Tiago Nunes em treino do Grêmio — Foto: Lucas Uebel/Grêmio
No Brasil, uma das
profissões mais necessárias — e na mesma medida menos valorizadas — é a de
professor. Uma das funções é estimular o senso crítico dos alunos e dar
liberdade de pensamento a cada indivíduo.
Em uma realidade muito diferente, mas que trabalha com jovens e também pode ajudar a formar cidadãos, o técnico Tiago Nunes carrega em seu trabalho no Grêmio essas premissas. Quer potencializar as decisões dos atletas em campo e se preocupa com o caminho que o futebol pode tomar a partir de uma "roteirização".
O ge ouviu o técnico do Grêmio antes de sua confirmação da infecção com a Covid-19. Tiago Nunes está afastado das atividades desde a última sexta-feira após apresentar sintomas da doença e ficou fora da derrota para o Ceará, na estreia do Brasileirão.
"Sou professor, educador físico. Então, o que eu tenho muito claro é criar exercícios e atividades que vão ao encontro do que o atleta faz no jogo. Sempre do simples ao complexo, criando meios que a gente possa desafiar os atletas a se desenvolver. Desafiar o atleta a tomar decisões dentro do campo", explica Tiago Nunes.
"O jogo pertence aos jogadores"
A frase acima foi
dita por Tiago Nunes logo após a conquista do título gaúcho em cima do maior
rival. Cenário que poderia ser perfeito para autopromoção ou, que seja, uma
simples valorização da estratégia montada para o Gre-Nal.
O técnico, tão chamado de professor no Brasil, optou por destacar a necessidade de, cada vez mais, os jogadores desenharem os rumos no campo. Evitar roteiros pré-programados e sim dar aos atletas subsídios para tomar decisões. Como o próprio detalha em entrevista exclusiva ao ge.
"Uma das preocupações que eu tenho em relação à formação é o fato de que o treinador virou o eixo central do jogo. Os atletas, por culpa dos treinadores, começaram a se tornar dependentes do roteiro a se dirigir. O atleta, quando precisa de roteiro, valoriza o trabalho do treinador, mas começamos a criar problemas em relação à tomada de decisão. Porque os principais momentos do jogo não se definem por combinação geométrica dentro do campo. Eles se definem por relações instintivas, de sensibilidade. No final das contas, a decisão tem que ser dos atletas. A sensibilidade do cara dentro do campo é única", diz o técnico.
O treinador tem que ter a cultura de não polir isso. Empoderar o atleta para que possa fazer isso e tentar ajudar para que ele possa enxergar novas possibilidades. Por isso que eu continuo acreditando que o jogo é dos jogadores.
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