A votação da medida
provisória que estabelece um pente-fino em benefícios previdenciários, prevista para
ser votada nesta quinta-feira (30) pelo Senado, foi adiada para a próxima
segunda-feira (3), data em que o texto perde a validade.
O adiamento da votação, que já havia sido confirmada para esta
quinta-feira pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), aconteceu
após o senador Rogério Carvalho (PT-SE) informar que o partido pediria
verificação de quórum da sessão, que era insuficiente.
A expectativa de Alcolumbre era fazer uma votação simbólica do
texto, aprovado na madrugada pela Câmara dos Deputados.
"Neste momento, não vai ser possível a gente construir um acordo
que possa votar essas MPs porque a maioria dos líderes que estão aqui tem uma
posição, que é de pedir a verificação de quórum, e com certeza não teremos
número suficiente para fazer a sessão ocorrer", disse Carvalho.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), chegou a
sustentar que o texto poderia ser votado na próxima terça-feira.
Segundo ele, o prazo para a medida provisória só começaria a contar a
partir da primeira sessão deliberativa, realizada no dia 5 de fevereiro, e não
quando o Congresso abriu seus trabalhos, no dia anterior.
Portanto, por esse entendimento, a MP só caducaria na próxima
terça-feira (4).
A questão de ordem, porém, não foi acordada entre os líderes. A líder do
governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou que é "melhor não
correr riscos" e colocar o texto para votação na segunda.
"Os líderes acordaram para que seja votada na próxima
segunda-feira. E aí é o último prazo, é o dia final, é o 'dia D' da medida
provisória anti-fraude", disse Joice.
Segundo ela, o governo acredita que haverá quórum para votar as medidas
mesmo com a sessão realizada na segunda-feira, quando normalmente há poucos
parlamentares no Congresso.
"Agora vai ser essa operação telefone, liga para todo mundo, liga
para líder, liga para senador, para tentar fazer essa movimentação para ter o
quórum aqui suficiente para, caso haja um novo pedido de verificação, uma
nominal, nós tenhamos gente no plenário para fazer isso", afirmou a líder
do governo no Congresso.
Alcolumbre confirmou que a convocação de sessão deliberativa
extraordinária na próxima segunda-feira, às 16h, já foi feita pelo primeiro
vice-presidente, senador Antonio Anastasia, que presidia a sessão plenária
desta quinta-feira.
O presidente do Senado, que não estava presente à sessão, foi informado
do ocorrido e disse que já está em contato com os líderes partidários para
assegurar o quórum na segunda-feira.
"Já estamos falando com todos os líderes para garantir o quórum
necessário. Caso haja o pedido de verificação, que a gente tenha no plenário
uma quantidade suficiente de senadores para manter a verificação e aprovar a
medida provisória", afirmou Alcolumbre ao deixar a Convenção nacional do
seu partido, o DEM.
Estimativa de economia
O secretário especial da Previdência, Rogério Marinho, esteve no
plenário nesta quinta e disse não acreditar que a sessão da próxima
segunda-feira possa ser cancelada por falta de quórum.
"Nós vamos com certeza contar com o espírito de colaboração do
Senado da República, que trata de uma MP extremamente importante que trata de
combate à fraude no sistema previdenciário", afirmou o secretário.
Questionado sobre quais seriam os riscos para o país se a MP não fosse
aprovada, o secretário respondeu que "não vê essa hipótese" e que o
texto "vai ser aprovado".
Nos cálculos do governo, o texto poderá trazer uma economia aos cofres
públicos de R$ 9,8 bilhões em 12 meses. O secretário confirmou a estimativa e
disse que a economia ainda vai crescer nos anos seguintes, sem fazer uma
previsão exata.
"[A economia] Vai crescer de forma geométrica a partir do ano
subsequente já que a eficácia do projeto vai se dar no período anualizado. Pode
crescer em função dos resultados que esperamos obter", disse Marinho.
Outras MPs
Além da análise desta matéria, os senadores também devem votar a MP 872,
que prorroga até dezembro de 2020 o pagamento de gratificação aos funcionários
requisitados que trabalham na Advocacia-Geral da União (AGU).
Já a medida provisória 867, que promove alterações no Código Florestal,
não deverá ser votada, como afirmou novamente o presidente do Senado.
"Reitero que o Senado Federal não votará Medida Provisória 867, que
flexibiliza exigências do código florestal. Essa é a decisão do
parlamento", escreveu Alcolumbre em uma rede social.
No fim da sessão de quarta-feira, o presidente do Senado informou que a
decisão foi tomada após acordo com os líderes partidários. Alcolumbre afirmou
que há uma "reclamação constante" dos senadores em relação a medidas
provisórias que chegam ao Senado próximas de caducar, sem tempo suficiente para
discussão.
Medida provisória é um texto editado pelo presidente da República que
tem força imediata de lei, porém deve ser votado pelo Congresso para se tornar
legislação permanente.
"O presidente atendeu aos apelos dos senadores que argumentaram ter divergências com as matérias, mas nenhum tempo para debater e aprimorar o texto", diz nota da assessoria de Alcolumbre.
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