A Associação dos Servidores da Carreira Federal de
Especialista em Meio Ambiente e do Plano Especial de Cargos do IBAMA e ICMBIO
no Rio Grande do Sul (ASIBAMA/RS) encaminhou documento à presidente da Comissão
de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do RS, deputada Zilá
Breitenbach, pedindo medidas urgentes para enfrentar as consequências da seca
no Rio Uruguai.
Segundo o documento, a seca provocou um distúrbio de proporções nunca
vistas no Rio Uruguai, com redução drástica no nível da água. Registros
fotográficos, assinalam os servidores, mostram o rio praticamente seco, onde se
pode atravessar de uma margem à outra, caminhando, por onde antes se encontrava
o leito.
A redução drástica do nível do rio, acrescenta o documento, não se deve
somente à seca, mas também pela destruição sistemática das matas ciliares,
banhados e áreas úmidas, além do uso descontrolado na irrigação de lavouras,
resultando em grande conflito pelo uso do recurso hídrico, deixando a população
em situação vulnerável. O nível extremamente baixo do rio, afirmam ainda os
servidores do IBAMA, deixou poços rasos no leito do rio e margens, dentro dos
quais os peixes concentrados ainda encontram condições de vida, se tornando
presas fáceis, vulneráveis a pesca esportiva e profissional.
– Fortes imagens da situação vêm circulando intensamente nas redes
sociais, mostrando a captura intensa de pescado, inclusive de espécies
ameaçadas de extinção como o dourado e o surubim. A pesca desmedida e o
desrespeito até as espécies ameaçadas indicam o grande impacto ambiental na
fauna do rio – alerta o documento. E acrescenta. – O reconhecimento da
gravidade da situação levou a Província de Corrientes na Argentina a editar no
final de abril a ‘Disposición nº 120’ da ‘Dirección de Recursos Naturales’,
proibindo todas as atividades de pesca no seu âmbito, até que se normalize a
vazão do rio, de forma a assegurar a fauna e recursos pesqueiros.
O IBAMA/RS encaminhou às autoridades públicas estaduais e federais, e aos
órgãos de controle, uma nota técnica relatando os fatos e propondo medidas
urgentes de controle da pesca, mas até agora essas medidas não foram tomadas,
com graves consequências para a fauna e os recursos pesqueiros da bacia do Rio
Uruguai. Diante deste cenário, os servidores pedem a adoção de medidas para a
proibição imediata da pesca amadora e profissional, em toda a bacia do Rio
Uruguai, por 60 dias, ou até que os níveis do rio indiquem a segurança aos
recursos pesqueiros, contemplando medidas de indenização aos pescadores
artesanais que sobrevivem da pesca, pelo período de proibição da atividade.
Além disso, pedem que sejam revisadas as vazões autorizadas para irrigação
de lavouras em períodos de estiagem, com vistas a garantir-se a disponibilidade
mínima de recurso hídrico necessário aos usos prioritários básicos de
atendimento às necessidades humanas, e da manutenção dos processos ecológicos,
previstos na legislação.
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