DEPRESSÃO PÓS-PARTO: Como diferenciar o processo de adaptação após o nascimento do filho

Psicóloga Daniela Filipini

Psicóloga Daniela Filipini

24/07/2023 - 09h05

Gestar um filho é um processo de transformação em diversos aspectos. Na gestação, a mulher passa por mudanças psicológicas, biológicas, sociais e familiares muito significativas. A partir do nascimento, a exigência biológica e psicológica do recém-nascido para com a mãe será uma constante.

As primeiras semanas após o nascimento do filho são denominadas PUERPÉRIO (antigamente, conhecido como quarentena), sendo este um período caracterizado por grande desregulação hormonal, mudança de rotinas, privação de sono, início do aleitamento materno, fragilidade emocional, inseguranças, dificuldade de concentração, entre outros. Os aspectos psicológicos e emocionais neste período podem ser fatores decisivos para como a mulher vai experimentar e recordar desse momento único.

Entre as gestantes, existe uma preocupação considerável quanto a depressão pós-parto. É importante aprender a diferenciar os sintomas que são naturais e esperados a esse período de adaptação, daqueles que caracterizam um possível quadro de adoecimento psicológico.

Existe um quadro emocional, conhecido na literatura como “Baby blues”, que pode ser chamado também de “Tristeza materna” que é considerado NORMAL, ou seja, é um processo de adaptação esperado nas primeiras semanas após o nascimento do filho. A incidência deste quadro é entre 50% e 80% das mulheres, com início na primeira semana após o parto e geralmente desaparecendo naturalmente em dias ou poucas semanas. Os sintomas são: choro sem motivo, ansiedade, tristeza, nervosismo, instabilidade emocional, dificuldade de concentração, cansaço, dificuldade para dormir, perda da libido, dificuldade de adaptação ao estresse. É importante atentar-se a duração deste quadro. Se não melhorar em algumas semanas, é importante buscar ajuda profissional.

Já a depressão pós-parto afeta entre 10% e 20% das mulheres, tendo início nos meses seguintes ao parto. Os sintomas são: tristeza constante, autoestima baixa, desânimo e cansaço extremo, perda de interesse nas atividades que antes gostava, perda da sensação de prazer, sentimento de inutilidade ou culpa, pouco ou nenhum interesse pelo bebê, incapacidade de cuidar de si mesma e do bebê, medo de machucar o bebê, presença de pensamentos perturbadores e autodestrutivos, presença de ideação suicida. Na existência desses sintomas, é imprescindível que a mulher busque atendimento profissional o mais breve possível para iniciar tratamento.

Também existem quadros de psicose puerperal, que são muito raros. A prevalência é de 0,1% a 0,2% das mulheres em período pós-parto, iniciando geralmente na primeira semana após o parto. Os sintomas são: delírios, ideias persecutórias, alucinações, ansiedade, nervosismo, agitação, comportamento bizarro com risco para si mesma e a terceiros. Esta é uma emergência psiquiátrica grave que necessita de atendimento profissional o mais breve possível, pois oferece risco a mulher e também ao bebê.

Para prevenir todos esses quadros, é importante fazer um pré-natal médico e multiprofissional de qualidade, sanando todas as dúvidas e angustias referentes às transformações esperadas no puerpério. É comprovado que quando as gestantes têm um espaço de acolhimento, escuta e cuidado, as chances de desenvolver os quadros citados diminui.3

Ao identificar os sintomas citados acima, busque atendimento profissional o quanto antes. Existem tratamentos efetivos disponíveis e, com acompanhamento multiprofissional adequado, é possível se recuperar e ter qualidade de vida novamente!

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  • por
  • Jornal Regional
  • FONTE
  • Hospital Regional Terezinha Gaio Basso de São Miguel do Oeste | Psicóloga Daniela Filipini – CRP 12/15522 | Diretor Técnico - Vinicius Negri Dall’Inha - Cirurgião Oncológico – CRM 15904 / RQE 13771



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