Foi um misto de
raça e frieza pura. Depois de ser anulado nos dois primeiros sets, o Brasil encontrou
forças para reagir. Penou, mas salvou um match point e buscou uma improvável
virada sobre a Bulgária. Em Varna, na casa do adversário, a seleção venceu por
3 sets a 2 ( 23/25, 19/25, 32/30, 25/16 e 15/11) e garantiu a liderança do
Grupo A do Pré-Olímpico masculino de vôlei. O mais importante: garantiu a vaga
nos Jogos de Tóquio 2020.
A Bulgária dominou amplamente o início do jogo, enquanto o bloqueio do
Brasil não funcionou e os erros de saque se acumularam. Renan usou todos os
jogadores a exceção de Douglas Souza, e o time acordou na reta final do
terceiro set. A reação brasileira foi fatal para os búlgaros, que sumiram em
quadra e agora terão que disputar o dificílimo Campeonato Europeu na tentativa
de buscar a última vaga reservada a seleções do continente.
Bulgária anula ataque do Brasil no
início
O jogo começou com um festival de saques forçados... e errados. Os
búlgaros foram os primeiros a acertarem a mão, e Renan colocou Cachopa e Alan
em quadra. A Bulgária cravou aces com Skrimov e Seganov e, sempre chegando no
bloqueios, abriu seis pontos em 16/10. Sem surtir efeito, a inversão foi
desfeita.
A diferença caiu para dois pontos em ótima passagem de Wallace pelo
saque (17/19). A Bulgária voltou a deslanchar, mas se desconcentrou após a
revisão por video anular um ponto que daria o set point ao time. Lucarelli
entrou na vaga de Maurício, e uma boa sequência de Flávio no saque deu fôlego
ao Brasil. Mas Gotsev fechou o set em ataque rápido pelo meio de rede: 25/23.
Renan manteve Lucarelli e lançou Maurício Souza na vaga de Lucão. A
Bulgária abriu o segundo set com um bloqueio sonoro sobre Leal e uma perda de
peso. Skrimov, destaque na parcial anterior, fraturou o tornozelo ao aterrissar
e deixou a quadra carregando, gritando de dor. O time reagiu bem à perda e
seguiu dominante, sobretudo no bloqueio. Wallace foi parado algumas vezes.
Renan colocou Cachopa, que apostou em Lucarelli para evitar que a
Bulgária desgarrasse no placar. Isac entrou na vaga de Flavio na esperança de
melhorar a rede brasileira. O bloqueio seguiu ineficiente, e os erros de saque
se acumularam. Uma bola de primeira, da recepção do saque, passou por todo
mundo e encerrou o set em favor da Bulgária: 25/19.
Brasil salva match point e ressurge
das cinzas
Renan colocou Lucão de volta no terceiro set, mas a Bulgária seguiu no
embalo e rapidamente abriu vantagem pelas mãos de Sokolov. O Brasil reagiu com
Lucarelli, mas desperdiçou saques aos montes. Leal virou o placar em 14/13,
colocando o Brasil à frente pela primeira vez desde um 5/4 no início do
primeiro set.
A dianteira durou pouco, mas o placar seguiu parelho. Renan colocou
Maique em quadra, e o Brasil voltou a virar com Wallace (21/20). A Bulgária
parou o jogo, e Sokolov empatou após um rali espetacular. O Brasil desperdiçou
dois set points e depois salvou um match point em saque de Sokolov para fora.
Mas foram precisos outros cinco set points até fechar o set e se manter vivo no
jogo: 32/30.
A seleção manteve o embalo e melhorou consideravelmente o volume de
jogo, resultado também da alternância promovida por Renan entre Maique, na
defesa, e Thales, na recepção. Com Wallace muito marcado, Leal e Lucarelli
chamaram a responsabilidade. A margem foi crescendo aos poucos, e a torcida
búlgaro murchou nas arquibancadas. Maurício Souza cravou sem piedade para levar
o jogo ao tie-break: 25/16.
A Bulgária começou o set de desempate na frente, mas levou a virada em
belo bloqueio simples de Flávio. A sorte virou de lado, e até Bruninho pontuou
meio sem jeito (9/6). Apoiados pela torcida, os donos da casa encostaram quando
Yosifov bloqueou Leal. Renan parou o jogo, e o grupo respondeu bem. Após ponto
de saque de Flávio, o técnico Silvano Prandi parou o jogo pela segunda vez.
Nada surtiu efeito. A Bulgária até pediu revisão do último ponto, um ataque para
fora de Penchev. Mas não teve jeito. O Brasil tinha selado a virada e a
classificação olímpica para os Jogos de Tóquio: 15/11.
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