Um exemplar da
maior medusa presente na costa brasileira foi visto na Ilha do Campeche,
em Florianópolis, na última sexta-feira (14). O animal é da
espécie Drymonema
gorgo e é considerado
raro, conforme o professor Alberto Lindner, responsável pelo laboratório de
Biodiversidade Marinha da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Essa foi a maior medusa observada nesta temporada de verão em Santa
Catarina, segundo o pesquisador. "É uma espécie que ocorre da Argentina
até o Rio de Janeiro", explicou o professor Lindner. Como provoca queimadura,
a recomendação é que os banhistas não tentem tocá-la.
A medusa foi encontrada por Fábio Lopes, que fazia stand up paddle no local. Ele viu o
animal por volta das 8h30 e fez o registro em vídeo.
“É um animal que chega a ter um diâmetro de um metro. Esse daí que foi
encontrado na Ilha do Campeche, se contar aqueles braços orais, aquelas
estruturas grandes que ficam embaixo do disco da umbrella dela, tem cerca de um metro
de diâmetro mesmo", disse o professor. O aluno dele Ruan Luz, que também
coordena o mergulho na Ilha do Campeche, fez estimativas em relação ao tamanho
do animal.
"Ele [Ruan] estima também que os tentáculos dela, que são bem
finos, ficam na margem, possam chegar a pelo menos quatro metros de
comprimento”, disse o professor.
Lindner disse que a espécie, como é grande, também se alimenta de
medusas menores.
Registros
A espécie gigante foi encontrada na capital catarinense pelo naturalista
alemão Fritz Müller em 1857, 1860 e 1861. "Ele acabou descrevendo-a alguns
anos depois, em 1883, em Blumenau [Vale do Itajaí]. É uma pessoa que morou aqui
em Florianópolis", disse o professor.
"Que a gente tenha conhecimento, este é o primeiro registro desta
espécie em Florianópolis depois do trabalho do Fritz Müller. Talvez algum
pescador, alguém pode ser que tenha visto, mas pelo menos que a gente tem
registro mesmo, que a gente tem foto, tem conhecimento, esta é a primeira vez
que ela é encontrada depois de mais de 150 anos aqui em Florianópolis",
afirmou Lindner.
A espécie foi vista também em outros locais do Brasil e em território
argentino. "Tem registro na Argentina, tem um registro no Rio Grande do
Sul, tem registros em São Paulo e tem no Rio de Janeiro também, mas sempre
raro. Muito esporádico, a gente tem pouco conhecimento sobre a biologia e sobre
o ciclo de vida desta espécie. Não é uma espécie que forma essas grandes
agregações que nem a gente está vendo da Chrysaora lactea [medusa comum no litoral
catarinense]", declarou o professor.
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