A apuração de supostos ilícitos praticados no processo de
dispensa de licitação para a compra emergencial de 200 respiradores pulmonares
pelo governo do Estado, ao custo de R$ 33 milhões, tem seus desdobramentos
penais na Vara Criminal da Região Metropolitana de Florianópolis, sob a
titularidade do juiz Elleston Lissandro Canali. Os processos ligados à Operação
O2 (Operação Oxigênio) passaram a tramitar na unidade após o Tribunal de
Justiça declinar da competência no dia 13 de maio, considerando que um dos
investigados perdeu o foro por prerrogativa de função.
Desde o início da tramitação, a movimentação processual e as decisões
relacionadas aos autos têm sido marcadas pelo respeito ao interesse público. Em
decisão publicada no último domingo (7/6), o magistrado determinou a retirada
do sigilo dos autos vinculado à segunda etapa da operação. No despacho, o juiz
classificou como imperioso que se dê ao processo a devida publicidade,
permitindo-se o amplo exercício do direito à defesa e também o acesso da
imprensa ao conteúdo integral do procedimento, "pois evidente o interesse
da sociedade em tomar conhecimento dos desdobramentos da investigação, fatos e
fundamentos jurídicos que serviram de base às decisões judiciais
proferidas". A exceção, apontou o juiz, deve ser restrita às informações
ainda não documentadas nos autos, cuja divulgação poderia prejudicar o avanço
das investigações e a obtenção de novos elementos de prova.
No último fim de semana, cinco mandados de prisão preventiva expedidos
pelo juízo foram cumpridos, além de outros 14 mandados de busca e apreensão em
cinco municípios dos Estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. Na
primeira fase da Operação O2, foram cumpridos 36 mandados de busca e apreensão.
Entre outras medidas, também foi decretada a quebra de sigilo de dados
bancários e de informações armazenadas nos equipamentos eletrônicos dos
investigados.
O caso
Conforme relatado pelas autoridades investigantes nos autos, no último mês
de março, em meio à pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (Covid-19), o
governo do Estado de Santa Catarina, através da Secretaria de Estado da Saúde,
ajustou a compra direta, com dispensa de licitação, de 200 respiradores, modelo
C35, pelo valor de R$ 33 milhões. Equipamentos que, conforme apontado, não
foram entregues pela empresa contratada. As autoridades investigantes, com base
em diligências iniciais, relatam que os investigados supostamente constituíram
uma organização criminosa com o intuito de obter vantagem patrimonial indevida
em detrimento do erário catarinense. Por ordem judicial, foi bloqueado das
contas de todos os investigados o montante de R$ 11.791.118,10, não tendo sido
localizado o valor remanescente de R$ 21.208.881,90, o que formaria a
integralidade do valor do contrato firmado entre o Estado de Santa Catarina e a
empresa investigada. A força-tarefa da investigação é composta pelo Ministério
Público de Santa Catarina, pelo Tribunal de Contas do Estado e pela Polícia
Civil.
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