Há clássicos e
clássicos, o Gre-Nal histórico da Libertadores foi um jogo cheio de
alternativas, marcado pela sombra do coronavírus, mas também teve confusão e um
final melancólico com oito jogadores de cada lado. No fim, o zero a zero ficou
a cargo das traves, já que ambos os times viram oportunidades barradas por ela.
Este era, por si só, um Gre-Nal diferente, e era possível sentir isso na
atmosfera ao ver a Arena com mais de 53 mil torcedores. Histórico, por ser o
primeiro realizado em mais de 60 anos de Libertadores. Depois, pela circunstância
atípica fora de campo. O coronavírus, que começou do outro lado do mundo,
chegou à América do Sul e está adiando o futebol no continente.
Em um dos últimos
jogos pela Libertadores antes da paralisação, quis o destino que o personagem
não estivesse entre os 22 jogadores que iniciaram a partida, ou aqueles que,
até aclamados ao entrar, pudessem fazer algo diferente. O Inter parou duas
vezes no pé da trave esquerda de Vanderlei e o clássico Gre-Nal da Libertadores
acabou empatado em 0 a 0.
Primeiro, foi
Edenílson. Depois, foi a vez de Boschilia tentar e finalizar no pé da trave. E
o gol não saiu, em uma tentativa de Luciano, por cobertura. Lucas Silva
ainda acertou o travessão com o goleiro já vencido no lance. Com o 0 a 0, as
duas equipes ficam com 4 pontos e lideram juntos o grupo E da competição. O
Inter fica em vantagem pelos critérios de desempate.
Agora, os
campeonatos vivem indefinição. Por conta do surto de Coronavírus, que atinge
diversos países do mundo, a Libertadores está suspensa pela Conmebol.
Assim, a terceira
rodada da competição está cancelada. Pelo Campeonato Gaúcho, o Grêmio volta a
campo no domingo, às 11h, para enfrentar o São Luiz, na Arena. Já o Inter tem
jogo marcado contra o São José, no Passo D'Areia, domingo, às 19h.
Inter
faz primeiro tempo melhor
Não houve surpresas
de parte a parte no primeiro clássico Gre-Nal pela Libertadores.
Tanto Renato
Portaluppi quanto Eduardo Coudet foram coerentes e optaram pela manutenção de
seus sistemas. Renato mandou a campo a equipe com três volantes, sem Kannemann,
machucado. David Braz substituiu o argentino. No Inter, a manutenção de Rodinei
e Thiago Galhardo, que já havia feito bom jogo contra a Universidad Católica.
Saravia e D'Alessandro ficaram no banco.
O clima começou
muito quente no clássico. Antes dos 10 minutos, duas confusões já haviam sido
formadas, mostrando as credenciais do Gre-Nal para a Libertadores, tão
acostumada a jogos tensos e nervosos. Primeiro, uma falta de Edenílson em
Everton iniciou a confusão. Depois, foi a vez de Matheus Henrique e Bruno Fuchs
se desentenderem.
A melhor
chance do Grêmio saiu na bola parada. Aos 11 minutos, após cobrança de
escanteio pelo lado direito de ataque, Diego Souza subiu mais alto que a zaga
do Inter e cabeceou forte, para baixo, obrigando Marcelo Lomba a fazer uma
grande defesa no chão, tirando lamentos da Arena lotada pela única vez nos 45
minutos iniciais.
Melhor no jogo e
com mais posse de bola em boa parte da etapa inicial, foi o time de Eduardo
Coudet quem criou as melhores chances na partida. A primeira delas foi aos 32
minutos da primeira etapa. Guerrero recebeu de costas, girou sobre Geromel e
achou Boschilia, que ganhou em velocidade e invadiu a área. O meia tentou
encobrir Vanderlei, mas não teve sucesso.
A torcida do Grêmio
sentiu o momento ruim de sua equipe. Até então mais calada, soltou a voz e
tentou empurrar a equipe com cânticos de apoio. Ainda assim, o time de Renato
Portaluppi sentia falta de um armador. Com três volantes, não havia um jogador
para pensar o jogo e, assim, o meio campo pouco progredia com a bola. Everton,
apagado, também não conseguiu contribuir pelo lado esquerdo.
