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Mesmo voltando a
render mais que a inflação, a aplicação financeira mais tradicional dos
brasileiros continua a enfrentar a fuga de recursos. Em novembro, os
brasileiros sacaram R$ 7,42 bilhões a mais do que depositaram na caderneta de
poupança, informou hoje (6) o Banco Central (BC).
A retirada líquida
(saques menos depósitos) é a segunda maior para o mês desde o início da série
histórica, em 1995. Só perde para novembro do ano passado, quando os
correntistas retiraram R$ 12,38 bilhões a mais do que depositaram.
Com o desempenho de
novembro, a poupança acumula retirada líquida de R$ 109,47 bilhões no acumulado
do ano. Essa também é a maior retirada acumulada para o período desde 1995.
Em 2022, a
caderneta registrou captação líquida (mais depósitos que saques) apenas em
abril, quando o fluxo ficou positivo em R$ 3,51 bilhões. Nos demais meses, as
retiradas superaram os depósitos, num cenário de inflação e endividamento
altos. Os rendimentos voltaram a ganhar da inflação por causa dos aumentos da
taxa Selic (juros básicos da economia), mas outras aplicações de renda fixa são
mais atraentes que a poupança.
Em 2020, a poupança
tinha registrado captação líquida (depósitos menos saques) recorde de R$ 166,31
bilhões. Contribuiu para o resultado a instabilidade no mercado de títulos
públicos no início da pandemia da covid-19 e o pagamento do auxílio emergencial,
que foi depositado em contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal.
No ano passado, a
poupança tinha registrado retirada líquida de R$ 35,5 bilhões. A aplicação foi
pressionada pelo fim do auxílio emergencial, pelos rendimentos baixos e pelo
endividamento maior dos brasileiros. A retirada líquida – diferença entre
saques e depósitos – só não foi maior que a registrada em 2015 (R$ 53,57
bilhões) e em 2016 (R$ 40,7 bilhões). Naqueles anos, a forte crise econômica
levou os brasileiros a sacarem recursos da aplicação.
Rendimento
Até recentemente, a
poupança rendia 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia). Desde dezembro
do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial
(TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano.
Atualmente, os juros básicos estão em 13,75% ao ano, o que fez a aplicação
financeira deixar de perder para a inflação pela primeira vez em dois anos.
Nos 12 meses
terminados em novembro, a aplicação rendeu 7,67%, segundo o Banco Central. No
mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15), que
funciona como prévia da inflação oficial, atingiu 6,17%. O IPCA cheio de
novembro será divulgado na próxima sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
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