Vacinas na linha de frente irão para testes clínicos em breve

10/06/2020 - 15h10

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta quarta-feira, 10, que as vacinas contra a covid-19 na linha de frente das pesquisas em andamento seguirão para testes clínicos "em breve". Ele não mencionou, porém, prazos ou expectativas para uma eventual vacina eficiente para a doença.

Durante entrevista coletiva da entidade, Ghebreyesus disse que há "mais de 37 países" envolvidos no ensaio clínico Solidariedade da OMS, inclusive da América Latina.

No caso das vacinas, ele notou que a entidade não tolerará qualquer teste direcionado para alguma população ou país como "cobaia", mas buscará garantir que os protocolos sejam usados e aplicados da mesma maneira em todas as nações envolvidas.

Em outro momento, o diretor-geral pediu que exista um compromisso político dos países para que, quando uma vacina for encontrada, ela esteja disponível para todos.

China

Diretor executivo da OMS, Michael Ryan foi questionado sobre um estudo da Escola de Medicina de Harvard, segundo o qual o novo coronavírus poderia ter surgido antes do que se sabe na China. "Não há evidência per se do que o que foi suposto de fato ocorreu", afirmou Ryan sobre o assunto.

O estudo usava imagens de satélite para monitorar o tráfego em seis hospitais de Wuhan, epicentro da pandemia, e descobriu um aumento significativo do tráfego nesses centros a partir de agosto, com pico em dezembro.

Ryan disse que a investigação mostrava um uso interessante de informações do tipo, mas pediu "cautela quando se faz essas associações" de que a covid-19 teria então surgido antes.

O diretor executivo disse que já houve análise exaustivas sobre as informações disponíveis sobre o novo coronavírus, para buscar as respostas sobre ele, mas disse que a OMS não "especularia" sobre essas conclusões do estudo citado.

O governo da China rejeitou na terça a conclusão da pesquisa.

UTIs

Ryan afirmou que há "muitas outras considerações que devem ser feitas", além da taxa de ocupação de UTIs, para se decidir sobre o relaxamento da quarentena, diante da pandemia de coronavírus. "Se tivesse 1 milhão de leitos de UTI, está tudo bem se tiver 1 milhão de pacientes em estado grave?", questionou, durante entrevista coletiva da entidade.

Ele admitiu que muitos países "enfrentam escolhas muito difíceis" nesse processo de reabertura e também lembrou o impacto econômico com as medidas de distanciamento social.

Ryan lembrou ainda que muitos países tiveram de recorrer às quarentenas por estarem em um quadro de rápida disseminação da doença e sem controle sobre por onde exatamente o vírus circulava.

Além disso, apontou que as nações escolheram estratégias distintas, com mais ou menos controle da população. Segundo ele, os países que agiram mais cedo e de modo abrangente tenderam a fazer menos quarentenas rígidas para proteger seus sistemas de saúde. "O tempo dirá quem fez isso na hora certa e na melhor combinação", disse.

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