MP oferece nova denúncia por crimes sexuais contra João de Deus

João de Deus chega ao Instituto Neurológico de Goiânia — Foto: — Foto: Rodrigo Gonçalves/G1

João de Deus chega ao Instituto Neurológico de Goiânia — Foto: — Foto: Rodrigo Gonçalves/G1

05/06/2019 - 10h17

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) ofereceu nova denúncia por crimes sexuais contra o médium João de Deus. Segundo o órgão, ele está sendo denunciado por violação sexual mediante fraude contra dez pessoas. Ele segue internado em hospital de Goiânia na manhã desta quarta-feira (5), mesmo após decisão do STJ determinar que ele volte para prisão. A defesa do médium, que sempre negou os crimes, disse que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A defesa do médium informou que até as 9h10 desta quarta-feira não tinha conhecimento sobre a nova denúncia.

De acordo com a denúncia, os abusos ocorreram na Casa Dom Inácio de Loyola, onde o médium fazia atendimentos espirituais. Consta no processo que as vítimas relataram que foram abusadas na chamada "Sala da Entidade", quando João de Deus, sentado em um trono, esperava para receber os visitantes, que chegavam em fila, e, dizendo que estava fazendo um atendimento espiritual, fazia com que as vítimas tocassem o órgão genital dele.

O MP-GO informou ainda que as vítimas dessa denúncia são do Distrito Federal, de São Paulo e do Paraná. Ainda segundo o processo, outras cinco mulheres atuam como testemunhas, porque também denunciaram abusos, mas que já prescreveram.

O médium é réu em outros oito processos por: crimes sexuais, posse ilegal de arma e falsidade ideológica. Ele sempre negou as acusações.

João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro de 2018. No dia 22 de março deste ano, a Justiça autorizou que ele fosse transferido para o Instituto de Neurologia de Goiânia, atendendo a pedido da defesa, que alegava risco à vida do médium em razão do seu estado de saúde.

Internação e saída para presídio

O médico Alberto Las Casas, um dos responsáveis pelo tratamento de João de Deus, conversou rapidamente assim que chegou ao Instituto de Neurologia de Goiânia, na manhã desta quarta-feira (5). Questionado se o médium já estaria de alta, ele disse que o paciente já pode voltar para casa, mas criticou a decisão de encaminhá-lo novamente ao presídio em razão de sua idade.

“Ele tem condição de ir para casa. Voltar para o presídio, um homem de 80 anos [João de Deus tem, na verdade, 76]... Cada um assume o risco né”, afirmou.

Antes, o médico disse que não poderia falar sobre o estado de saúde do médium e que não sabia se o hospital já havia sido notificado ou como funciona o trâmite para que isso ocorra.

A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou, também na manhã desta quarta-feira, que até 7h36 não havia sido notificada oficialmente sobre a decisão do STJ de encaminhar o médium de volta ao presídio.

Habeas corpus negados

O STJ analisou nesta terça dois habeas corpus do médium. Em um deles, a defesa contestava o decreto de prisão preventiva expedido contra João de Deus por posse ilegal de armas. Em operações em endereços ligados a ele foram apreendidos mais de mais de R$ 400 mil, seis armas, pedras preciosas e medicamentos.

Relator do caso, o ministro Néfi Cordeiro havia negado o pedido de liminar (decisão provisória) para substituir a prisão preventiva por domiciliar e o caso foi ao plenário da Sexta Turma nesta terça.

O outro habeas corpus foi apresentado contra o decreto de prisão expedido por crimes sexuais. Neste feito, também relatado por Cordeiro, foi autorizada a transferência do médium para o Instituto de Neurologia de Goiânia, onde está desde março.

Em ambos os habeas corpus, a defesa pedia para substituir a prisão preventiva do réu por prisão domiciliar, o que foi negado.

Andamentos das denúncias

O Ministério Público denunciou o médium dez vezes, e a Justiça já aceitou oito denúncias:

-Quatro por crimes sexuais: dois deles já tiveram audiência realizada e os outros dois estão com audiência marcada;

-Um por crimes sexuais, corrupção de testemunha e coação: ainda não teve audiência;

-Um por crimes sexuais e falsidade ideológica: atualmente está em fase de citação (comunicação ao réu);

-Dois por posse ilegal de armas de fogo e munição: um já teve audiência realizada. O TJ não deu detalhes sobre o outro caso.


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  • Jornal Regional



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