Atendendo a
convocação da Câmara Municipal de Vereadores, a secretária municipal de Saúde,
Geni Girelli, e o coordenador do Comitê de Crise da Covid-19, Maurício
Piacentini, participaram da sessão ordinária desta terça-feira (2), para falar
de ações de combate ao coronavírus em São Miguel do Oeste.
A participação dos
representantes da área da saúde ocorreu após requerimento de Maria Tereza Capra
(PT), Carlos Agostini (MDB), Cris Zanatta (PSDB), Gilmar Baldissera (PP) e Nini
Scharnoski (PL), que convocaram Geni Girelli; e requerimento de Carlos
Agostini, que convocou Maurício Piacentini.
Geni Girelli
explicou como funciona a distribuição das vacinas, que são encaminhadas pelo
Governo Federal ao Governo Estadual, que distribui aos municípios; que o município
cumpre o Plano Nacional de Vacinação, o Plano Estadual de Vacinação e as demais
normativas. Geni explicou que a São Miguel coube decidir como operacionalizar a
vacinação contra a covid-19. “Escolhemos a Praça Walnir Bottaro Daniel por ser
amplo, ter espaço e permitir um fluxo de pessoas”, ressaltou.
“O público
prioritário que o Plano Nacional coloca são os trabalhadores na área da saúde e
os idosos. Qual o quantitativo desse público? No levantamento que fizemos,
estima-se que trabalhadores na área da saúde são em torno de 2 mil”, afirmou a
secretária de Saúde, ressaltando ainda que os idosos acima de 60 anos são em
torno de 5.600. Ela explanou sobre as doses já aplicadas da vacina na
população. “Os profissionais que trabalham no Hospital Regional estão com
cobertura vacinal em torno de 90%. Samu, UPA, Centro de Triagem, estão com 100%
de cobertura”, citou.
Geni falou sobre as
ações tomadas durante a pandemia, como a criação de protocolos de atendimento e
a abertura do Centro de Triagem. Ela citou a reestruturação do atendimento da
Secretaria Municipal de Saúde, como exemplo a UPA, que atende um fluxo de
pacientes com sintomas de covid-19 e outro fluxo de pacientes para outras
doenças. Mencionou os dados dos boletins epidemiológicos, apresentados diariamente;
da edição de decretos com medidas restritivas (até o momento foram editados 45
decretos, 13 portarias e 2 editais), entre outras ações de combate ao
coronavírus tomadas pelos órgãos municipais.
PROTOCOLOS DE
ATENDIMENTO
O coordenador do
Comitê de Crise, Maurício Piacentini, explicou que os atendimentos são
regulados por protocolos, que são os mesmos em São Miguel e em outras cidades
do país. São emitidos pela Anvisa, com base em critérios técnicos, e em alguns
casos adaptados à realidade do estado pelas Secretarias Estaduais de Saúde.
“Seguimos criteriosamente estes protocolos, seja para o afastamento de casos
sintomáticos respiratórios, de pacientes com diagnóstico confirmado, ou na
implementação do tratamento para casos suspeitos e confirmados. Os protocolos
servem para unidade nesses tratamentos, e para que o seguimento tenha desfecho
comum”, explicou o médico.
Em relação à rede
de atendimento, explicou que esta começa na atenção básica. “As unidades
básicas de saúde são a porta de entrada no SUS. No caso da covid-19, por ser
contagiosa, São Miguel do Oeste foi pioneira na região em abrir um Centro de
Triagem sintomático-respiratória, justamente para que estas pessoas não tenham
contato com outros pacientes com outras patologias diversas. As pessoas sabem
que diante de qualquer sintoma sugestivo de coronavírus, devem procurar o
Centro de Triagem, que funciona de segunda a sexta das 8h às 12h e das 13h às
17h (no salão paroquial). Fora desse período a UPA 24h é referência, em que sua
dinâmica de atendimento é modificada, justamente para evitar o contato de
pacientes com sintomas respiratórios com outros pacientes. O Hospital Regional
também segue o mesmo protocolo”, explicou o coordenador do Comitê de Crise.
FORMAS LEVES E GRAVES
“A covid-19 é uma
doença muito particular em relação a outras doenças virais. O coronavírus se
apresenta de forma agressiva em alguns e de forma leve em outras pessoas. O
nosso grande problema hoje são os leitos de UTI, em que falta no mundo todo, justamente
porque a doença se comporta de forma muito agressiva. O paciente que chega ao
hospital com baixa oxigenação do sangue tende a evoluir para necessidade de
terapia intensiva”, acrescentou Maurício Piacentini. Ele informou ainda que a
doença não tem padrão de comportamento, e citou casos de idosos que tiveram
casos leves, assim como jovens que foram a óbito devido à doença.
PREVISÃO DE
LOCKDOWN
Maurício Piacentini
afirmou que atualmente não há previsão de lockdown (fechamento de todos os
serviços), mas sim de medidas restritivas mais duras. Ele disse que pode haver
algumas medidas mais restritivas “principalmente em setores em que a
fiscalização identifica taxa de descumprimento às medidas sanitárias mais
elevadas”. “Não há perspectiva de lockdown, mas pode acontecer; semana que vem
a perspectiva pode ser outra”, ressaltou, informando que depende do cenário em
que estará a doença.
