Locais com terra fértil em condições de plantio devem se
tornar mais escassos. Esse é um dos cenários apontados no relatório da
Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e
Serviços de Ecossistema (IPBES), da Organização das Nações Unidas (ONU),
divulgado recentemente. Segundo o estudo, a erosão provocada pelo manejo
incorreto do solo foi responsável por uma perda de 23% na produtividade da
superfície terrestre em todo o mundo. Os impactos também são observados na
economia: a degradação por meio das atividades humanas representa perda de
cerca de 10% do produto interno bruto global anual.
Atualmente, cerca de 33% do
solo e 75% da água doce do planeta são destinados à produção agrícola ou à
pecuária. A tendência é de que essa área seja ainda maior nos próximos anos,
considerando o aumento da produção de alimentos em 300% desde 1970. Para reduzir
a erosão e assegurar o fornecimento de comida para os próximos anos, o
relatório aponta como principal solução as estratégias de manejo sustentável da
terra.
O estudo da ONU defende que,
em média, os benefícios financeiros da conservação do solo são 10 vezes
superiores aos custos para a restauração da área. “Os ganhos em curto prazo
decorrentes do manejo insustentável da terra muitas vezes se transformam em
perdas a longo prazo, fazendo com que o manejo para evitar a degradação do solo
seja uma estratégia benéfica e econômica”, relata o gerente de Economia da
Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, André
Ferretti.
Plantio Direto
Um exemplo de alternativa para
o manejo sustentável do solo é o plantio direto. Essa técnica é realizada sem o
preparo convencional da aração e da gradagem, deixando o solo sempre coberto
por plantas em desenvolvimento e por resíduos vegetais, com a finalidade de
proteger a terra do impacto direto das gotas de chuva, do escorrimento
superficial e das erosões hídricas e eólica. Na modalidade, o semeio e a
adubação devem ocorrer em uma única operação.
Manejo integrado de pragas
Outra opção é o manejo
integrado de pragas. Essa técnica tem o objetivo de reduzir a população de
pragas, com mínima interferência no meio ambiente. O procedimento é feito
preferencialmente sem o uso de pesticidas químicos, permitindo que predadores
naturais permaneçam na plantação, agindo no combate das pragas de forma natural
e favorecendo o equilíbrio do ecossistema. Outra alternativa é a introdução de
barreiras físicas, que dificultem a locomoção de insetos na plantação.
Calagem
A acidificação do solo é um processo que pode ocorrer devido ao excesso de irrigação, uso contínuo de fertilizantes ou ainda pela erosão superficial, afetando a produtividade do solo. A aplicação de calcário nas terras agricultáveis é uma forma de viabilizar seu uso, por corrigir a acidez, fertilizar o solo, além de aumentar o estoque de matéria orgânica. A técnica é aliada à sustentabilidade por promover a reutilização de terras, tornando desnecessário o desmatamento de novas áreas para atender a demanda crescente de alimentos.
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