João de Deus chega ao Instituto Neurológico de Goiânia — Foto: — Foto: Rodrigo Gonçalves/G1
O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) ofereceu
nova denúncia por crimes sexuais contra o médium João de Deus. Segundo o órgão, ele está sendo
denunciado por violação sexual mediante fraude contra dez pessoas. Ele segue
internado em hospital de Goiânia na manhã desta quarta-feira (5), mesmo
após decisão do STJ determinar que
ele volte para prisão. A defesa do médium, que sempre negou os
crimes, disse que vai recorrer ao Supremo
Tribunal Federal (STF).
A defesa do médium informou que até as 9h10 desta
quarta-feira não tinha conhecimento sobre a nova denúncia.
De acordo com a denúncia, os abusos ocorreram na Casa
Dom Inácio de Loyola, onde o médium fazia atendimentos espirituais. Consta no
processo que as vítimas relataram que foram abusadas na chamada "Sala da
Entidade", quando João de Deus, sentado em um trono, esperava para receber
os visitantes, que chegavam em fila, e, dizendo que estava fazendo um
atendimento espiritual, fazia com que as vítimas tocassem o órgão genital dele.
O MP-GO informou ainda que as vítimas dessa denúncia são do Distrito Federal,
de São Paulo e do Paraná. Ainda segundo o processo, outras cinco mulheres atuam
como testemunhas, porque também denunciaram abusos, mas que já prescreveram.
O médium é réu em outros oito processos por: crimes
sexuais, posse ilegal de arma e falsidade ideológica. Ele sempre negou as
acusações.
João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro de
2018. No dia 22 de março deste ano, a Justiça autorizou que ele fosse
transferido para o Instituto de Neurologia de Goiânia, atendendo a pedido da
defesa, que alegava risco à vida do médium em razão do seu estado de saúde.
Internação
e saída para presídio
O médico Alberto Las Casas, um dos responsáveis pelo
tratamento de João de Deus, conversou rapidamente assim que chegou ao Instituto de Neurologia de Goiânia, na manhã desta
quarta-feira (5). Questionado se o médium já estaria de alta, ele disse que o
paciente já pode voltar para casa, mas criticou a decisão de encaminhá-lo
novamente ao presídio em razão de sua idade.
“Ele tem condição de ir para
casa. Voltar para o presídio, um homem de 80 anos [João de Deus tem, na
verdade, 76]... Cada um assume o risco né”, afirmou.
Antes, o médico disse que não poderia falar sobre o estado de
saúde do médium e que não sabia se o hospital já havia sido notificado ou como
funciona o trâmite para que isso ocorra.
A Diretoria-Geral de Administração Penitenciária
(DGAP) informou, também na manhã desta quarta-feira, que até 7h36 não havia
sido notificada oficialmente sobre a decisão do STJ de encaminhar o médium de
volta ao presídio.
Habeas corpus negados
O STJ analisou nesta terça dois habeas corpus do médium. Em
um deles, a defesa contestava o decreto de prisão preventiva expedido contra
João de Deus por posse ilegal de armas. Em operações em endereços ligados a ele
foram apreendidos mais de mais de R$ 400 mil, seis armas, pedras preciosas e
medicamentos.
Relator do caso, o ministro Néfi Cordeiro havia negado
o pedido de liminar (decisão provisória) para substituir a prisão preventiva
por domiciliar e o caso foi ao plenário da Sexta Turma nesta terça.
O outro habeas corpus foi apresentado contra o decreto
de prisão expedido por crimes sexuais. Neste feito, também relatado por
Cordeiro, foi autorizada a transferência do médium para o Instituto de
Neurologia de Goiânia, onde está desde março.
Em ambos os habeas corpus, a defesa pedia para
substituir a prisão preventiva do réu por prisão domiciliar, o que foi negado.
Andamentos
das denúncias
O Ministério Público denunciou o
médium dez vezes, e a Justiça já aceitou oito denúncias:
-Quatro por crimes sexuais: dois deles já tiveram audiência
realizada e os outros dois estão com audiência marcada;
-Um por crimes sexuais, corrupção de testemunha e coação: ainda
não teve audiência;
-Um por crimes sexuais e falsidade ideológica: atualmente está
em fase de citação (comunicação ao réu);
-Dois por posse ilegal de armas de fogo e munição: um já teve audiência realizada. O TJ não deu detalhes sobre o outro caso.
DEIXE UM COMENTÁRIO
Facebook