Caixa Econômica Federal tem lucro de R$ 3,92 bilhões no 1º trimestre

24/06/2019 - 10h54

A Caixa Econômica Federal reportou nesta segunda-feira (24) lucro líquido contábil de 3,92 bilhões no primeiro trimestre, alta de 22,9% em relação ao mesmo período de 2018, impulsionada pela queda nas provisões com perdas em empréstimos.

Já o lucro líquido recorrente (que desconsidera efeitos extraordinários) foi de R$ 3,87 bilhões nos 3 primeiros meses do ano, alta de 5,8% na comparação anual.

De acordo com o balanço, as despesas com provisão para créditos de liquidação duvidosa totalizaram R$ 2,8 bilhões no 1º trimestre, redução de 24,4% em 12 meses. Já as receitas com prestação de serviços avançaram 2,3%, totalizando R$ 6,5 bilhões no trimestre.

O retorno sobre o patrimônio líquido, um indicador da lucratividade dos bancos, atingiu 15,8% no 1º trimestre, permanecendo estável na comparação anual.

Carteira de crédito cai

A carteira de crédito da Caixa, entretanto, encolheu 1,2%, na comparação com o final de dezembro, para R$ 685,8 bilhões, em razão da queda nos empréstimos corporativos e para pessoas físicas. Na comparação anual, a queda foi de 2%.

Em comunicado, a Caixa disse que o reposicionamento estratégico do banco passou a priorizar a concessão de crédito para os "segmentos ligados a microempresa e MPE, fomento de crédito imobiliário e ampliação das operações para a classe média através de recursos da poupança e aumento da carteira de crédito consignado".

Já a carteira de crédito imobiliário, a principal do banco, cresceu 3,3%, para R$ 447 bilhões em março de 2019, dos quais R$ 269,9 bilhões foram concedidos com recursos FGTS e R$ 177,5 bilhões com recursos da caderneta de poupança.

Com o resultado, a Caixa manteve a liderança no mercado de crédito imobiliário, com o ganho de 0,3 p.p. frente ao 1º trimestre de 2018, totalizando 68,8% de participação, segundo o balanço.

A Caixa também manteve a liderança em cadernetas de poupança, que totalizaram saldo de R$ 296,6 bilhões, alta de 6,4% em 12 meses, correspondendo a uma participação de mercado de 37,4%. Em março, o banco possuía 78,7 milhões de contas de poupança, um acréscimo de 2,8 milhões de contas em relação ao registrado em março de 2018.

Cortes de despesas e PDV

Segundo o banco, houve uma redução de R$ 849,3 milhões nas despesas administrativas, na comparação com o último trimestre do ano passado.

"Entre outras ações de economia, estão previstas a devolução de 77 prédios comerciais utilizados pela Caixa no país, que devem proporcionar uma economia estimada de R$ 200 milhões por ano. Além disso, está aberto novo PDV (Programa de Desligamento Voluntário), com público alvo de 3,5 mil empregados. A estimativa é que o programa gere economia anual de R$ 716,1 milhões com o payback em 16 meses", afirmou o banco em comunicado.

Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, está sendo feita uma "análise matemática" sobre a localização de agências da instituição financeira. Ele explicou que, em alguns locais com "crescimento exponencial"de população, haverá mais agências, ao mesmo tempo em que localidades com agências próximas uma da outra terão redução.

Ele afirmou ainda que a instituição não vai mais "fazer contrato de R$ 200 milhões com clube de futebol". Ele explicou que o banco, além de reduzir o valor dos patrocínios, está focando na formação de base e em pessoas carentes.

Vendas de ações da Petrobras e de subsidiárias

O presidente da Caixa projetou sucesso na operação de venda de ações da Petrobras em poder do banco público, prevista para esta terça-feira (25).

“Amanhã, com o sucesso da operação de Petrobras, vamos buscar o pagamento de outros R$ 7 bilhões [ao governo federal]”, declarou ele. A expectativa é de devolução desses valores até o fim de julho.

Em 12 de junho, a instituição financeira anunciou a devolução de R$ 3 bilhões ao Tesouro Nacional e informou que pretende devolver até o fim do ano outros R$ 17 bilhões – englobando R$ 20 bilhões em todo ano de 2019.

O presidente da Caixa lembrou ainda o objetivo da instituição de vender quatro subsidiárias: seguridade, cartões, loterias e de administração de ativos de terceiros (asset management). Segundo Guimarães a abertura de capital da Caixa Seguridade deve acontecer em setembro, ou outubro deste ano.

O executivo informou também que a instituição pretende vender sua participação no banco Pan e na Corretora Wiz. “Compramos [as ações] do banco Pan ao redor de R$ 2,50 e está acima de R$ 8. Teremos um retorno ao redor de R$ 600 milhões. Estamos conversando com o outro acionista, o banco BTG, e pretendemos sair desse ramo. Mas não faremos nada que não seja coordenado com o banco BTG”, disse.

Sobre a corretora Wiz, Guimarães explicou que a participação da Caixa Econômica Federal é minoritária, ao redor de 12%. Ele afirmou que, assim como o Banco do Brasil, o Itaú e o Bradesco, a Caixa pretende ter uma corretora sua, com 100% de participação. “Não faz nenhum sentido a Caixa ser o único banco que não tem uma corretora 100% própria”, declarou.

Recuperação judicial da Odebrecht

De acordo com Guimarães, o impacto do processo de recuperação judicial da Odebrecht na Caixa será “residual”, ou nulo. A Caixa é uma das maiores credoras no processo.

Segundo ele, isso ocorre porque a instituição financeira já fez “todas as provisões [apartou recursos no balanço para fazer frente a eventuais perdas] no fim do ano passado”.

“Qualquer perda que tenha, já está 100% provisionada ou 95%. O que não está provisionado, tem garantia de imóvel. Já teve perda de bilhões com a recuperação judicial, mas no balanço não haverá. Ou haverá residual. Só haverá perdas se as garantias de terrenos valham zero. Estamos muito tranquilos com nosso nível de provisionamento”, declarou o executivo, que não informou o valor total do crédito com a Odebrecht.

Itaú lidera ganhos entre os bancos no 1º trimestre

O maior lucro no 1º trimestre foi o do Itaú, que reportou ganhos de R$ 6,710 bilhões, um crescimento de 6,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

O Bradesco registrou lucro líquido de R$ 5,82 bilhões, uma alta de 30,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

O Banco do Brasil registrou lucro líquido de R$ 4 bilhões no 1º trimestre, aumento de 45,7% na comparação anual, e disse que foi o maior resultado nominal em um trimestre na história do banco.

Já o Santander Brasil registrou lucro líquido de R$ 3,415 bilhões, o que representa um crescimento de 21,1% na comparação com o mesmo período do ano passado (R$ 2,820 bilhões).


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  • Jornal Regional



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