O deputado Arthur Lira (PP-AL),
líder do Centrão, será o novo presidente da Câmara Federal pelos próximos dois
anos. Apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, Lira recebeu 302 votos, contra
145 de seu principal concorrente, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), lançado por
Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Casa. Votaram 505 dos 513
deputados.
Além do apoio do Palácio do Planalto, Lira conseguiu ampliar
sua base na reta final da eleição. Entre as principais conquistas de sua
campanha estão os apoios do PSD, do PSL, que mudou de lado dias antes da
eleição, e um racha no partido de Maia, o DEM.
Em discurso no início da sessão, o deputado alagoano prometeu dar voz a todos
os colegas da Casa.
Disputaram a eleição outros seis deputados: Marcel van Hatten (Novo-RS) e Luiza
Erundina (Psol-SP), pelos partidos, e os candidatos independentes André Janones
(Avante-MG), General Petternelli (PSL-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG) e Kim
Kataguiri (DEM-SP).
Veja quantos votos obteve cada um dos candidatos:
Veja os placares das últimas eleições a presidente da Câmara:
2019
2017
2016
2015
Alinhado ao governo
Lira está alinhado ao governo Bolsonaro, que foi seu
principal cabo eleitoral. O presidente se reuniu com partidos e parlamentares,
ao longo da campanha, e afirmou que a eleição do deputado poderia garantir
"um relacionamento pacífico e produtivo" com a Câmara. O chefe do
Executivo também exonerou dois de seus ministros, Onyx Lorenzoni (Cidadania) e
Tereza Cristina (Agricultura), para que eles votassem no líder do Centrão. Logo
depois, retomarão suas pastas.
Com a eleição de Lira, a expectativa é que as reformas
econômicas sejam destravadas, mas a independência do Legislativo pode ficar
mais distante. O parlamentar do Centrão foi o responsável não só por apoiar a
Reforma da Previdência, em 2019, como partiu dele a ideia de aproximação com
Bolsonaro em 2020.
A palavra impeachment foi falada durante toda a campanha de
Lira e Rossi e deverá voltar à tona após a posse da nova Mesa Diretora,
principalmente se o emedebista for o vencedor.
Lira já afirmou que vai apontar problemas do governo e vai
cobrar explicações, como deve fazer todo parlamentar. Sobre os mais de 60
pedidos de impeachment de Bolsonaro, driblou os jornalistas em janeiro dizendo
que não era hora de se tocar no assunto.
Perfil
Arthur Lira está em seu terceiro mandato, é um agropecuarista
que começou a vida política em 1992, quando foi eleito vereador em Maceió,
capital de seu Estado, Alagoas.
Tornou-se líder do Centrão na atual legislatura por ter
trânsito fácil com os partidos no Congresso. Amigo do ex-presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, hoje preso por causa de investigações da Lava Jato, tem
contra ele denúncias vindas da mesma operação.
Antes de ser do PP (Partido Progressistas) , passou pelo PFL,
PSD, PTB e PMN.
Filho do ex-senador Benedito de Lira (PP), ele aprendeu com o
pai a se manter forte em todos governos e a aproveitar as oportunidades. Nos
bastidores do Congresso em Brasília é dito que ele costuma trocar apoio por
cargos importantes, o que pode explicar algumas nomeações do governo federal
nos próximos meses, caso saia eleito na Câmara.
Criticou o governo de Bolsonaro por suas pautas de costumes e
por polêmicas desnecessárias em 2019, mas tornou-se um aliado importante da
atual gestão na tramitação da Reforma da Previdência e de outras iniciativas do
governo federal.
Lira também apoiou a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito) das Fake News, em 2019, criada para apurar abusos cometidos por
apoiadores de Bolsonaro.
Por outro lado, partiu dele o esforço para tornar o Centrão
em 2020 a base aliada do presidente da República, iniciativa agora recompensada
com o apoio à candidatura.
A ideia de que o alagoano fechará os olhos e aceitará todas
as determinações do chefe do Executivo é vista com bastante cautela até mesmo
pelo Planalto. Em declarações recentes, o candidato apontou falhas na condução
da pandemia por parte do governo federal e fez críticas ao ministro da Saúde,
Eduardo Pazuello.
Garantiu ainda que em sua gestão não passa a criação de um
imposto sobre transações, uma espécie de nova CPMF, sugerida pelo ministro da
Economia, Paulo Guedes.
Em sua história no Parlamento, votou pela saída da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, mas foi contra o pedido de
impeachment do sucessor Michel Temer (MDB).
Lava Jato
O deputado alagoano teve de responder a várias acusações
graves durante a vida política. Entre elas citações de delatores da Operação
Lava Jato, segundo as quais ele integraria o grupo do PP que estaria por trás
do esquema criminoso que saqueava a Petrobras.
No início de dezembro do ano passado, poucos dias antes de
anunciar sua candidatura, um juiz de primeira instância o livrou, pelo menos
temporariamente, de uma outra acusação, de ser responsável por 'rachadinha'
(apropriação de parte do dinheiro dos servidores) na Assembleia Legislativa de
Alagoas entre 2003 e 2006, período em que era deputado estadual.
O Ministério Público de Alagoas recorreu da decisão, assinada
pelo juiz Carlos Henrique Pita Duarte. De acordo com a sentença, as provas utilizadas
na acusação são ilícitas e não poderiam ser consideradas.
O caso chegou ao STF em 2018, após a então procuradora-geral
da República, Raquel Dodge, encaminhá-lo à Suprema Corte e solicitar a perda de
mandato do parlamentar. O processo, por decisão da Corte, foi enviado ao
Tribunal de Justiça de Alagoas.
O Supremo, no entanto, tem outra acusação contra ele em
andamento, ligada à Lava Jato. No fim de novembro de 2020, a 1ª Turma manteve
na Casa o processo em que Arthur Lira é acusado de recebimento de propina de R$
106 mil do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Transportes
Urbanos) Francisco Colombo, em 2012.
Em outro caso, em setembro de 2020, dois meses depois de
denunciar Lira usando informações passadas por delatores, que disseram que o
deputado recebeu 1,6 milhão em propina da construtora Queiroz Galvão, a PGR
(Procuradoria-Geral da República) voltou atrás e pediu o arquivamento da
denúncia.
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