Lavouras seriamente comprometidas por causa da estiagem
Em situação de
estiagem desde junho de 2019, segundo dados do Governo Estadual, Santa Catarina
vem necessitando de uma conversa afinada entre os municípios e o Poder
Executivo. Durante o período, houveram momentos mais amenos, mas a situação
voltou a se agravar em 2020. As regiões mais atingidas são o Oeste, Meio-Oeste,
Extremo-Oeste e Planalto Sul.
Nesta terça-feira
(3), os presidentes de Associações de Municípios, da Federação Catarinense de
Municípios (Fecam) e o secretário de Estado da Agricultura, Ricardo de Gouvêa
se reuniram por via online para debater a situação. O prefeito de São José do
Cedro e presidente da Ameosc (Associação dos Municípios do Extremo Oeste de
Santa Catarina), Plínio de Castro representou os prefeitos dos 19 municípios da
região.
Após ouvir os
prefeitos, o secretário de Estado da Agricultura, Ricardo Gouvêa destacou que o
Governo de Santa Catarina vem realizando ações, incluindo, um fundo financeiro
- através da Epagri - para auxiliar os agricultores com valores de até R$ 25
mil de forma individual e de até R$ 50 mil quando em grupo, para posto,s
artesianos. Além disso, segundo ele, o Estado também tenta viabilizar recursos
junto ao Governo Federal para dispor de óleo diesel para a utilização dos
maquinários e do armazenamento da água da chuva nas propriedades por meio da construção
de cisternas.
Castro solicitou a
agilização do processo de homologação dos decretos de emergência apresentados
pelos municípios a fim de que seja possível dentre em breve a busca por crédito
e subsídios por parte do Governo Federal. Gouvêa pediu então para que os
municípios encaminhem a documentação necessária com dados técnicos para que se
agilize a homologação.
“Nós fizemos uma
série de reivindicações, em nome dos municípios aqui da região, especialmente
em ações a serem demandadas essa semana e emergencial mesmo, para que o Estado
disponibilize caminhões, tanques para distribuição, tanto de água bruta, quanto
de água tratada para o consumo humano. Que disponibilize para os municípios
reservatórios de água de cinco, de 10 mil, de 20 mil”, destaca.
O presidente da
Ameosc ainda reivindicou que o Estado disponibilize para os municípios ajuda
financeira para manter os caminhões de distribuição e os equipamentos dos
municípios, especialmente para custear diesel. Também solicitou ajuda
financeira para que os municípios possam terceirizar horas máquina para
abertura de bebedouros, ampliação dos reservatórios de água, tudo visando
melhorar a disponibilidade de água de animais também.
“Além disso,
solicitamos também para que o Estado crie algum crédito emergencial, isso
logicamente com a celeridade que a situação merece, até em conversação com o
Instituto do Meio Ambiente (IMA), para autorizar retirar água dos rios e dos
riachos aonde tem para abastecimento de animais, disponibilizando equipamentos
como bombas, mangueiras, reservatórios”, declara.
Durante a reunião,
a Epagri Ciram apresentou uma previsão de em média 60 milímetros de chuva até o
dia 18 de novembro. Ainda assim, a expectativa ficará abaixo da média nos
próximos dias na região. De junho de 2019 para cá, o déficit de chuva já é de
600 milímetros.
“Esperamos
celeridade no atendimento por parte da Defesa Civil e do Governo Federal para
socorrer os municípios e os agricultores para que possam vencer esse momento de
dificuldade”, finaliza Castro.
OS DANOS NOS
MUNICÍPIOS
Conforme relatório
apresentado pela Epagri Regional, os prejuízos são identificados em todos os
municípios. Dos 19 municípios que compõe a Associação, todos já decretaram
situação de emergência. Em Anchieta, por exemplo, o plantio das culturas de
verão está atrasado e o que foi implantado está com problemas. Em Bandeirante,
a queda na produção de leite é de mais de 20 %, sem contar a silagem que já
está comprometida. Perdas com milho safra já chegam a 30%. Outras culturas que
vem sofrendo prejuízos foram a soja (10%), feijão (30%) e fumo (50%).
