Foto: Tiarajú Goldschmidt/Câmara de Vereadores
A vazão do rio das
Flores – um dos locais de captação da água para tratamento pela Casan, e
posterior distribuição à população de São Miguel do Oeste – foi um dos
principais temas debatidos durante audiência pública realizada pela Câmara
Municipal de Vereadores na última sexta-feira (16). O encontro foi promovido
por iniciativa do vereador Carlos Agostini (MDB) e reuniu representantes da
Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e do Poder Executivo
Municipal, além de representantes de setores da comunidade.
No início da
audiência, o proponente Carlos Agostini fez um histórico, lembrando que o
contrato com a Companhia está vencido há aproximadamente um ano, e que em breve
a Administração Municipal deve lançar a licitação de água e esgotamento
sanitário para contratar a empresa que apresentar a melhor proposta ao
município.
Agostini disse que,
em conversa informal com representantes da Casan, ouviu que a empresa, caso
vença a licitação, deve tratar e fornecer água tratada para São Miguel do Oeste
e os municípios de Guaraciaba, Descanso e Bandeirante. “Infelizmente a gente
sabe que o histórico da Casan não é bom no município; sofremos muito nas
estiagens com a falta de água, e não há nenhuma ação com relação ao tratamento
de esgoto”, lamentou.
VAZÃO DO RIO DAS
FLORES
O vereador
ressaltou que na captação do rio das Flores há uma tubulação de 200 milímetros
e vazão de 65 litros por segundo, e está sendo instalada mais uma tubulação de
400 milímetros e vazão de 135 litros por segundo, totalizando 200 litros por
segundo naquele ponto. Ele se mostrou preocupado que caso esse sistema venha a
falhar, e não houver fluxo de água em período de estiagem, pode comprometer o
abastecimento de São Miguel do Oeste e dos outros municípios. Por isso,
questionou se há um estudo atual sobre a vazão do rio das Flores, e se ele foi
feito em períodos de estiagem. O vereador ainda questionou sobre o volume de
água tratado pela Casan, e a quantidade de pessoas atendidas.
O superintendente
da Casan para a região Oeste, Pery Fernando Fornary Filho, disse que a Casan
está fazendo tudo o que é possível e o impossível para que os problemas do
passado não se repitam. Ele explicou que estudo sobre a vazão do rio das Flores
é uma modelação matemática, que aponta que no ponto de captação há vazão de 700
litros por segundo em 98% do tempo. “A gente tem a possibilidade, que a
legislação nos permite, de captar até 50% dessa vazão, aproximadamente 340 ou
350 litros por segundo. A previsão da captação em longo prazo não chega nem
perto disso, vamos captar bem menos que isso”, respondeu Pery.
Em relação à
quantidade de pessoas atendidas, o engenheiro Vitor Gouveia, da Casan,
ressaltou que são tratados por dia 8 mil metros cúbicos de água; com vazão em
torno de 110 litros por segundo. Ele destacou que isso representa de 32 a 35
mil pessoas por dia, considerando 10.400 ligações de água.
Pedro do Couto
Costa, advogado do Município, foi questionado sobre o andamento do processo
licitatório. Ele ressaltou que foi concluído o procedimento de manifestação de
interesse, foram realizados estudos, e agora haverá consultas públicas, para
posteriormente se abrir o processo licitatório, que vai possibilitar a outras
empresas participarem, inclusive a Casan. Ele convidou para consulta pública a
ser realizada no dia 10 de julho, em que haverá a revisão do Plano de
Saneamento. A consulta será no Centro Administrativo, às 14h.
O ex-prefeito de
São Miguel do Oeste, José Carlos Zandavalli Fiorini, afirmou que conhece o rio
das Flores como poucos, e ressaltou que aquele curso d’água não tem vazão em
períodos de seca. Sugeriu que o estudo de vazão do rio seja feito em períodos
de estiagem, e ressaltou que na primeira seca, caso seja instalada a tubulação
no rio das Flores, não haverá água para captar para o abastecimento. Fiorini
sugeriu captar água do rio Peperi-Guaçu.
POÇOS E
QUALIDADE DA ÁGUA
O vereador Carlos
Agostini ressaltou que aproximadamente 30% da população é abastecida de água
por poços artesianos, e por isso convidou o médico Ricardo Martins para
apresentar estudo sobre contaminação dos poços. O estudo já havia sido
apresentado na Câmara em outra ocasião.
Ricardo Martins
apresentou o estudo relacionando pluviosidade e doença diarreica aguda (DDA),
tema de dissertação de mestrado, em que aponta que há grande percentual dos
poços de água impróprios para consumo. No estudo, ele concluiu que há
correlação entre pluviosidade e DDA, por conta de atividade agropecuária
intensa, falta de tratamento de esgoto, e solo basáltico. Ressaltou que na
cidade há 4.550 poços, ou seja, água sem tratamento.
A professora
Eliandra Rossi, da Unoesc, ressaltou que a população tem uma resistência ao
tratamento com cloro, pelo gosto e pela cor. “Existe uma falsa ideia de que a
água de poço é melhor, que é pura. Não quero dar a ideia de que a água de poço
não é para tomar. Água tratada é a água que eu vejo menos problemas. Digo para
você tomar a água que você faz análise frequente”, afirmou.
INVESTIMENTOS DA
CASAN
Outro tema abordado
na audiência foram os investimentos realizados pela Casan. O superintendente
Pery Fornary Filho ressaltou que quando foi decidido que se fizesse uma
captação de água no rio das Flores, com investimento de R$ 15 milhões, a Casan
estudou o rio. Disse que há tecnologia para buscar água até do rio das Antas,
mas questionou a que custo. Ressaltou que para captar água do rio Peperi-Guaçu
seriam mais R$ 20 milhões em investimentos. Ele disse que é necessário ir
melhorando aos poucos, que não adianta fazer uma obra grandiosa se consegue
resolver o problema de forma mais simples.
Pery afirmou que a
Companhia está no aguardo da finalização do Plano Municipal de Saneamento e do
processo licitatório. “A Casan tem interesse em ficar aqui”, afirmou, ressaltando
que a Companhia e o Governo do Estado estão se comprometendo para que todo
mundo seja bem atendido e tenha água em sua casa.
Ele explicou que a
Casan tem outros investimentos a fazer em São Miguel, citando o projeto do
esgotamento sanitário, que está tramitando no Instituto do Meio Ambiente (IMA).
“Vamos receber uma licença prévia para fazer o processo de esgotamento
sanitário, que está orçado em mais de R$ 40 milhões, para atender toda a região
central de SMO. Esse investimento só será feito com o contrato na mão, para
termos segurança jurídica de investir esse valor”, acrescentou.
O superintendente
da Casan também afirmou que estamos num “limbo jurídico” em relação ao Marco
Legal do Saneamento, enquanto o Senado não analisa os decretos do presidente da
República; destacou que isso possibilita fazer um contrato sem licitação. “O
que a gente não quer são aqueles contratos antigos, que assinava, deixava 30
anos na gaveta e tirava para tentar renovar; os contratos anuais preveem ações
para cumprir todos os anos e ir acompanhando”, acrescentou.
Carlos Agostini
ressaltou que o intuito da audiência foi levantar informações para fazer um
novo contrato que atenda às necessidades de São Miguel do Oeste; disse que
sempre defendeu que a melhor empresa para renovar é Casan, mas que é preciso
ter certeza de que não vamos sofrer problemas com abastecimento de água em
períodos de estiagem. Ressaltou que quando vier o projeto da concessão da água
para a Câmara, irá analisar.
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