A dengue é uma velha conhecida dos brasileiros. Informações
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelam que os primeiros relatos da doença
datam do final do século XIX. Mesmo com os avanços nas tecnologias e nas ações
do poder público no combate ao mosquito transmissor, o Aedes aegypti, a doença
ainda persiste no Brasil. O Ministério da Saúde registrou mais de um milhão e
meio de casos em 2019 – um aumento de 488% em relação a 2018.
E, em 2020, a preocupação se volta para um possível surto na região
Nordeste e em dois estados do Sudeste: Rio de Janeiro e Espírito Santo. A
explicação é a circulação do sorotipo 2 da dengue nessas localidades.
O pesquisador da Fiocruz Brasília, Claudio Maierovitch, explica que o
vírus causador da dengue se divide em quatro sorotipos. Entre eles está o tipo
2, que apresenta os mesmos sintomas em relação aos outros, além de formas de
evolução similares. A diferença é que, quando alguém é infectado por um deles,
só fica imune contra esse tipo específico.
Maierovitch lembra que o sorotipo 2 foi responsável pela epidemia de
dengue em 2009. Até 2018, não houve uma circulação “evidente” desse vírus no
país, o que contribuiu para um aumento de casos no ano passado, situação que
pode se repetir em 2020.
“Há alguns anos, o sorotipo 2 não circulava com intensidade pelo país, mas
voltou a circular. Quando uma pessoa tem dengue por um segundo tipo, a chance
de que essa doença seja mais grave é maior. É como se o organismo, numa segunda
infecção, ficasse mais frágil e houvesse uma possibilidade de proliferação
maior dos vírus, produzindo uma doença mais grave.”
O diretor do Departamento de Imunizações de Doenças Transmissíveis da
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Júlio
Croda, ressalta que não existe alerta específico sobre gravidade ou
sintomas diferentes em relação ao sorotipo 2. A questão, segundo o especialista,
é que enquanto algumas pessoas com idade mais avançada possuem imunidade contra
esse sorotipo, os mais jovens estão “suscetíveis” à contaminação por essa
variação do vírus.
Pelo motivo, Croda reforça a necessidade de toda a população ficar atenta
e eliminar os criadouros do mosquito transmissor.
“Essa eliminação de focos deve ser semanal. O ciclo do mosquito se
completa em sete dias. Se você demora mais de sete dias para eliminar um foco,
você não é eficiente na eliminação do mosquito, porque já ocorre a
transformação em larva e em mosquito alado.”
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