Foto: Rogerio Santana/Governo do Rio de Janeiro
Pela primeira vez desde o início de dezembro de 2020, nenhum estado
apresenta taxa de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS
superior a 90%, é o que indica o Boletim
Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado na
quarta-feira (14). Os indicadores de incidência e mortalidade do mês de julho
também apresentaram queda pela terceira vez consecutiva.
Segundo o pesquisador do Observatório Fiocruz Covid-19, Raphael Guimarães, a
vacinação tem feito diferença e traz reflexos positivos ao quadro pandêmico. “A
progressão da cobertura vacinal hoje na população tem permitido que a gente
consiga evitar ou então reverter adequadamente, principalmente os casos graves,
e impedir as fatalidades. Então, a gente acredita que tenha relação com a
vacinação”.
O número de casos e de óbitos vem caindo há três semanas em cerca de 2% ao
dia, mas ainda permanece em alto patamar. A taxa de letalidade foi mantida em
torno de 3%, percentual considerado elevado.
O boletim mostra que quatro estados permanecem na zona de alerta crítico,
com mais 80% dos leitos ocupados. A pior situação é a de Santa Catarina (82%),
seguida por Goiás (81%), Paraná (81%) e Distrito Federal (80%).
Em nota, a
secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que vem trabalhando para a
redução da taxa de ocupação de leitos de UTI e tem ampliado a vacinação de
acordo com a disponibilização de doses pelo Ministério da Saúde. A pasta
informou também que a rede pública do DF dispõe de 422 leitos de UTI exclusivos
para pacientes com Covid-19.
Na capital federal, 1.103.249 pessoas tomaram a primeira dose da vacina
contra o coronavírus, 381.193 a segunda dose e 40.491 receberam a dose única.
Com relação ao número de casos, foram registrados 439.981. No total, 424.224
estão recuperados e 9.434 evoluíram para óbito.
De acordo com a Fiocruz, quatro capitais brasileiras estão com taxas de
ocupação de leitos de UTI Covid-19 iguais ou superiores a 80%: São Luís (81%),
Rio de Janeiro (81%), Goiânia (92%) e Brasília (80%).
A secretaria de Saúde de Goiânia esclareceu à reportagem que tem mantido
taxas de ocupação de leitos de UTI para tratamento de Covid-19 abaixo de 80%
nas últimas semanas. Os números de casos e mortes também sofreram queda e com o
avanço da vacinação, a expectativa é de que diminuam ainda mais. A pasta
reforça que o município já aplicou 861.751 doses da vacina contra a Covid-19 e
que 51,68% da população a partir de 18 anos já recebeu pelo menos a primeira
dose do imunizante. De acordo com a pasta, até o dia 14/07 a taxa de ocupação
de leitos de UTI para Covid estava em 76%.
Doze capitais estão fora da zona de alerta: Porto Velho (57%), Rio Branco
(24%), Belém (48%), Macapá (52%), Natal (53%), João Pessoa (40%), Recife (50%),
Maceió (55%), Aracaju (50%), Salvador (52%), Vitória (54%) e Florianópolis
(53%).
Segundo Raphael Guimarães, medir a taxa de ocupação de leitos é importante para mensurar as respostas ao tratamento para os casos que necessitam de internação. “Nós temos duas questões: primeiro, qualquer alívio, qualquer respiro que a redução de casos traga para nós, ela repercute na verdade na questão da taxa de ocupação dali umas três, quatro semanas, porque isso é o curso natural da própria doença. Então, se hoje a gente observa uma redução de casos, só conseguimos ver os que não estão aparecendo mais graves algumas semanas depois.”
Vacinação
Ainda de acordo com o pesquisador da Fiocruz, a vacina possui capacidade limitada de bloquear a transmissão do vírus, sendo necessário uma cobertura em torno de 70%. “A vacina é uma ótima alternativa para reduzir casos graves ou fatais, mas o principal propósito da vacina não é necessariamente impedir a ocorrência de todos os casos, a gente não vai conseguir ter uma conta zerada de casos novos, em nenhum momento. Então é importante que a gente compreenda que para poder, de fato, conter definitivamente a pandemia, precisamos progredir com a vacina, aumentar a cobertura vacinal, mas, sobretudo, manter as regras sanitárias”, explica Guimarães.
Membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o médico Julival Ribeiro, destaca que a queda na taxa de ocupação de leitos de UTI tem relação direta com a vacinação da população qualificada como grupo de risco. “O número de casos da Covid está caindo, o número de hospitalizações também, com isso o número de mortes vem caindo, isso é reflexo também da população de risco que já tomou a segunda dose. Além do mais, o que se espera é que tenhamos maior rapidez na vacinação, sobretudo para completar as doses, visto que a população só está protegida após a segunda dose”.
Durante live na noite desta quinta (15), o prefeito do Rio de Janeiro (RJ),
Eduardo Paes, anunciou que até a 2ª semana de setembro os adolescentes entre 12
e 18 anos serão vacinados contra a covid-19 na cidade. No geral, a previsão é
que todos os adultos sejam vacinados com ao menos uma dose até 18 de agosto. A
prefeitura pretende também aplicar outra dose de reforço em idosos a partir do
mês de outubro.
Apesar da antecipação das imunizações, Eduardo Paes alerta a população
fluminense. “O nível de transmissão ainda é alto, não podemos relaxar. Eu busco
ser otimista com as coisas, mas temos que ser otimistas e realistas, então
continuem usando máscara, álcool em gel e respeitando as regras de
distanciamento”, reforça.
Em termos gerais, segundo a análise
da Fiocruz, os dados continuam apresentando a tendência de melhora na
situação da Covid-19 no País, em conformidade com os indicadores de incidência
e mortalidade. O estudo reforça que a vacinação tem feito diferença, o que
reflete positivamente no quadro pandêmico na medida em que é ampliada.
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