O presidente Jair Bolsonaro voltou a se manifestar nesta
quarta-feira (26), em uma rede social, sobre o militar da Aeronáutica preso em
Sevilha, na Espanha, carregando 39 quilos de cocaína na bagagem.
A caminho do Japão, onde participará de encontro de
cúpula do G20, o presidente da República afirmou que exigiu
"investigação imediata e punição severa" ao sargento que atuava como
comissário de bordo de voo da Força Aérea Brasileira (FAB) em uma aeronave
militar VC-2 Embraer 190.
Na mesma mensagem que publicou na internet, Bolsonaro
negou que o militar preso fizesse parte da equipe dele. A identidade do
sargento não foi divulgada.
Em nota divulgada na noite desta quarta, a FAB afirma
que o militar preso na Espanha partiu do Brasil em missão de apoio à viagem
presidencial ao Japão, "fazendo parte apenas da tripulação que ficaria em
Sevilha".
Ainda de acordo com a Aeronáutica, o sargento não
integraria, em nenhum momento, a tripulação da aeronave presidencial (leia a íntegra do comunicado ao final desta reportagem).
"Apesar de não ter relação
com a minha equipe, o episódio de ontem [terça], ocorrido na Espanha, é
inaceitável. Exigi investigação imediata e punição severa ao responsável pelo
material entorpecente encontrado no avião da FAB. Não toleraremos tamanho
desrespeito ao nosos país!", escreveu Bolsonaro em uma rede social.
A prisão do segundo-sargento da Aeronáutica ocorreu quando o avião da FAB
pousou, nesta terça, no aeroporto da capital da região da Andaluzia, segundo
informou o jornal espanhol "El País".
Na prisão, as autoridades espanholas encontraram a
cocaína dividida em 37 pacotes de mais de um quilo. Fontes policiais disseram
ao jornal espanhol "El País" que a droga não estava sequer camuflada
entre roupas. "Em sua mala, havia apenas drogas", afirmou uma
porta-voz da força policial em Sevilha.
A TV Globo apurou que a aeronave onde estava o
militar, que atua como comissário de bordo em voos da FAB, costuma fazer a rota
presidencial antes do avião do presidente em viagens longas, e, por isso, fica
à disposição do presidente para quando ele pousar no destino.
Bolsonaro já havia comentado o episódio na noite de
terça-feira (25) pela internet, antes de embarcar para a Ásia. Capitão da
reserva do Exército, ele disse na rede social que os militares são pessoas
formadas "nos mais íntegros princípios da ética e da moralidade" e
que "caso seja comprovado o envolvimento do militar nesse crime, o mesmo
será julgado e condenado na forma da lei".
O militar preso se apresentou a um tribunal espanhol
nesta quarta-feira, acusado de cometer delito contra a saúde pública, uma
categoria que inclui o tráfico de drogas no país europeu. Até a tarde desta
quarta, o sargento da Aeronáutica continuava detido em Sevilha.
A viagem de Bolsonaro à cidade japonesa de Osaka – onde ocorrerá o encontro do
G-20 – deveria passar por Sevilha, mas o avião com o presidente fez a parada
logística para reabastecimento em Portugal. Fontes militares confirmaram à TV
Globo que a rota mudou por causa da prisão do militar.
'Mula'
Mais cedo nesta quarta, o vice-presidente Hamilton
Mourão – que está interinamente no comando do Palácio do Planalto durante a
viagem de Bolsonaro ao Japão – também se pronunciou sobre a prisão do militar
da Aeronáutica.
General da reserva do Exército, Mourão disse que o sargento trabalhava como uma
"mula", termo usado para descrever quem transporta a
droga no tráfico. O vice argumentou que é preciso apurar as conexões do militar
detido, a fim de esclarecer o transporte da cocaína no avião da FAB.
"É óbvio que pela quantidade de droga que o cara
estava levando, Ele não comprou na esquina e levou. Ele estava trabalhando como
mula e uma mula qualificada, vamos colocar assim", declarou a jornalistas.
No início da noite, Hamilton Mourão voltou a falar
sobre o caso. Ele confirmou a jornalistas que o sargento preso na Europa fazia
parte da equipe de apoio da comitiva presidencial que viajou para o Japão e
disse que Bolsonaro telefonou, em meio à viagem, para o ministro da Defesa,
Fernando Azevedo e Silva, para questionar como estava a situação.
"Eu acho que não é preocupação do governo. Este militar não pertence à
segurança presidencial, então, ele não tem nada a ver com o núcleo de segurança
do presidente. É uma questão que está restrita à Força Aérea. A Força que tem
de tomar providências se houve alguma falha realmente para ele ter embarcado
com este material", declarou Mourão aos repórteres ao ser indagado sobre
se o governo havia ficado com a segurança do presidente após esse episódio.
Inquérito
militar
Em nota divulgada nesta terça-feira, o Ministério da Defesa
afirmou que o caso está sendo investigado e que foi determinada a instauração
do Inquérito Policial Militar (IPM).
O ministério e o Comando da Aeronáutica declararam em
comunicado que "repudiam atos dessa natureza e darão prioridade para
elucidação do caso, aplicação dos regulamentos cabíveis, bem como colaboram com
as autoridades."
Leia a íntegra da nota divulgada nesta quarta-feira
pela FAB:
Nota à Imprensa
O militar detido no aeroporto
de Sevilha, na Espanha, nessa terça-feira (25), por suposto envolvimento no
transporte de entorpecentes, é Sargento da Aeronáutica que exerce a função de
comissário de bordo em uma aeronave militar VC-2 Embraer 190.
Esclarecemos que o sargento
partiu do Brasil em missão de apoio à viagem presidencial, fazendo parte apenas
da tripulação que ficaria em Sevilha. Assim, o militar em questão não
integraria, em nenhum momento, a tripulação da aeronave presidencial, uma vez
que o retorno da aeronave que transporta o Presidente da República não passará
por Sevilha, mas por Seattle, Estados Unidos.
O militar encontra-se preso à
disposição das autoridades espanholas. O Comando da Aeronáutica instaurou
Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar todas as circunstâncias do caso.
Medidas de prevenção a esse
tipo de ilícito são adotadas regularmente. Em vista do ocorrido, essas medidas
serão reforçadas.
O Comando da Aeronáutica reitera que repudia atos dessa natureza, que dá
prioridade para a elucidação do caso e aplicação dos regulamentos cabíveis, bem
como colabora com as autoridades.
CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA
AERONÁUTICA
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