O juiz da 1ª Vara
de Falências de São Paulo, João de Oliveira Rodrigues Filho, aceitou no fim da
noite de segunda-feira (18) o pedido de recuperação judicial levado pelo grupo Odebrecht.
Ele também nomeou o escritório Alvarez & Marsal como administrador
judicial.
A holding do conglomerado e mais vinte empresas foram à Justiça na
véspera pedir proteção contra credores e listaram dívidas totais de cerca de R$
98 bilhões. Desse total, o grupo só pode ser alvo de cobrança de R$ 65,5
bilhões, pois R$ 33 bilhões são empréstimos trocados entre as companhias
levadas para recuperação judicial.
Do total da dívida, R$ 83,6 bilhões seria o valor do passivo sujeito à
recuperação, o que tornaria o processo a maior recuperação judicial da história do país,
superando a da Oi em 2016, de R$ 64 bilhões.
Segundo o juiz, o plano de recuperação judicial deverá ser apresentado
no prazo de 60 dias. O prazo para habilitações ou divergências aos créditos
apresentados pela empresa é de 15 dias. A decisão determina, ainda, a suspensão
de todas as ações ou execuções contra as empresas, de acordo com a Lei de
Recuperações e Falências.
Rodrigues Filho também acatou o pedido da Odebrecht para que fiquem
protegidas as participações que o grupo possui nas controladas Braskem, Ocyan e
Atvos, cujas ações foram dadas em garantia para credores durante as
reestruturações financeiras realizadas após a Operação Lava Jato, destaca o
Valor Online. O grupo alegou que tais companhias são “bens essenciais” à sua
sobrevivência.
Na prática, com a decisão do juiz, nenhum credor com essas garantias
poderá vender os papéis enquanto o grupo estiver no processo de recuperação
judicial.
Com relação aos créditos trabalhistas, segundo informou a assessoria do
TJ-SP, será encaminhado ofício à Corregedoria do Tribunal Superior do Trabalho,
informando que as cortes trabalhistas deverão encaminhar as certidões de
condenação da empresa diretamente ao administrador judicial, que providenciará
a inclusão na lista geral de credores.
Entenda a crise
Desde que se viu atingida pela combinação de recessão profunda no país
com os efeitos da operação Lava Jato, da qual foi um dos principais alvos, a
Odebrecht viu as receitas minguarem e as dívidas se amontoarem.
Segundo o comunicado da Odebrecht, o grupo, que "chegou a ter mais
de 180 mil empregados cinco anos atrás", hoje tem 48 mil postos de
trabalho, "como consequência da crise econômica que frustrou muitos dos
planos de investimentos feitos pela ODB, do impacto reputacional pelos erros cometidos
e da dificuldade pela qual empresas que colaboram com a Justiça passam para
voltar a receber novos créditos e a ter seus serviços contratados",
informa a companhia.
Relatório publicado pela empresa em 2015 com dados de 2014, no entanto,
aponta que, naquele período, a empresa tinha 276 mil funcionários.
"Tanto as empresas operacionais como as auxiliares e a própria ODB
continuam mantendo normalmente suas atividades, focadas no objetivo comum de
assegurar estabilidade financeira e crescimento sustentável, preservando assim
sua função social de garantir e gerar postos de trabalho", disse a
Odebrecht em nota.
Em nota aos funcionários, o diretor presidente da Odebrecht, Luciano
Guidolin, afirmou que a recuperação judicial é a medida mais adequada neste
momento.
"Representa uma mudança de ambiente para dar continuidade ao nosso esforço de reestruturação financeira. A partir de agora, a negociação se dará em forma coletiva com os credores e se desenrolará com proteção judicial para a empresa e os seus integrantes, e com mais coordenação, segurança e transparência", diz o texto.
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