Os embarques de produtos relacionados à soja catarinense
somaram mais de 1,15 milhão de toneladas de janeiro a maio, volume recorde da
série desde 2015, totalizando US$ 398,7 milhões. Nas exportações do estado nos
primeiros cinco meses de 2020, a soja tem destaque, com participação de 11% no total das vendas.
“O complexo soja envolve grão, farelo, farinha, óleo refinado e bruto”,
explica Haroldo Tavares Elias, analista do Centro de Socioeconomia e
Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa). A China continua sendo destino
preferencial da soja catarinense, somando 93% do total embarcado entre janeiro e
maio. “A crescente dependência do mercado chinês deve merecer atenção do
agronegócio, mercado e produtores”, observa Elias.
Preços
A análise da
Epagri/Cepa também mostra recuperação dos
valores pagos pelo grão. Em maio, os preços da soja catarinense apresentaram
uma reação de 9,57% em relação a abril e alta de 33% frente ao mesmo mês de
2019. Desde fevereiro a alta dos preços foi de 23%, acompanhando a relação
cambial entre real e dólar.
Os bons preços registrados desde o início do ano mantêm elevada a
participação da soja no valor bruto da produção estadual, apesar da queda de
mais de 20% na produtividade da safra 2019/20 em relação ao ciclo agrícola
anterior.
Brasil
O Brasil se consolida como maior exportador mundial e agora também assume
a posição de maior produtor. Neste ano, as exportações estão sendo recordes. De
janeiro a junho, mais de 50 milhões de toneladas foram embarcadas pelo Brasil,
posicionando a soja como primeiro item no ranking geral de exportações
nacional. O grão representa mais de 70% das exportações do agronegócio
brasileiro.
“Em que pese a contribuição significativa da soja na balança comercial
brasileira, é necessário analisar o contraponto de todo este sucesso, sem
imputar culpas a um setor específico, mas sim da conjuntura atual”, avalia
Haroldo. Ele lembra que outras culturas, como feijão, arroz e mandioca,
registram retrações sucessivas nos cultivos ao longo das últimas décadas. “São
espécies que geram a base da alimentação do brasileiro”, alerta o analista.
Em Santa Catarina, a área cultivada com soja concorre com o espaço do
cultivo do milho. As duas culturas somam cerca de 1,24 milhões de hectares
cultivados, 690 mil hectares com soja e 550 mil hectares com milho grão e
silagem.
O analista esclarece que Santa Catarina tem poucas áreas com possibilidade
de ampliação de cultivo de milho, assim a saída para minimizar esta condição é
ganho por rendimento de área e alternativas de outros grãos na composição das
rações.
Em Santa Catarina a expansão do cultivo de soja tem evoluído
significativamente. De 2000 a 2020 o crescimento da área de cultivo foi
superior a 85%, incorporando 317 mil hectares.
Origem chinesa
A planta de origem chinesa foi adaptada às mais diversas regiões e climas,
ganhando o mundo. De seus múltiplos usos, do óleo de cozinha, passando pelo
biocombustível ao concentrado proteico para rações, o cultivo da leguminosa tem
sua demanda crescente para abastecer o complexo agroindustrial.
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