Exemplar fossilizado da barata pré-histórica Anthracoblattina mendesi. Foto: Cenpáleo/UnC
O Planalto Norte
de Santa Catarina abriga fósseis mais
antigos que o surgimento dos próprios dinossauros. A cidade de Mafra,
inclusive, preserva uma variedade arqueológica reconhecida internacionalmente.
É lá que o primeiro
fóssil de amonite, um grupo extinto de moluscos, de cerca de 295 milhões de
anos atrás, foi encontrado na Bacia Sedimentar do Paraná – que engloba boa
parte dos Estados do Sul do país, além de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Embora tenha sido
achado pelos pesquisadores há cerca de três anos, o fóssil ainda não tem
espécie definida. Para isso, mais pesquisas ainda devem ser feitas.
“Estamos
trabalhando com especialistas de outras instituições, onde o fóssil poderá
passar por análises em aparelhos para análises mais complexas”, explica o
professor Luiz Carlos Weinschütz, coordenador do Cenpáleo/UnC (Centro
Paleontológico da Universidade do Contestado).
O processo é demorado mesmo. “Também será feito uma comparação com outros exemplares semelhantes encontrados pelo mundo, uma pesquisa para definição de uma nova espécie pode levar anos”, complementa.
“A gente tem muita pouca informação. É um quebra-cabeça”, explica. A biota associada à descoberta dispõe de variedade bastante ampla, composta por peixes, conodontes, escolecodontes, crustáceos, ostracodes, insetos, braquiópodes, poríferos e fragmentos vegetais.
O descobrimento é
uma dos mais recentes do Cenpáleo e está tombado no acervo do Museu da Terra e
da Vida.
Há milhões de anos, eles apareceram
Os amonites têm distribuição temporal desde os períodos Devoniano e o Cretáceo. No caso dos resquícios encontrados em Mafra, 295 milhões de anos os separam dos tempos atuais.
Isso significa que quando os dinossauros surgiram, há 235 milhões de anos, muitos dos fragmentos encontrados no Planalto Norte do Estado já eram fósseis. “Esse conjunto todo, essa fauna, tem um destaque reconhecido internacionalmente por ocorrência de fósseis”, destaca o professor.
Através de
vestígios preservados em rochas, o pesquisadores do Cenpáleo/UnC chegam a
conclusões de como seria a vida nas eras passadas.
Os fósseis do
Planalto Norte, por exemplo, se referem a uma época pós glaciação, quando
momentos de aquecimento eram registrados. “Nesse período que dava uma esquentadinha,
a vida proliferava”, comenta Weinschütz.
“Esses sítios
fossilíferos em geral representam um intervalo de tempo que vai de 300 milhões
de anos até próximo 250 milhões de anos atrás, e marcam um período da história
da Terra em que saíamos de uma das maiores glaciações que o planeta sofreu até
termos um clima semi-árido”, explica.
Em Mafra, condições
raras coexistiram e garantem a variedade de fósseis que é vista atualmente, com
idade estimada em 290 e 295 milhões de anos.
“Toda essa biota
mostra uma fotografia do passado remoto da Terra, e quanto mais se descobre e
estuda os fósseis e rochas, mas compreendemos a evolução e a dinâmica da
Terra”, defende.
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