Covid-19: nenhum estado apresenta taxa de ocupação de leitos de UTI superior a 90%

Foto: Rogerio Santana/Governo do Rio de Janeiro

Foto: Rogerio Santana/Governo do Rio de Janeiro

18/07/2021 - 15h17

Pela primeira vez desde o início de dezembro de 2020, nenhum estado apresenta taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS superior a 90%, é o que indica o Boletim Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado na quarta-feira (14). Os indicadores de incidência e mortalidade do mês de julho também apresentaram queda pela terceira vez consecutiva. 

Segundo o pesquisador do Observatório Fiocruz Covid-19, Raphael Guimarães, a vacinação tem feito diferença e traz reflexos positivos ao quadro pandêmico. “A progressão da cobertura vacinal hoje na população tem permitido que a gente consiga evitar ou então reverter adequadamente, principalmente os casos graves, e impedir as fatalidades. Então, a gente acredita que tenha relação com a vacinação”.

O número de casos e de óbitos vem caindo há três semanas em cerca de 2% ao dia, mas ainda permanece em alto patamar. A taxa de letalidade foi mantida em torno de 3%, percentual considerado elevado.

O boletim mostra que quatro estados permanecem na zona de alerta crítico, com mais 80% dos leitos ocupados. A pior situação é a de Santa Catarina (82%), seguida por Goiás (81%), Paraná (81%) e Distrito Federal (80%).

Em nota, a secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que vem trabalhando para a redução da taxa de ocupação de leitos de UTI e tem ampliado a vacinação de acordo com a disponibilização de doses pelo Ministério da Saúde. A pasta informou também que a rede pública do DF dispõe de 422 leitos de UTI exclusivos para pacientes com Covid-19.

Na capital federal, 1.103.249 pessoas tomaram a primeira dose da vacina contra o coronavírus, 381.193 a segunda dose e 40.491 receberam a dose única. Com relação ao número de casos, foram registrados 439.981. No total, 424.224 estão recuperados e 9.434 evoluíram para óbito.

De acordo com a Fiocruz, quatro capitais brasileiras estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 iguais ou superiores a 80%: São Luís (81%), Rio de Janeiro (81%), Goiânia (92%) e Brasília (80%). 

A secretaria de Saúde de Goiânia esclareceu à reportagem que tem mantido taxas de ocupação de leitos de UTI para tratamento de Covid-19 abaixo de 80% nas últimas semanas. Os números de casos e mortes também sofreram queda e com o avanço da vacinação, a expectativa é de que diminuam ainda mais. A pasta reforça que o município já aplicou 861.751 doses da vacina contra a Covid-19 e que 51,68% da população a partir de 18 anos já recebeu pelo menos a primeira dose do imunizante. De acordo com a pasta, até o dia 14/07 a taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid estava em 76%. 

Doze capitais estão fora da zona de alerta: Porto Velho (57%), Rio Branco (24%), Belém (48%), Macapá (52%), Natal (53%), João Pessoa (40%), Recife (50%), Maceió (55%), Aracaju (50%), Salvador (52%), Vitória (54%) e Florianópolis (53%).

Segundo Raphael Guimarães, medir a taxa de ocupação de leitos é importante para mensurar as respostas ao tratamento para os casos que necessitam de internação. “Nós temos duas questões: primeiro, qualquer alívio, qualquer respiro que a redução de casos traga para nós, ela repercute na verdade na questão da taxa de ocupação dali umas três, quatro semanas, porque isso é o curso natural da própria doença. Então, se hoje a gente observa uma redução de casos, só conseguimos ver os que não estão aparecendo mais graves algumas semanas depois.”

Vacinação

Ainda de acordo com o pesquisador da Fiocruz, a vacina possui capacidade limitada de bloquear a transmissão do vírus, sendo necessário uma cobertura em torno de 70%. “A vacina é uma ótima alternativa para reduzir casos graves ou fatais, mas o principal propósito da vacina não é necessariamente impedir a ocorrência de todos os casos, a gente não vai conseguir ter uma conta zerada de casos novos, em nenhum momento. Então é importante que a gente compreenda que para poder, de fato, conter definitivamente a pandemia, precisamos progredir com a vacina, aumentar a cobertura vacinal, mas, sobretudo, manter as regras sanitárias”, explica Guimarães.

Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o médico Julival Ribeiro, destaca que a queda na taxa de ocupação de leitos de UTI tem relação direta com a vacinação da população qualificada como grupo de risco. “O número de casos da Covid está caindo, o número de hospitalizações também, com isso o número de mortes vem caindo, isso é reflexo também da população de risco que já tomou a segunda dose. Além do mais, o que se espera é que tenhamos maior rapidez na vacinação, sobretudo para completar as doses, visto que a população só está protegida após a segunda dose”.

Durante live na noite desta quinta (15), o prefeito do Rio de Janeiro (RJ), Eduardo Paes, anunciou que até a 2ª semana de setembro os adolescentes entre 12 e 18 anos serão vacinados contra a covid-19 na cidade. No geral, a previsão é que todos os adultos sejam vacinados com ao menos uma dose até 18 de agosto. A prefeitura pretende também aplicar outra dose de reforço em idosos a partir do mês de outubro.

Apesar da antecipação das imunizações, Eduardo Paes alerta a população fluminense. “O nível de transmissão ainda é alto, não podemos relaxar. Eu busco ser otimista com as coisas, mas temos que ser otimistas e realistas, então continuem usando máscara, álcool em gel e respeitando as regras de distanciamento”, reforça.

Em termos gerais, segundo a análise da Fiocruz, os dados continuam apresentando a tendência de melhora na situação da Covid-19 no País, em conformidade com os indicadores de incidência e mortalidade. O estudo reforça que a vacinação tem feito diferença, o que reflete positivamente no quadro pandêmico na medida em que é ampliada. 


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