Em Barra Bonita, a
chuva da última semana não amenizou a situação da estiagem. Por lá, plantios
das lavouras estão atrasadas, a germinação e desenvolvimento das culturas
comprometidas. Em Belmonte, agricultores estão descartando animais improdutivos
em função da baixa disponibilidade de alimentos e água. No município de
Descanso as áreas de milho semeadas apresentam danos significativos, algumas
comprometidas com necessidade replantio, além de haver também ocorrência de
ataque de lagartas.
Em Dionísio
Cerqueira, com as últimas chuvas ocorridas houve condição para germinação e
desenvolvimento inicial das culturas de verão já implantadas, mas já com
prejuízos acumulados em temos de redução na produtividade, o que pode ser
agravado caso o déficit hídrico se prolongue. Já em Guaraciaba, o
desenvolvimento das culturas implantadas e pastagens foi afetado pela estiagem
e deverá ter reflexos na produtividade das mesmas. Há escassez de alimentos
para os animais em algumas propriedades.
Em Guarujá do Sul,
a estiagem comprometeu o rebrote das pastagens e, na maioria das propriedades,
as vacas estão sendo mantidas à base de silagem, ração e feno, feito
principamente com aveia do inverno. Em Iporã do Oeste, o cursos d'água no
município estão com baixo nível de água. Segundo a prefeitura, o transporte de
água está sendo realizado para mais de 80 famílias, principalmente em
propriedades maiores, com grande número de animais. No município de Itapiranga,
a produção de forragem foi severamente afetada e, devido a esta situação, há
aumento no trato dos animais por alimentos conservados (silagens, feno,
pré-secado). Além disso, várias lavouras de milho apresentam retardo no
desenvolvimento.
Outro município que
vem sofrendo prejuízos na região é Mondaí. Por lá, as pastagens perenes de
verão estão bastantes prejudicadas, não estão germinando. O gado leiteiro e de
corte estão reduzindo sua produção em função da escassez de alimentos. Em Palma
Sola, a situação das pastagens é bastante preocupante, principalmente as
anuais. A diminuição da produção de leite em propriedades que não tem silagem,
é drástica. Ainda persiste a necessidade de abastecimento das famílias.
Em Paraíso, os
reflexos também podem ser percebidos. A falta de chuvas tem afetado a qualidade
e desenvolvimento das pastagens. O milho plantado germinou mal e algumas
lavouras já estão comprometidas. Em Princesa, as lavouras de milho já plantadas
estão com baixo desenvolvimento e já se percebe alto ataque de pragas. Quem
arriscou plantar mais tarde, está tendo sérios problemas de germinação e o
stand de plantas ficou comprometido. No município de Santa Helena, as pastagens
de inverno terminaram e as de verão estão com produção abaixo do esperado,
sendo necessário uso de muito alimento conservado. Por lá, algumas unidades já
enfrentam falta de água para os animais, o que tende a se agravar.
Em São João do
Oeste, muitas lavouras de milho estão em pendoamento e com porte mais baixo.
Algumas áreas têm semeadura sendo postergada, pastagens com crescimento baixo e
lavouras de fumo com desenvolvimento menor. Em São José do Cedro, a maior
demanda é para o abastecimento de água para os animais e famílias no interior.
Além disso, há o comprometimento do plantio da safra de verão, bem como das
pastagens para alimentar a grande bacia leiteira que tem na região.
Em São Miguel do
Oeste, o desenvolvimento das pastagens também está bastante comprometido
aumentando assim a utilização de alimentos conservados para os bovinos. No
município, muitas famílias estão tendo problemas com abastecimento de água,
sendo necessária a intervenção da administração no transporte de água para as
propriedades. Em Tunápolis, há lavouras em desenvolvimento, no entanto, em
alguns casos com germinação irregular. Algumas famílias adiaram o plantio e
aguardam as chuvas para fazer o mesmo. No município, os agricultores fazem o
transporte de água por conta própria.
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