O presidente americano, Donald Trump, disse nesta
quinta-feira (6) ter sofrido uma "terrível provação" durante o
processo de impeachment.
Em sua primeira reação pública após ser absolvido pelo
Senado, afirmou que foi posto sob "uma terrível provação por algumas
pessoas muito corruptas e desonestas".
"Eles fizeram tudo que foi
possível para nos destruir e, fazendo isso, machucaram muito nossa nação",
declarou Trump em um café da manhã de oração transmitido pela televisão.
O presidente acrescentou que tratará de sua determinação de
impedir que o que aconteceu durante seu impeachment se repita.
"Não gosto de pessoas que usam sua fé como
justificativa para fazer o que eles sabem que é errado", alfinetou, em uma
aparente referência ao senador Mitt Romney, único republicano a votar contra o
presidente.
Ao explicar seu voto em plenária no Senado na
quarta-feira, Romney mencionou sua fé.
"Também não gosto de pessoas que dizem 'Eu rezo
por você', quando elas sabem que não é assim", insistiu Trump, desta vez
em alusão à presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi.
Em inúmeras ocasiões, ela disse rezar pelo presidente.
"Tantas pessoas foram prejudicadas. Não podemos
deixar isso continuar. Estarei discutindo isso um pouco mais tarde na Casa
Branca", antecipou.
Absolvição
Donald Trump se tornou nesta quarta-feira (5)
o terceiro presidente dos EUA a
ser absolvido pelo Senado em um processo de impeachment aprovado pela Câmara.
Desta forma, ele não será afastado da presidência. Ele é o primeiro, no
entanto, a passar por isso enquanto tenta se reeleger ao cargo.
Trump era acusado de abuso de poder e obstrução ao
Congresso (leia mais sobre as acusações abaixo) e foi absolvido pelos votos de
52 senadores na primeira acusação (contra 48) e por 53 votos (contra 47) na
segunda. Para que fosse condenado, ele teria que ser considerado culpado por
pelo menos dois terços dos senadores (67 dos 100).
Desde que o processo foi anunciado — e antes mesmo de
ser aprovado pela Câmara, em 18 de dezembro — a
bancada do Partido Republicano, que ocupa a maioria do Senado, com 53 membros,
afirmava que votaria para que ele não fosse condenado.
A única exceção entre os republicanos foi o senador
Mitt Romney, candidato do partido à presidência em 2008 e 2012, que votou pela
condenação de Trump por abuso de poder (mas contra por obstrução ao Congresso).
"O presidente é culpado de um abuso chocante da
confiança pública", disse Romney em um discurso no Senado. "Corromper
uma eleição para se manter no poder talvez seja a violação mais abusiva e
destrutiva do juramento ao cargo de alguém que eu possa imaginar",
acrescentou.
Julgamento
Embora tenha recebido o processo da Câmara no dia 16 de janeiro,
o Senado começou realmente o julgamento na semana seguinte, no dia 21.
Tanto a acusação quanto a defesa tiveram um período de 24 horas cada, divididas
em três sessões, para apresentar seus argumentos.
Em seguida, foi realizada uma etapa de perguntas e
respostas e, em uma votação no dia 31 de janeiro, foi rejeitada a proposta de convocação de novas testemunhas,
o que teria prolongado o julgamento.
O impeachment de Donald Trump foi aprovado pela Câmara
em 18 de dezembro, e ele se tornou o terceiro presidente do país a passar pelo
processo. Nos dois casos anteriores (veja abaixo), os acusados também foram
absolvidos no Senado.
Trump respondeu ao processo por duas acusações:
Abuso de poder ao pedir
investigação ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky,
contra a família de Joe
Biden. Deputados consideraram a ação uma "interferência de
um governo estrangeiro" em favor da reeleição de Trump em 2020;
Obstrução ao Congresso por impedir diversas pessoas ligadas à
sua administração de prestar depoimento (inclusive algumas que tinham sido
intimadas) e por se recusar a entregar documentos aos investigadores durante o
inquérito.
Ucrânia
Tudo começou quando, no ano passado, um membro dos serviços
de Inteligência informou sua preocupação após ter se inteirado de um telefonema entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr
Zelensky.
Durante esta conversa, Trump pediu a Zelensky que
investigasse o democrata Joe Biden, um dos favoritos a enfrentá-lo nas eleições
presidenciais de 3 de novembro. Ao mesmo tempo, a Casa Branca congelou uma
ajuda militar de quase US$ 400 milhões para a Ucrânia, que há anos vive um
conflito com separatistas pró-russos.
Impeachments
anteriores nos EUA
Até hoje, apenas dois presidentes já tinham sofrido
impeachment na história dos Estados Unidos, mas Trump foi o primeiro a passar
pelo processo enquanto tenta se reeleger ao cargo.
Antes dele, Andrew Johnson e Bill Clinton tiveram seus
processos de impeachment aprovados pela Câmara, mas ambos foram absolvidos pelo
Senado e não perderam o cargo. Assim como Trump, eles continuaram no cargo
enquanto aguardavam o julgamento no Senado.
Richard Nixon estava prestes a enfrentar um processo
também, mas renunciou antes que a Câmara pudesse realizar a votação.
A primeira tentativa de impeachment contra Andrew
Johnson – por tentar afastar seu Secretário da Guerra, Edwin M. Stanton, sem
consentimento do Congresso – aconteceu em dezembro de 1867, mas não foi
aprovada, e a segunda, que conseguiu os votos necessários, aconteceu em 24 de
fevereiro de 1868. A acusação tinha 11 artigos, e após três semanas de
julgamento o Senado quase o condenou por três delas, mas em todos os casos ele
escapou por apenas um voto.
Já Bill Clinton foi acusado por perjúrio e obstrução
de justiça, ligados ao relacionamento do então presidente com a estagiária da
Casa Branca Monica Lewinsky. Ele foi condenado pela Câmara em 8 de outubro de
1998, mas inocentado pelo Senado em fevereiro de 1999, após um mês de
julgamento.
No caso de Nixon, ele enfrentaria acusações de
obstrução da justiça, abuso de poder e desrespeito ao Congresso durante o
escândalo Watergate. Mas, em 9 de agosto de 1974, antes que a Câmara pudesse
votar seu impeachment, ele renunciou à presidência.
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