, um método
de diagnóstico mais acessível e rápido reduziria também as complicações do
infarto.
"Uma delas é a
ocorrência de arritmias fatais. Quanto mais tempo decorre até o diagnóstico, e
a instituição do tratamento, maior esse risco. A troponina salivar permitiria,
hipoteticamente, que um paciente com dor torácica (dor no peito), fora do hospital,
tivesse um rápido diagnóstico, por exemplo através de um teste rápido,
acelerando a procura ao hospital, onde receberia tratamento adequado".
Mas, apesar de os
passos iniciais já terem sido dados, ele diz que ainda há um caminho a ser
percorrido até que, no futuro, este método seja acessível aos pacientes.
"Todo teste
após validação inicial passa por longo caminho até se tornar confiável e poder
ser utilizado na prática clínica", pondera Katz.
Uma coisa é certa.
Tal pesquisa evidencia o incessante avanço da Medicina nos últimos anos, também
na prevenção e controle dos ataques cardíacos.
"Houve
diversos avanços: diagnóstico mais rápido e acurado, desenvolvimento de
técnicas de desobstrução das coronárias através de procedimentos de
angioplastias, desenvolvimento do stent (pequenas armação de metal) que é
implantada no momento da angioplastia e garante que a coronária tratada
permaneça desobstruída, surgimento de fármacos (medicações) mais modernas, nos
hospitais fluxos específicos de atendimento desse tipo de paciente, que
permitiram maior agilidade no tratamento", completa.
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