Inter depende dos gols de Guerrero para reverter a vantagem que é do Athlético
Das 31 vitórias
do Inter em 2019, nenhuma chegará perto da
importância de um triunfo sobre o Athletico-PR na decisão da Copa do Brasil. Afora a
obviedade da sentença acima, uma possível conquista de título, a partir das
21h30min, em um Beira-Rio para 50 mil torcedores, com
provável quebra de recorde de público, estará carregada de simbolismos.
Ganhar a Copa do Brasil significa retomar
os grandes títulos depois de passar pela humilhação da Segunda Divisão, e dar
ao estádio renascido em 2014 a sua primeira grande taça. Representa se reerguer
e voltar a conviver com a elite, não apenas disputar os mesmos campeonatos e
torneios que os gigantes do país jogam.
É sobre ser
protagonista, uma vez mais, e não apenas um participante. E, sobretudo, é
construir uma ponte de 27 anos que separam os colorados de seu mais recente
título brasileiro, dando a uma geração que já viu o Inter campeão mundial e da
Libertadores uma conquista nacional. Além disso, vencer o Athletico-PR esta
noite vale R$ 52 milhões em prêmios mais a vaga direta à Libertadores de
2020.
Mas, para que tudo
isso se realize em campo, o time de Odair Hellmann precisará superar o
Athletico por pelo menos dois gols. Ou vencer por um gol de diferença decidindo
nos pênaltis — e, possivelmente, provocando severos abalos emocionais nos
torcedores. A derrota por 1 a 0 para os paranaenses, em tempos de fim do saldo
qualificado, obriga Paolo Guerrero e seus companheiros a construírem um escore
superior a um gol para que a decisão se encerre a favor do Inter em 90 minutos.
A final da Copa do
Brasil será especial para D'Alessandro. O camisa 10 se tornou o grande drama
colorado para a decisão. Um desconforto na coxa direita, em meio ao treino dos
titulares na manhã desse domingo — enquanto os reservas batiam um outro
Atlético, o mineiro, por 3 a 1, em Belo Horizonte, fez do argentino um mistério
para o jogo.
Com dois treinos
fechados antes da partida, a presença de D'Alessandro como titular passa a ser
incógnita. Ainda em Minas Gerais, após o jogo pelo Brasileirão, o técnico Odair
Hellmann assegurou que o meia jogará. A final é emblemática para D'Ale por ser,
possivelmente, o fechamento com chave de ouro de sua carreira. Do retorno em
2017 para disputar a Série B à conquista da Copa do Brasil, a trajetória
colorada do argentino valeria um filme.
Mas, e se
D'Alessandro não tiver condições de jogo? Ou ao menos de não conseguir atuar
por 90 minutos? Em 2019, em momentos de ausência do camisa 10, o técnico Odair
Hellmann já utilizou Rafael Sobis, Nonato e até Martín Sarrafiore na função.
Mas, nunca, Wellignton Silva. Assim, caso D'Alessandro não tenha condições de
começar a final, tudo indica Sobis (com toda a sua mística junto ao torcedor
colorado) como o escolhido. Porém, é uma final, com o Inter necessitando de
gols, e Wellington está descansado, ficou em Porto Alegre, enquanto que Rafael
Sobis jogou por 75 minutos na Arena Independência.
Sem Rodrigo
Dourado, que não atua desde 10 de julho, e que segue sem previsão de retorno,
D'Alessandro voltou a ser capitão do time. Em sua eventual ausência, a
braçadeira é do goleiro Marcelo Lomba. Caso o Inter seja campeão, com
D'Alessandro em campo, ele se tornará o primeiro jogador estrangeiro a erguer o
troféu da Copa do Brasil — e certamente chamará Dourado ao palco para ajudá-lo
na tarefa.
— Pelo que vejo no
semblante de todo mundo, todos estão com muita vontade, muita ansiedade para
que chegue logo. Como dizem aqui: com a faca entre os dentes. É uma revanche
também, não queríamos ter perdido lá e aqui em casa temos a oportunidade de
virar. Essa é a única coisa que a gente quer. Estamos muito ansiosos, muito
confiantes e com muita vontade — ressaltou Guerrero.
Titular quase por
acaso, Rodrigo Lindoso se tornou um dos jogadores mais importantes do time ao
substituir o capitão Dourado. Para ele, a experiência do elenco colorado,
formado por jogadores campeões mundiais, campeões olímpicos, campeões
continentais, e até campeões olímpicos, poderá fazer a diferença na
decisão:
— Vamos aprendendo
a controlar a ansiedade, já participei de algumas finais e jogos importantes.
Não podemos deixar atrapalhar, somos profissionais e temos de controlar isso. O
horário do jogo vai chegar, então não precisamos pular etapas, temos de estar
focados no trabalho diário e com a cabeça boa. Temos de pensar no que nos
trouxe até aqui.
O Inter joga esta
noite para reencontrar a sua história. Joga por Carlitos, por Bodinho, por
Tesourinha, por Teté e por Larry. Joga por Manga, por Carpegiani, por Falcão,
por Valdomiro, por Mário Sérgio, por Minelli e por Ênio.
Joga por Gato
Fernandes, por Pinga, por Gérson, por Célio Silva, por Caíco e Lopes. Joga por
Fernandão, por Gabiru, por Iarley, por Alex, por Bolívar, por Índio e por Abel.
Joga por Kléber, por Tinga, por Eller, por Sobis e Leandro Damião. O Inter joga
pela sua redenção.
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