A última boa chance
do primeiro foi aos 43 do primeiro tempo. Em contra-ataque rápido após
escanteio do Grêmio, Boschilia recebeu em profundidade o passe de Marcos
Guilherme, que disparou pela esquerda após soltar a bola. Ele optou por
carregar e, ao não fazer o passe, acabou desarmado pela defesa do Grêmio. Com
atuação segura especialmente de David Braz, Tricolor levou um 0 a 0 ao
intervalo.
Jean
Pyerre melhora o Grêmio
Para a etapa final,
o Inter trocou. Também pelo cartão amarelo, Eduardo Coudet sacou o lateral
Uendel e mandou a campo Moisés. Pelo lado do Grêmio, mesmo com a atuação ruim
do setor de meio campo, Renato optou por voltar com o mesmo time que terminou a
etapa inicial.
A mudança do Grêmio
viria só aos 8 minutos, mas ao mesmo tempo seria responsável por grande euforia
na Arena. Maicon caiu, sentindo, após jogada de ataque colorada. No mesmo
momento, Renato olhou à sua direita no reservado e chamou Jean Pyerre. Ao
arrancar da área destinada ao aquecimento, já tirando o colete, levou a torcida
Tricolor ao delírio, com muitos aplausos.
Com fôlego novo em
campo, o Grêmio encontrou seu escape, ainda que Jean Pyerre tenha tido
dificuldade nos primeiros minutos. Ao pegar a bola, em mais de uma vez abriu os
braços, pedindo movimentação aos companheiros, para que a equipe pudesse buscar
alternativas de jogadas.
E se a Arena veio
junto com o Grêmio na entrada de Jean Pyerre, o incentivo voltou a crescer aos
16 minutos, quando Renato chamou Pepê para entrar. O atacante de velocidade
entrou no lugar de Alisson, que novamente ficou abaixo da expectativa. Sumido
pelo lado direito, pouco produziu ofensivamente.
Apesar de melhorar
no jogo, foi o Grêmio quem levou grande susto aos 23 minutos. Após tentativa de
passe de Geromel no campo de defesa, o Inter pressionou e roubou a bola.
Edenílson levou até a entrada da área, limpou para dentro e bateu forte de
perna direita, em uma bola que tocou no pé da trave esquerda defendida por
Vanderlei, quase colocando o Inter em vantagem.
A resposta do
Grêmio veio com Pepê, que quase marcou um golaço na Arena. Ele recebeu e
arrancou primeiro pela direita, levando a marcação. Trouxe a bola para o meio,
passou diante da marcação e invadiu a área pelo lado esquerdo. Cara a cara com
Lomba, ele bateu para defesa do goleiro do Inter.
O Colorado voltaria
a botar bola na trave com Boschilia. Ele limpou a marcação e bateu forte, e ela
caprichosamente no poste. E a última grande chance foi tricolor. Aproveitando
cruzamento da direita, Lucas Silva carimbou o travessão de Marcelo Lomba.
Grêmio
Vanderlei; Victor
Ferraz, David Braz, Geromel e Caio Henrique; Maicon (Jean Pyerre), Matheus
Henrique, Lucas Silva, Alisson (Pepê) e Everton; Diego Souza. Técnico: Renato
Portaluppi
Inter
Marcelo Lomba;
Rodinei, Cuesta, Fuchs e Uendel (Moisés); Musto, Boschilia, Edenílson e Marcos
Guilherme; Thiago Galhardo (D'Alessandro) e Guerrero. Técnico: Eduardo Coudet
Cartões amarelos:
David Braz (Grêmio); Marcos Guilherme, Musto e Uendel (Inter)
Local: Arena do
Grêmio, em Porto Alegre (RS)
Público: 53
torcedores
Arbitragem:
Fernando Rapallini (ARG)
Data e hora: 12/03,
21h
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