Trabalhadores são resgatados em SC em situação análoga à escravidão

02/08/2020 - 11h07

Dezoito trabalhadores foram encontrados em situação análoga à de escravidão na área rural de Ituporanga, no Vale do Itajaí.

As vítimas são do Ceará e estavam em um barraco sujo, sem colchões nem água potável e com banheiro precário.

Os trabalhadores não receberam as roupas de inverno que foram prometidas na oferta de emprego e passaram muito frio durante a semana.

O caso foi descoberto depois que um deles passou mal e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi socorrer.

Uma das vítimas disse em boletim de ocorrência que recebeu mensagem de um agenciador que precisava de mão de obra para o plantio de cebola.

Por mensagens no celular mesmo, recebeu a oferta de um salário de R$ 5 mil para cada trabalhador, além de moradia, agasalho, comida e passagens de ida e volta. O trabalhador, então, convidou mais 17 jovens para ir com ele a Ituporanga.

A viagem durou três dias em um ônibus clandestino, porque o transporte interestadual está proibido por causa da pandemia. Eles chegaram em Ituporanga na segunda (27) e encontraram uma realidade diferente da proposta que receberam.

Ainda conforme o boletim de ocorrência, eles ouviam o tempo todo que se eles não trabalhassem, não poderiam voltar ao Ceará. E só ganhariam o jantar se fossem para a lavoura e pagassem pela refeição.

Resgate

As vítimas foram resgatadas depois que uma delas passou mal na quarta (29) e os colegas chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

A equipe de socorristas percebeu a situação e na manhã seguinte (30) foi ao alojamento com a Vigilância Sanitária e a Polícia Militar.

Os trabalhadores estão agora em um abrigo improvisado no Centro Multiuso de Ituporanga. A prefeitura da cidade cearense da qual eles vieram se comprometeu a pagar as passagens de avião de volta e eles devem embarcar na segunda (3) em Florianópolis.

O homem que passou mal estava com suspeita de Covid-19, mas passa bem e está sendo monitorado. Para a PM, o empregador negou ter contratado essas pessoas.

O caso vai ser encaminhado para a Polícia Federal, órgão responsável pela investigação de trabalho análogo à escravidão.

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