A Marinha do Brasil
formaliza nesta quinta-feira (5) o contrato de R$ 9,1 bilhões da compra de
quatro avançadas fragatas da nova classe Tamandaré. É o primeiro contrato da
área militar do governo Jair Bolsonaro.
Os navios serão
construídos em Santa Catarina, nos estaleiros Oceana, de Itajaí, por meio do
consórcio Águas Azuis, formado por três empresas: a alemã Thyssenkrupp Marine
System, associada com as brasileiras Atech e Embraer Defesa e Segurança. A
primeira fragata será entregue em 2024 e a última em 2028.
A cerimônia de
assinatura será um evento técnico, no Arsenal do Rio de Janeiro. A próxima
etapa é dedicada à elaboração do projeto executivo e vai exigir um ano de
adequações e estudos antes do início da construção da flotilha.
A Marinha
considerou até o segundo semestre de 2019 a produção de corvetas, embarcações
mais leves e com menor poder de fogo. Entretanto, o projeto ganhou dimensões
decorrentes da aplicação como unidades de escolta, vigilância do mar e controle
de área.
Nesta terça-feira
(3) o comando da força decidiu que os navios passam a ser designados como
fragatas. A plataforma de referência é a família Meko A100, da Thyssenkrupp,
com alterações.
São máquinas de
guerra sofisticadas, lançadoras de mísseis e torpedos pesados. Incorporam
recursos stealth, de redução de visibilidade ao radar, no desenho e no
revestimento.
Deslocam cerca de
3.500 toneladas e medem 107 metros. Levam apenas 136 tripulantes, mais um
helicóptero, capaz de realizar operações antissubmarino, e um drone, veículo
não tripulado de uma nova geração, com capacidade para pouso e decolagem
verticais.
Os mísseis
antiaéreos Sea Ceptor, com 25 km de alcance, são disparados por lançadores
verticais. Os mísseis antinavio do tipo Exocet, europeus, e os nacionais
Mansup, atualmente na campanha final de testes, tem alcance entre 70 km e 180
km.
Os recursos de
precisão permitem que possam ser dirigidos também contra outros alvos –
instalações em terra, por exemplo. Ambos os tipos, carregando ogivas de 180 kg
de explosivos de alto rendimento, utilizam o mesmo sistema de lançamento.
Não é só. As novas
fragatas tem dois canhões de tiro rápido e duas lanchas de casco semirrígido em
compartimento interno.
Servem para levar
grupos de forças especiais em missão de abordagem ou desembarque furtivo. Para
defesa próxima há duas metralhadoras .50 a bombordo (lado esquerdo) e estibordo
(lado direito).
Torpedos pesados de
533 mm com raio de ação de 50 km e 250 kg de carga explosiva, completam o
arsenal de bordo.
A força de fragatas
atualmente em uso tem cerca de 40 anos. São da classe Niterói, de 3,2 mil
toneladas, compradas no Reino Unido durante o governo do general Ernesto
Geisel, e modernizadas ao menos duas vezes nesse período.
O envelhecimento do
grupo é um problema para a defesa dos 5,7 milhões de km² no Atlântico Sul que a
Marinha chama de Amazônia Azul.
Nesse espaço,
equivalente a mais da metade do território nacional, estão recursos como as
reservas de óleo e gás do Pré Sal e os depósitos de recursos minerais
estratégicos.
Os 228 portos
locais movimentam por ano 1 bilhão de toneladas de produtos – 95% do movimento
das exportações e importações realizadas no País.
Questionamento
O processo para
aquisição dos novos navios encarou dificuldades. O Sindicato dos Trabalhadores
da Indústria Metalúrgica, Mecânica e do Material Elétrico de Pernambuco
apresentou, em julho do ano passado, denúncia de irregularidade na escolha do
consórcio Águas Azuis.
Em dezembro, o TCU
(Tribunal de Contas da União) rejeitou a ação e arquivou o processo.
Pouco depois disso,
o presidente Jair Bolsonaro aprovou o aporte suplementar de R$ 4,25 bilhões
para a capitalização – iniciada em 2018 – da Emgepron-Empresa Gerencial de
Projetos Navais, organização corporativa da Marinha que vai cuidar da gestão de
todo o empreendimento.
Segundo o almirante
Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar, chefe da Diretoria de Gestão de Programas,
“esse modelo vai conferir a necessária agilidade de execução ao programa
Tamandaré”.
O contrato é amplo.
Tem amplas cláusulas de compensações comerciais e de transferência de
tecnologia em todas as áreas e fases. A primeira fragata terá cerca de 32% de
índice de nacionalização. Os três navios seguintes terão 41,5%.
A Marinha estimam
que o projeto vai gerar 2 mil empregos diretos e mais 4 mil indiretos em Itajaí
e em toda a rede nacional de fornecedores.
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