Em agenda em SC, ministro da Educação, Abraham Weintraub, negou cobrança de mensalidade em universidades federais. — Foto: Reprodução/NSC TV
O Ministério da Educação lança oficialmente, nesta
quarta-feira (17), o programa Future-se, destinado a alterar a estrutura de
financiamento e gestão das universidades e institutos federais. Ainda em fase
preliminar, a proposta do governo federal será submetida a consulta pública a
partir desta quarta e até 31 de julho.
Em reunião na tarde desta terça (16), representantes de
universidades que já receberam informações gerais sobre a proposta solicitaram
que o prazo para o fim da consulta pública seja adiado, para permitir maior
participação da comunidade universitária.
Os detalhes da proposta serão apresentados pelo ministro Abraham
Weintraub em café da manhã a partir das 9h desta quarta.
Veja abaixo os pontos já apresentados pelo ministro em suas redes
sociais, em conversas com jornalistas ou na reunião com reitores realizada em
Brasília:
-Weintraub negou que haverá cobrança
de mensalidade ou privatização das universidades e institutos federais;
-A ideia é abrir duas frentes de
flexibilização, na captação e na gestão de recursos;
-Na frente da captação, o MEC propõe
a criação de um fundo que pode chegar a ter R$ 102 bilhões em recursos – a
União contribuiria com R$ 50 bilhões, que seriam levantados por meio da venda
de imóveis;
-Batizado de Fundo do Conhecimento,
o fundo poderia vir a ser comercializado na Bolsa de Valores, permitindo
aportes de diversos tipos de investidores;
-Já na parte da gestão, há duas
medidas previstas: uma que permitiria que as universidades não fiquem mais
limitadas ao teto de gastos para poderem usar suas receitas próprias, e outra
que permitiria que elas usem organizações sociais (OS) para a gestão de
contratos de serviços fim, como vigilância, manutenção e limpeza;
-O regime de contratação de
professores e técnicos seguiria o mesmo, via concurso público e com a
estabilidade e dedicação integral garantidas aos servidores públicos;
-A proposta do MEC é que as mudanças
sejam feitas por meio de um projeto de lei, mas a pasta diz que não descarta
lançar mão de outros dispositivos, como a medida provisória;
O MEC diz que as instituições
manteriam sua autonomia e que sua natureza jurídica permanecerá a mesma: em vez
de deixarem de ser autarquias para poderem ter mais flexibilidade, a ideia é
mudar a lei para permitir flexibilizar as autarquias.
Reunião com reitores
Segundo um dos participantes da reunião desta terça, todas as universidades foram convidadas pelo MEC para a apresentação da proposta.
Em nota divulgada na noite da terça, a Universidade de Brasília (UnB) afirmou que "o ingresso no programa será por
meio de termo de adesão", e diz que "aguarda a íntegra do documento,
de forma a ter condições de discuti-lo junto à comunidade acadêmica".
Representantes de outras instituições afirmaram que a apresentação nesta terça traça um panorama geral da proposta,
e ainda não oferece subsídios detalhados para que as universidades possam
discutir e tomar uma posição.
Participantes também solicitaram ao MEC que a consulta pública dure mais
do que as duas semanas programadas inicialmente.
Projeto de lei
Segundo a proposta apresentada pela pasta aos reitores, a ideia é
promover as mudanças no modelo atual de captação e gestão de recursos por meio
de um projeto de lei, mas o MEC admite usar outros dispositivos, como uma
medida provisória.
Organizações sociais
As alterações seriam em várias frentes: na gestão de recursos, por
exemplo, a ideia é aumentar a flexibilidade de como cada universidade pode usar
suas próprias receitas, inclusive permitindo que elas usem organizações sociais
(OS) para cuidar de contratos de serviços como a vigilância, a manutenção e a
limpeza.
Hoje, as reitorias mantêm contratos com empresas terceirizadas para a
realização desses serviços, e, nos últimos anos, uma das medidas tomadas pelas instituições
por causa do contingenciamento de gastos inclui renegociar os valores desses
contratos, além de demitir os trabalhadores terceirizados, reduzindo a equipe e
os gastos.
Segundo o MEC, o benefício das OS estaria no fato de que mais de uma
universidade possa deixar os recursos orçamentários para esses gastos de
custeio nas mãos de uma única organização social, que faria a gestão dos
contratos de vigilância, manutenção e limpeza diretamente com uma única empresa
para atuar nas várias instituições, e isso reduziria o valor do serviço.
Os participantes afirmaram que a pasta não sugeriu que as OS cuidem da
gestão acadêmica das instituições, nem da contratação e demissão de
funcionários – pela proposta apresentada nesta terça, o regime dos professores
e técnicos continuaria sendo o de servidores públicos.
Fundo com várias fontes de recursos
Outra sugestão feita pelo governo é a criação de um fundo no qual o
principal aporte será feito com patrimônio da União, que poderá ser usado para
flexibilizar o financiamento das instituições, já que poderá, no futuro,
receber aportes de outras fontes.
A sugestão do MEC é que ele seja chamado de "Fundo do
Conhecimento".
Segundo os presentes na reunião, a ideia inicial do MEC é que a União
levante recursos por meio da venda de imóveis, e a projeção é que o fundo
chegue a R$ 102 bilhões, com o governo federal respondendo por R$ 50 bilhões
desse total.
Além disso, a proposta prevê que esse fundo possa ser comercializado na
Bolsa de Valores, e possa captar recursos com vários tipos de investidores,
incluindo a injeção de dinheiro privado. A ideia é que as universidades tenham
uma cota do fundo e possam usar o rendimento para financiar suas atividades – o
MEC ainda não detalhou que critérios seriam usados para decidir a parte de cada
instituição.
Teto dos gastos
Outra ideia sugerida pela pasta é alterar, por lei, as regras do teto
dos gastos aprovado via emenda constitucional no governo de Michel Temer, para
permitir que as instituições com receita própria – como a renda do aluguel de
imóveis, por exemplo – usem esse recurso sem as limitações atuais, que estão
vinculadas ao teto.
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