O coordenador do
Comitê de Crise explicou como se dão as decisões no grupo. “Nesta segunda, o
Comitê de Crise se reuniu pela 32ª vez. É técnico, composto por profissionais
da saúde, médicos, enfermeiro, epidemiologista, profissionais da segurança
pública, de salvamento, de desastres, de assistência social, representantes da
sociedade civil organizada. Antes de qualquer decisão o Comitê avalia números,
perspectivas, prognósticos, gráficos de comportamento da doença”, afirmou. Ao
citar que a covid-19 já existe há quase um ano e quatro meses no mundo, afirmou
que “muito conhecimento foi gerado e modificado ao longo desse período. Buscamos
esse conhecimento novo e aprender com os erros ocorridos em outras regiões”.
QUESTIONAMENTOS
Geni e Maurício
responderam também a questionamentos de vereadores. Entre os temas perguntados,
estão o número de atendimentos no Centro de Triagem, a fiscalização das medidas
de distanciamento social, o repasse de recursos para ações de combate à
covid-19, o atendimento a outras doenças, os encaminhamentos para realização de
exames, tratamento precoce, medidas restritivas em vigor, entre outros.
“Toda pessoa que
tem sintoma sugestivo do coronavírus, após a consulta médica, é imediatamente
isolada para que não tenha contato com outras pessoas, pois está com carga
viral elevada e pode passar o vírus para outras pessoas. Há dois testes
rápidos, o do antígeno feito do 1º ao 6º dia, é o do cotonete. O segundo é o do
anticorpo, do IGG e IGN, a partir do 7º dia, e quanto mais tempo se passar,
melhor, porque o nível dos anticorpos vai aumentar”, explicou Maurício
Piacentini. Há ainda outro teste que dá resultado com mais confiabilidade, mas
é pouco utilizado pois demora mais tempo; o exame vai para o laboratório do
Estado para depois retornar com o resultado.
TRATAMENTO
O coordenador do
Comitê de Crise explicou que o tratamento depende da avaliação médica de cada
paciente, e depende dos sintomas. Sobre o “tratamento precoce”, Maurício foi
enfático em dizer que medicamentos profiláticos, para evitar o vírus, não
existem. “O tratamento que existe é não se expor ao vírus, manter
distanciamento”, afirmou. No momento do diagnóstico, explicou, a prerrogativa
do tratamento é do médico, junto com o paciente, que juntos vão definir seu
tratamento. “Estudos têm demonstrado que utilizando ou não hidroxicloroquina, o
desfecho não vai mudar”, ressaltou.
Maurício contou que
foi contaminado com o coronavírus em dezembro de 2020, que teve sintomas
moderados. Disse que não utilizou hidroxicloroquina nem ivermectina
(medicamentos citados como de “tratamento precoce”) em toda a pandemia. “Quando
a gente está sentindo o problema na pele, é uma doença que nos causa muita
preocupação, e a gente entende o que a população sente agora, que é uma
situação grave, um momento de unirmos esforços, que é um momento de cuidar, de
parcimônia, de empatia, de que a situação é delicada.”
Por fim, Piacentini
destacou que São Miguel do Oeste, apesar dos 25 óbitos confirmados por
covid-19, tem uma taxa de mortalidade bem menor do que outros municípios de
região.
O médico explicou
que casos leves são encaminhados para isolamento, uma medicação sintomática é
recomendada, e no caso de agravamento, é recomendado que retorne para
atendimento médico. Maurício também pediu à população que ajude a fiscalizar
aglomerações, que denunciem para a Polícia Militar. “Nós não estamos na onda
ainda, a onda está começando”, advertiu.
Maurício fez um
apelo para cada um fazer a sua parte. Ele disse que se tivesse 300 leitos de
UTI, se as pessoas continuarem não se preocupando e não se cuidando, os 300
leitos serão ocupados.
AULAS E VACINAS
Sobre a volta às
aulas e a manutenção das aulas presenciais, Maurício Piacentini explicou que o
retorno que tiveram das fiscalizações nas unidades escolares, foi verificado
que todos estavam cumprindo os planos de contingência, e não foram verificadas
irregularidades em relação às medidas sanitárias, e que o retorno às aulas se
deu de forma segura.
Maurício disse que
já foi indagado sobre a vacinação dos professores. “Se dependesse de nós, se
possível fosse, todos seriam vacinados pra ontem. Mas infelizmente a corrida
atrás de vacinas é mundial. Somos quase 8 bilhões de habitantes, e os 8 bilhões
querem vacinas. Infelizmente nesse momento não foi possível a vacinação dos
professores, e tão rápido quanto possível ela vai acontecer”, afirmou.
Mais uma vez o
médico pediu para denunciarem irregularidades, inclusive em unidades escolares.
“A orientação para órgãos fiscalizadores é que irregularidades serão
penalizadas de imediato.”
A participação dos
profissionais ocupou praticamente todo o espaço da sessão de terça-feira (2) e
se estendeu por mais de 3h30min. O vídeo da sessão está disponível nas redes
sociais da Câmara.
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