
O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 poderá dar
uma nova chance a atletas brasileiros flagrados recentemente em exames
antidoping. Ao menos três esportistas do país nesta situação podem ser
beneficiados diretamente pela mudança na data do megaevento, cujo novo
calendário ainda não foi definido, mas que deve ser remarcado para julho de
2021.
O caso mais famoso é o da
judoca Rafaela Silva. A campeã olímpica nos Jogos do Rio-2016 foi flagrada em
teste antidoping durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no ano passado. Sua
punição foi de suspensão de dois anos. Ou seja, ela só poderá voltar a competir
em agosto de 2021.
Se a Olimpíada tivesse sua
data original mantida, Rafaela estaria fora definitivamente. Mas o adiamento
poderá lhe dar novo fôlego na briga para reduzir sua punição. Seu advogado,
Marcelo Franklin, já acionou a Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês)
para tentar diminuir o gancho.
Se ele tiver sucesso mesmo que
obtenha uma redução de poucos meses, Rafaela poderá ter chances de brigar pela
classificação olímpica e, se confirmar a vaga, teria a oportunidade de defender
o título olímpico. Neste caso, seria um reforço de peso para o Time Brasil em
Tóquio.
Outros dois atletas que
poderão se beneficiar da mudança de data dos Jogos são Andressa de Morais, do
lançamento de disco, e Kácio Freitas, do ciclismo. Ambos também deram positivo
em testes realizados no Pan de Lima. E os dois cumprem no momento suspensão
provisória, aguardando decisão final sobre seus casos.
Andressa é quem tem maior
potencial de brigar por pódio na capital japonesa. Ela foi medalhista de prata
no lançamento de disco no Peru, com direito a novo recorde sul-americano da
prova. Porém, acabou perdendo a medalha e a nova marca em razão do doping.
Mais indiretamente, o
adiamento dos Jogos de Tóquio pode ajudar também o nadador Gabriel Santos e a
tenista Beatriz Haddad Maia. Gabriel já está liberado para competir, enquanto
Bia poderá voltar a jogar em maio. Ela não poderia competir na capital japonesa
por ter perdido muitas posições no ranking da WTA nos últimos meses. Já Gabriel
teria chance de competir, porém com menor tempo de preparação.
O nadador havia sido punido em
julho do ano passado com gancho de um ano. Ou seja, não teria qualquer chance
de ir a Tóquio. Mas obteve a absolvição junto à CAS em fevereiro, a dois meses
da Seletiva Olímpica da natação brasileira. Assim, teria pouco tempo para
ganhar ritmo nas piscinas. Agora a situação mudou. Gabriel terá mais de um ano
para chegar ao seu auge físico e técnico em busca de boas marcas na Olimpíada.
Bia foi ainda mais
beneficiada. Voltando a treinar somente nesta semana, ela havia perdido
totalmente as chances de competir no Japão. Pelas regras de qualificação,
entram na chave olímpica as 56 primeiras colocadas do ranking da WTA, sendo que
só são permitidas duas tenistas por país.
Sem jogar desde julho do ano
passado, Bia ocupa atualmente a 285ª posição, muito distante da colocação de
corte. Mas ela já figurou no 58º posto, em 2017. Se conseguir se aproximar
desta marca, suas chances são grandes, uma vez que são comuns desistências e
lesões no Top 50.
De quebra, Bia ainda poderia
“levar” Luisa Stefani para a Olimpíada. Isso porque a melhor duplista do País
precisa de uma parceira em boa posição no ranking para formar dupla nos Jogos.
O Time Brasil, assim, teria representantes nas duas chaves femininas de
Tóquio-2020.
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