Foto: Arquivo/EBC
Com a proximidade
da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022 (COP27), que
será realizada em novembro, no Egito, países do mundo inteiro começam a expor
ideias que minimizem os impactos negativos ao meio ambiente. Um dos temas mais
evidentes nesse contexto é a instituição de um mercado regulado de carbono. O
Brasil também já começou a dar passos rumo a esse objetivo.
Um exemplo é o Decreto nº 11.075/2022 do governo federal, que
entrou em vigor em maio deste ano. A medida cria o Mercado Regulado Brasileiro
de Carbono. O decreto tem foco nas exportações de créditos, principalmente para
países e empresas que precisam compensar emissões para cumprir compromissos de
neutralidade de carbono.
A norma prevê,
ainda, procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das
Mudanças Climáticas e a instituição do Sistema Nacional de Redução de Emissões
de Gases de Efeito Estufa (Sinare).
A especialista em
desenvolvimento sustentável e meio ambiente, Miriam Lia, afirma que a
instituição de um mercado regulado de carbono é fundamental, mas deve ser
encarada como uma das ferramentas utilizadas pelos governos nas estratégias
climáticas.
“Quando se aloca um
preço para a emissão de gases de efeito estufa, o principal benefício é o
incentivo financeiro para se reduzir as emissões. Quando esse custo é
internalizado, há a criação de um incentivo para que as empresas possam reduzir
as emissões ou para que possam aumentar as remoções das emissões. Então,
incorporar esse custo na tomada de decisão econômica da empresa é muito
benéfico”, considera.
O Congresso
Nacional também busca uma resposta a essa demanda, com a análise do projeto de lei 528/2021. A proposta institui o
Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), que visa regular a compra e
venda de créditos de carbono no Brasil.
Na avaliação da
diretora para Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil, Karen
Oliveira, o mercado regulado de carbono é um dos mecanismos que estimulam a
manutenção das florestas. Por isso, ela considera que medidas que contribuam
para a valorização do meio ambiente devem ser aprovadas e postas em prática.
“Ações que,
economicamente, fazem com que a floresta em pé tenha seu valor reconhecido,
como é o caso do mercado regulado de carbono, tendem a ser um incentivo para a
redução do desmatamento e, consequentemente, para redução das queimadas”,
pontua.
Origem do mercado de carbono
Os mercados de
carbono passaram a ganhar mais ênfase em todo o mundo desde a assinatura, por
países da ONU, do Protocolo de Kyoto, em 1997. O acordo entre as nações
estabeleceu a meta de que países desenvolvidos deveriam diminuir em 5,2% suas
emissões de gases que provocam o chamado efeito estufa. A redução deveria
ocorrer até 2012.
Já em 2015, com a
assinatura do Acordo de Paris, as metas foram renovadas e passaram a contar com
incentivos à iniciativa privada. A regulamentação desses pontos ocorreu na
COP26, em Glasgow, na Escócia.
O que é mercado de carbono?
Mercado de crédito
de carbono se refere ao sistema de compensações de emissão de carbono. Isso se
dá por meio da aquisição de créditos de carbono pelas companhias que não
atingiram suas metas de redução de gases de efeito estufa (GEE) daquelas que
reduziram suas emissões.
Uma das estratégias
para se exercer o mercado de carbono ocorre por meio de políticas de “comando e
controle”. Nesse caso, o Estado estabelece a regulação direta. Outra
possibilidade é via instrumentos econômicos, por meio da adoção de incentivos e
subsídios, através da precificação de carbono. Esse modelo consiste na
atribuição de um preço sobre as emissões de gases de efeito estufa.
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