Agricultura 4.0, internet das coisas levada ao campo, sensoriamento de cada planta ou cada animal, inclusive de peixes. Estes são alguns dos avanços que a aproximação com o setor aeroespacial está proporcionando ao agronegócio brasileiro e que foram discutidos no webinar As relações da indústria catarinense e a tecnologia espacial, que foi promovido nesta quinta-feira, dia 18, pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. As discussões trataram das possibilidades de uso de tecnologia espacial, incluindo o VCUB, um nanossatélite que é desenvolvido pela empresa Visiona, em parceria com o Instituto SENAI de Sistemas Embarcados, localizado em Florianópolis.
“Temos a oportunidade de identificar sinergias para o desenvolvimento tecnológico de soluções colaborativas, principalmente para o agronegócio, que responde por cerca de 20% do Produto Interno Bruto de Santa Catarina”, falou o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. “O uso de informações fornecidas pelo uso intensivo de tecnologia aeroespacial pode auxiliar em muito as ações do setor”, destacou. Segundo afirmou o presidente da entidade, “para a FIESC é uma satisfação, um ganho de experiência enorme, participar do desenvolvimento do satélite em parceria com a Visiona, o que vem ocorrendo desde 2018”.
O presidente da AEB, Carlos Augusto
Teixeira de Moura, disse que “todos os grandes países precisam de
sistemas espaciais, não têm como viver sem”. Para ele, questões ambientais, de
defesa, saúde, educação, são tratadas mais adequadamente quando com bons
dispositivos espaciais.
Conforme o diretor de Política Espacial e
Investimentos Estratégicos da AEB, Cristiano Augusto Trein, o Brasil
totaliza 22 milhões de quilômetros quadrados de responsabilidade territorial,
que incluem o território terrestre, o mar territorial e a área oceânica na qual
o país tem compromissos de resgate e salvamento. São necessárias ações de
soberania, autonomia e defesa e também de exploração econômica, que exigem
informações online e atualizadas. “Em 2018, circulou no mundo cerca de 360
bilhões de dólares somente na indústria, valor que tende a triplicar em 20
anos, chegando a cerca de 1 trilhão de dólares”. Do volume total registrado em
2018, somente 80 bilhões de dólares foram de orçamentos governamentais; os
outros 280 bilhões de dólares são movimentos da iniciativa privada.
Trein apresentou
oportunidades para o que chamou de agricultura, pecuária ou aquicultura de
precisão. A agricultura 4.0 prevê o uso de sensores, tecnologia, conhecimento
avançado do solo, das plantas, animais, umidade da planta, pH do solo, que
exigem interconectividade e uso de sensores em equipamentos em cada planta
cultivada e em cada animal criado, inclusive peixes.
A convergência
tecnológica e de conhecimentos da agricultura é uma das sete megatendências do
agronegócio brasileiro até 2030, segundo Bruno dos Santos Alves Figueiredo
Brasil, secretário de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa. “Não se
fala de um conhecimento agrícola estanque, como uma disciplina única. Pode-se
agregar biotecnologia, nanotecnologia, geotecnologia, tecnologia espacial e
tecnologias digitais, transformando o agronegócio e preparando o setor para o
crescimento futuro”, observou. Ele citou que existem propriedades rurais
brasileiras totalmente inteligentes, com gestão de plantios ou manejo de
rebanhos com sensores e imagens. “Isso ajuda a reduzir custos de produção e
permite a tomada de decisões com base em dados e de forma mais segura, de
maneira a projetar a produção e controlar as safras e todos os riscos aos quais
a agricultura está submetida”, disse.
Lucíola Magalhães, chefe-adjunta de
Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial (Campinas-SP),
salientou que as análises estratégicas da empresa são baseadas em sistemas de
inteligência territorial e mapeamentos e zoneamentos. Ela citou, como exemplo,
algumas atividades realizadas em Santa Catarina, como o desenvolvimento de uma
cadeia de inteligência para a geração de biogás a partir de dejetos de suínos e
aves, eventos de inovação aberta nas áreas de aves e suínos e projetos de
aquicultura.
João Paulo Rodrigues Campos,
presidente da Visiona Tecnologia Espacial, falou das oportunidades
oferecidas pelo VCUB, o nanossatélite cujo desenvolvimento conta com o apoio do
Instituto do SENAI. Segundo ele, “o principal desafio inicial que a empresa
assumiu foi o desenvolvimento de um sistema nacional de controle dos
satélites”, do qual nasceu a proposta do VCUB. O passo seguinte foi a
incorporação de uma câmara de alta resolução e um sistema de coleta de dados de
internet das coisas, levando às parcerias com o SENAI e o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE). “Passamos a nos preocupar com as aplicações, porque
a gente acredita que o satélite tem que resolver problemas complexos e reais,
não pode ser apenas um objeto de culto. Tem que servir para propósitos práticos”.
Assim, surgiram parcerias para a captação de dados meteorológicos e gestão
agrícola de cidades.
O diretor de Inovação e
Competitividade da FIESC, José Eduardo Fiates, analisou a relevância
e a competitividade de 15 setores industriais de Santa Catarina mais o turismo,
especialmente no cenário pós-pandemia. Conforme a análise, alguns setores terão
que recuperar a competitividade após a Covid-19. Ele também identificou que,
entre 16 setores analisados, oito são potenciais usuários de tecnologias
espaciais, 12 são potenciais fornecedores para a indústria espacial e 100%
deles podem agregar resultados e conhecimentos gerados pela tecnologia espacial.
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