Exame de sangue poderá diagnosticar Alzheimer dez anos antes dos primeiros sintomas; entenda
Método, baseado em biomarcadores, foi desenvolvido por pesquisadores da Suécia e poderá ajudar no diagnóstico precoce da doença.

Coleta de sangue poderá ajudar no diagnóstico da doença de Alzheimer em um futuro próximo – Foto: Pixabay

Coleta de sangue poderá ajudar no diagnóstico da doença de Alzheimer em um futuro próximo – Foto: Pixabay

12/01/2023 - 15h43

Um simples exame de sangue será, em um futuro próximo, capaz de diagnosticar uma forma hereditária da doença de Alzheimer dez anos antes dos primeiros sintomas aparecerem.

A técnica é baseada em biomarcadores e foi desenvolvida por pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia. As informações são do R7.

Em um artigo publicado na revista Brain, os cientistas detalham como a GFAP (proteína glial fibrilar ácida) reflete mudanças no cérebro devido à doença de Alzheimer, mas que ocorrem antes que seja possível detectar o acúmulo de outra proteína mais conhecida, a tau.

“No futuro, [o método] pode ser usado como um biomarcador não invasivo para a ativação precoce de células imunes, como astrócitos, no sistema nervoso central, o que pode ser valioso para o desenvolvimento de novos medicamentos e para o diagnóstico de doenças cognitivas”, afirma em comunicado a primeira autora do estudo, Charlotte Johansson, do Departamento de Neurobiologia, Ciências do Cuidado e Sociedade do Karolinska Institutet.

A forma estudada que pode ter o diagnóstico precoce é rara e representa menos de 1% de todos os casos de Alzheimer, mas ela ocorre em indivíduos com pais que tenham uma mutação genética que aumenta em 50% o risco de desenvolver a doença.

Amostras sanguíneas

Os pesquisadores analisaram amostras sanguíneas de 33 portadores da mutação e outros 42 que não tinham a predisposição herdada, entre 1994 e 2018.

“A primeira mudança que observamos foi um aumento na GFAP aproximadamente dez anos antes dos primeiros sintomas da doença”, diz a última autora do estudo, Caroline Graff, professora do Departamento de Neurobiologia, Ciências e Sociedade do Cuidado, Karolinska Institutet.

Ela acrescenta que, em seguida, houve aumento das concentrações de P-tau181 e, posteriormente, NfL (proteína leve de neurofilamento), “que já sabemos estar diretamente associada à extensão do dano neuronal no cérebro de [pacientes com] Alzheimer”.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), atualmente 55 milhões de pessoas vivem com demência em todo o planeta, das quais entre 60% e 70% têm Alzheimer.

Com o envelhecimento da população, estima-se que a demência poderá atingir 78 milhões de pessoas daqui a oito anos e 139 milhões até 2050.

Diagnosticar precocemente a doença é um desafio que cientistas tentam resolver há décadas. Isto porque, quando identificado cedo, há formas de fazer com que a doença progrida mais lentamente, garantindo qualidade de vida ao paciente.

Durante a fase inicial e até moderada do Alzheimer é comum que os pacientes se recordem de fatos do passado e das pessoas do convívio social.

Somente na fase mais avançada é que células da região cortical do cérebro, que armazena memórias antigas, começam a ser afetadas, o que faz com que o indivíduo não reconheça mais familiares e amigos.

Outros sinais iniciais incluem mudanças no humor ou personalidade, afastamento de amigos e familiares, alterações visuais (problemas para entender imagens) e dificuldades na comunicação escrita ou falada.

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  • Jornal Regional



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