Cerca de 2,2
milhões de trabalhadores ainda não sacaram os valores do abono salarial
(PIS-Pasep) do calendário 2018-2019, segundo o Ministério da Economia. O prazo
para os trabalhadores sacarem o abono salarial relativo ao ano-base 2017
termina em 28 de junho. São mais de R$ 6,5 bilhões disponíveis que ainda não
foram sacados em todo o país.
O PIS é pago na Caixa Econômica Federal. O Pasep é pago para servidores
públicos por meio do Banco do Brasil. O valor do abono varia de R$ 84 a R$ 998,
dependendo do período trabalhado formalmente em 2018.
O abono salarial ano-base 2017 começou a ser pago em julho de 2018,
de forma escalonada. O calendário de recebimento leva em consideração o mês de
nascimento, para trabalhadores da iniciativa privada, e o número final da
inscrição, para servidores públicos.
Desde então, mais de 22,4 milhões de trabalhadores já retiraram os valores,
somando mais de R$ 17 bilhões liberados, segundo o governo (veja ao final da reportagem os saques por regiões).
Agora os recursos estão disponíveis para os nascidos em qualquer mês. O
saque poderá ser realizado em agência bancária. Depois de 28 de junho, o
recurso volta para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Quem tem direito
Tem direito ao abono salarial quem recebeu, em média, até dois salários
mínimos mensais com carteira assinada e exerceu atividade remunerada durante,
pelo menos, 30 dias em 2017. É preciso ainda estar inscrito no PIS/Pasep há
pelo menos cinco anos e ter os dados atualizados pelo empregador na Relação
Anual de Informações Sociais (Rais) ano-base 2017.
Trabalhadores da iniciativa privada retiram o dinheiro na Caixa
Econômica Federal, e os servidores públicos, no Banco do Brasil. É preciso
apresentar um documento de identificação e o número do PIS/Pasep.
No caso do PIS, para quem é correntista da Caixa, o pagamento foi feito
2 dias antes do restante dos outros trabalhadores. Já no caso do Pasep, o
crédito em conta para correntistas do Banco do Brasil foi efetuado a partir do
3º dia útil anterior ao início de cada período de pagamento.
Valor depende dos meses trabalhados
O valor do abono é associado ao número de meses trabalhados no exercício
anterior. Portanto, quem trabalhou um mês no ano-base 2017 receberá 1/12 do
salário mínimo. Quem trabalhou 2 meses receberá 2/12 e assim por diante. Só
receberá o valor total quem trabalhou o ano-base 2017 completo.
Por exemplo, se o período trabalhado foi de 12 meses, vai receber o
valor integral do benefício, que é de um salário mínimo (R$ 998). Se trabalhou
por apenas um mês, vai receber o equivalente a 1/12 do salário (R$ 84), e assim
sucessivamente.
Rendimentos do PIS
De acordo com a Caixa, quando o saque do PIS não é efetuado, o valor é
incorporado ao saldo de quotas. Ao final do exercício financeiro (28 de junho),
após a atualização do saldo, os rendimentos são disponibilizados para saque no
novo calendário. Os rendimentos variam conforme o saldo existente na conta do
PIS vinculada ao trabalhador.
Para saber se tem direito e como
sacar
Para sacar o abono do PIS, o trabalhador que possuir Cartão do Cidadão e
senha cadastrada pode se dirigir aos terminais de autoatendimento da Caixa ou a
uma casa lotérica. Se não tiver o Cartão do Cidadão, pode receber o valor em
qualquer agência da Caixa, mediante apresentação de documento de identificação.
Informações sobre o PIS também podem ser obtidas pelo telefone
0800-726-02-07 da Caixa. O trabalhador pode fazer uma consulta ainda no site
www.caixa.gov.br/PIS, em Consultar Pagamento. Para isso, é preciso ter o número
do NIS (PIS/Pasep) em mãos.
Os servidores públicos que têm direito ao Pasep precisam verificar se
houve depósito em conta. Caso isso não tenha ocorrido, precisam procurar uma
agência do Banco do Brasil e apresentar um documento de identificação. Mais
informações sobre o Pasep podem ser obtidas pelo telefone 0800-729 00 01, do
Banco do Brasil.
Sudeste concentra maior parte
A região Sudeste concentra a maior parte das pessoas que têm direito ao
abono e ainda não sacaram o dinheiro, com mais de 1,1 milhão de trabalhadores.
Isso representa mais de R$ 3,1 bilhões disponíveis.
A região Norte é a que tem o menor número de pagamentos pendentes,
totalizando cerca de 148 mil pessoas e R$ 367 milhões em caixa.
Na região Sul, 440 mil trabalhadores ainda não fizeram o saque, e R$ 1,2
bilhão em benefícios ainda estão disponíveis.
Já na região Nordeste, 353 mil não retiraram o dinheiro, com um total de
aproximadamente R$ 1,2 bilhão à espera dos trabalhadores.
A região Centro-Oeste tem quase 235 mil benefícios não pagos, cerca de
R$ 603 milhões.
Cotas do PIS-Pasep
Em maio, o governo anunciou que vai reabrir a autorização para saques de quem tem cotas do Fundo PIS-Pasep.
Segundo o secretário de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery
Rodrigues, a liberação dos saques deve injetar mais de R$ 20 bilhões na economia e
beneficiar cerca de 14 milhões de pessoas.
Durante o governo do presidente Michel Temer, a equipe econômica fez uso
da medida para estimular a economia, autorizando o saque de cotas do PIS e Pasep até o dia 28 de setembro do ano passado por
beneficiários de todas as idades.
O dinheiro do Fundo PIS-Pasep foi sacado por 11,4 milhões de cotistas
com menos de 60 anos, no total de R$ 10,7 bilhões. Outros 4,2 milhões de
pessoas não buscaram o dinheiro dentro no prazo. Quem não sacou, no entanto,
não perdeu o direito aos recursos.
Agora, voltaram os critérios anteriores para o saque que são idade a
partir de 60 anos, aposentadoria, invalidez (inclusive do dependente), morte do
cotista (habilitando o herdeiro a sacar) e algumas doenças graves, como câncer,
aids, Parkinson e tuberculose (incluindo o dependente).
Nesses casos, é possível fazer os saques a qualquer momento, sem
necessidade de seguir cronograma, e o prazo continua aberto por tempo
indeterminado.
Tem direito ao Fundo PIS-Pasep quem trabalhou com carteira assinada na
iniciativa privada ou foi servidor público civil ou militar entre 1971 e 1988.
Os fundos do PIS e do Pasep funcionaram de 1971 a 1988 e davam direito
ao trabalhador de receber o rendimento das cotas e sacar o dinheiro em caso de
aposentadoria, doença grave ou ao completar 70 anos.
A partir de outubro de 1988, após a promulgação da Constituição, a
arrecadação do PIS-Pasep passou para o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT),
que paga o seguro-desemprego e abono salarial, e para o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que faz empréstimos a empresas.
Como as cotas do Fundo PIS-Pasep vigoraram durante um período específico, muitos beneficiários desconhecem esse direito e, no caso de morte do cotista, muitos herdeiros também não sabem que têm direito ao dinheiro. Por isso, o governo ampliou o limite de idade e estipulou calendários para incentivar os saques e injetar dinheiro na economia.
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