Franciele Rasch / Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
Todo dia, é dia de falar sobre doação de órgãos, no entanto,
a Comissão Hospitalar de Transplantes (CHT) vem neste mês de setembro com um
propósito maior, o de trazer à comunidade local e a população em geral,
informações relevantes a respeito da doação de órgãos. Visto que, comemora-se
nesse mês o Setembro Verde, uma campanha alusiva ao Dia Nacional da Doação de
Órgãos, celebrado no dia 27.
Ser um doador de órgãos é pensar na continuidade da vida ao proporcionar uma nova chance à outra pessoa. Diante disso, queremos instigar o poder que temos de permitir que isso aconteça e o quanto impacta na vida dos que se encontram em delongada lista de espera. Nem todo fim é um ponto final, devemos sobre isso refletir! Pois mesmo diante da dor da perda, a família pode dizer ‘sim’, com a oportunidade de tirar pessoas da fila de transplantes e devolvendo a estes que tanto esperam, qualidade de vida através da doação de órgãos.
Como faço para ser um doador de órgãos?
Mediante o avanço no conhecimento populacional acerca da
doação de órgãos, aproveita-se o espaço para deixar claro à todos que, para ser
um doador de órgãos, pela legislação vigente, nenhuma declaração em vida é
válida ou necessária, não há possibilidade de deixar em testamento, não existe
um cadastro de doadores de órgãos e nem são mais válidas as declarações nos
documentos de identidade/carteiras de habilitação e nem mesmo as carteirinhas
de doador.
Assim sendo, quem deve e pode autorizar a doação em caso de morte encefálica é a sua família que, para tomar essa decisão, precisa estar ciente de que você quer doar seus órgãos e/ou tecidos. Por essa razão, a única forma de ser um doador pós-morte é discutir o assunto, em vida, com os seus familiares, o que permitirá também a todos que participarem dessa conversa, revelarem-se doadores ou não de órgãos. Essa simples conversa, permitirá aos familiares, tomar uma decisão rápida e consciente, caso a situação se apresente.
Neste ano, até o presente momento, o HRTGB notificou 8 protocolos de morte encefálica, com 4 doações de órgãos efetivas. Os outros 4 protocolos notificados e que não resultaram em doação de órgãos, foram caracterizados por 2 contraindicações, 1 PCR e 1 recusa familiar. As principais causas que levaram à morte encefálica foram o AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico e hemorrágico, encefalopatia hipóxico-isquêmica e traumatismos cranioencefálicos. A principal faixa etária acometida este ano na nossa região foram pacientes entre 30 a 60 anos.
Sob olhar retrospecto, em 2022 o HRTGB obteve 15 notificações de morte encefálica, foram realizadas 8 entrevistas e não teve nenhuma recusa familiar. Somatizaram um total de 22 órgãos captados no ano passado. Um índice melhor em comparação dos anos anteriores, em que reflete a conscientização da população melhorando ano após ano, através desse conhecimento compartilhado sobre o assunto.
Temos o objetivo de reunir esforços para impactar nas listas de espera por um órgão. Ajudar de alguma forma a reduzir estes números tão expressivos. A nível estadual temos atualmente, 1,403 pessoas aguardando por órgãos, em primeiro lugar temos os doentes renais que esperam por rim (755 pessoas). À nível nacional, isto é, o Brasil conta com 66.250 pessoas na fila de espera para transplante de órgãos, segundo dados do SNT (Sistema Nacional de Transplantes) do Ministério da Saúde. Quanto ao tipo de órgão, a maior busca é por rim, igualmente ao perfil estadual.
É importante enaltecer aos leitores, a transparência entre o processo de transplantes de órgãos e o sistema de lista única. Descomplicando o assunto, para quem vãos os órgãos e quais são os critérios avaliados para o receptor dos órgãos?
Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que a tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados. Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. A lista para transplantes é única e vale tanto para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), quanto para os da rede privada.
O número de doadores ainda é pequeno, se comparado ao de pacientes à espera por um órgão. Vários fatores incidem sobre esse problema e a falta de informações talvez seja o maior deles. Diga-se de passagem, sua escolha pode salvar 8 vidas.
Da vida, nada levamos, exceto o que somos. Por tanto, sua decisão muda destinos! Não deixe cair por terra o que pode alçar novos voos. DOE ÓRGÃOS, DOE VIDA, uma campanha que transforma o futuro.
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- FONTE
- HRTGB-SMO | Franciele Rasch, Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Membra da Comissão Hospitalar de Transplantes - Coren 586.996 | Diretor Técnico - Vinicius Negri Dall’Inha - Cirurgião Oncológico – CRM 15904 / RQE 13771
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