O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (3)
que o projeto que define o crime de
abuso de autoridade pode ter quase 20 vetos. O prazo para
sanção do projeto, aprovado pelo Congresso Nacional, termina nesta quinta (5).
Bolsonaro comentou a análise do projeto durante
entrevista na saída do Palácio do Alvorada. O presidente disse que aceitou nove
vetos sugeridos pelo ministro da
Justiça, Sergio Moro, e adiantou que outros trechos serão
vetados.
“Deve chegar a quase 20 [vetos].
Tem artigo que tem que ser mantido porque é bom. [...] Quase 20, por aí, se não
vão falar depois que eu recuei”, afirmou o presidente.
Ele, porém, não citou quais trechos serão vetados e declarou
que “há uma grande chance” de anunciar os trechos ainda nesta terça. Bolsonaro
já afirmou anteriormente que discorda de punição para policial que usar algemas
de forma irregular.
A proposta na mesa do presidente prevê, por exemplo,
pena de seis meses a dois anos de detenção para casos nos quais a autoridade
submeter o preso ao uso de algemas quando estiver claro que não há resistência
à prisão, ameaça de fuga ou risco à integridade física do preso.
O texto do abuso de autoridade é criticado por juízes,
procuradores e policiais, que argumentam que as regras podem prejudicar o
combate à corrupção.
O que diz a proposta
Conforme o projeto aprovado pelo Congresso, passarão a
configurar o crime de abuso de autoridade cerca de 30 situações, entre as
quais:
-Obter prova em procedimento de
investigação por meio ilícito (pena de um a quatro anos de detenção);
-Pedir a instauração de investigação contra pessoa mesmo sem
indícios de prática de crime (pena de seis meses a dois anos de detenção);
-Divulgar gravação sem relação com as provas que a investigação
pretende produzir, expondo a intimidade dos investigados (pena de um a quatro
anos de detenção);
-Estender a investigação de forma injustificada (pena de seis
meses a dois anos de detenção);
-Negar acesso ao investigado ou a seu advogado a inquérito ou
outros procedimentos de investigação penal (pena de seis meses a dois anos);
-Decretar medida de privação da liberdade de forma
expressamente contrária às situações previstas em lei (pena de um a quatro anos
de detenção);
-Submeter preso ao uso de algemas quando estiver claro que não
há resistência à prisão, ameaça de fuga ou risco à integridade física do preso
(pena de seis meses a dois anos de detenção).
PGR
Bolsonaro declarou na entrevista que, se houvesse um jogo de
xadrez no governo, a "dama" seria o procurador-geral da República.
Neste contexto, ele deu a entender que a função seria a segunda mais importante
no governo, mesmo que o Ministério Público Federal seja autônomo.
"A dama seria quem? Alguém tem ideia? Quero ver
se vocês são inteligentes, quem seria a dama? Qual autoridade seria a dama? Que
pode ser homem, obviamente. [...] A dama é a PGR", disse.
Segundo Bolsonaro, em um jogo de xadrez do governo,
ele seria o rei, como presidente da República, os ministros "em grande
parte os peões", com Sérgio Moro como torre e Paulo Guedes (Economia) como
um cavalo.
Bolsonaro ainda não definiu quem comandará a PGR, já que o mandato da atual
procuradora-geral, Raquel Dodge, se encerra no próximo dia 17. O nome escolhido
ainda terá de ser aprovado pelo Senado.
Videoconferência
sobre Amazônia
Bolsonaro afirmou que os presidentes de países sul-americanos
com territórios amazônicos deverão fazer uma videoconferência na próxima
sexta-feira (6). O encontro discutirá a preservação da região.
A reunião virtual é a alternativa ao encontro
presencial, que seria em Leticia, na Colômbia.
Bolsonaro iria ao encontro, contudo, por recomendação
médica, teve de cancelar, já que fará uma nova cirurgia no domingo, a quarta
desde que sofreu uma facada na campanha eleitoral de 2018.
Bolsonaro disse que pretende aproveitar a conferência
eletrônica para agradecer ao presidente da França, Emmanuel Macron. Os dois
chefes de Estado trocaram farpas em razão da alta das queimadas na Amazônica.
"Muito importante vai ser essa teleconferência na
sexta-feira, porque vou agradecer ao Macron, meu amigo Macron, agradecer. Ele
fez com que o povo brasileiro conhecesse a Amazônia que não conhecia, suas
riquezas", disse Bolsonaro
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