Cerca de 24,3
milhões de crianças e adolescentes, com idade entre 9 e 17 anos, são usuários
de internet no Brasil, o que corresponde a cerca de 86% do total de pessoas
dessa faixa etária no país. A informação consta na pesquisa TIC Kids Online
Brasil 2018, divulgada nesta terça-feira (17) pelo Comitê Gestor da Internet no
Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento
da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do
Ponto BR (NIC.br).
“Este percentual
é mais alto do que a média da população em geral [conectada], que está em torno
de 70%. Isso mostra que crianças e adolescentes são um público bastante
conectado à rede”, disse Fabio Senne, coordenador de projetos de pesquisas do
Cetic.br. Segundo ele, há três anos o uso da internet por esse público era 79%.
“Há um incremento constante no percentual de usuários. E isso tem a ver também
com as faixas etárias. Quando se chega na faixa entre 15 e 17 anos, esse
percentual é ainda maior que os 86%”.
A pesquisa apontou
também que, no ano passado, 3,8 milhões de crianças e adolescentes não tinham
acesso à internet por falta, por exemplo, de acesso à rede em casa (8%) ou pela
impossibilidade de usar a internet na escola (5%). Segundo Fabio Senne, as
regiões Norte e Nordeste são as que menos usam internet no país (75%), enquanto
a Região Sul (95%) é o local onde crianças e adolescentes estão mais
conectadas.
“A pesquisa
estima que cerca de 3,8 milhões de crianças e adolescentes não usaram a
internet nos últimos três meses. E elas estão concentradas nas parcelas mais
vulneráveis da população, especialmente nas classes D e E e uma quantidade
grande também presente na Região Nordeste do país, o que mostra que é preciso
políticas específicas de inclusão mais focalizadas nesses públicos”, disse.
Multimídia
Segundo a pesquisa,
oito em cada dez crianças e adolescentes do país assistem a vídeos, programas,
filmes ou séries na internet. O estudo revelou que o uso da internet para
atividades multimídia por crianças e adolescentes (83% do total dos
entrevistados) é maior que a utilização da internet para o envio de mensagens
instantâneas (77%), que o hábito de jogar sem conexão com outros jogadores
(60%) ou conectados com outros jogadores (55%) e pouco maior que o uso da
internet para escutar música (82%).
A internet é mais
usada por meio de telefone (93%). Desde 2014, o uso de telefone celular
ultrapassou o uso de computadores e Senne acredita que isso deve ainda
aumentar. Também vem crescendo o uso de internet por meio da televisão
(chegando a 32%, quando em 2014 era acessada por 5% dos entrevistados). A
pesquisa apontou que em setores mais vulneráveis da população, as pessoas
tendem a usar a internet exclusivamente por celular, como no caso das classes D
e E, em que esse tipo de uso exclusivo foi apontada por 71% das pessoas.
Educação
Cerca de 74% das
crianças e adolescentes utilizam a internet para pesquisa em trabalhos
escolares. Pouco mais da metade ( 53%) usa a internet para ler ou assistir a
notícias, enquanto 66% diz que costuma fazer pesquisas na internet por
curiosidade ou vontade própria.
No entanto, o uso
de internet dentro das escolas atinge em torno de 40% das crianças e
adolescentes do país. “Isso mostra que, apesar do uso já atingir 86% das
crianças e adolescentes, quando vamos olhar para a escola, a escola não está
sendo um espaço prioritário de uso da rede”, disse Senne.
Redes sociais
De acordo com a
pesquisa, cerca de 82% das crianças e adolescentes usuárias de internet relatam
usar e ter perfil nas redes sociais, o que corresponde a cerca de 22 milhões de
usuários dessa faixa etária no país. “Ela [a pesquisa] traz uma tendência
bastante marcante de crianças e adolescentes nesses ambientes. Se a gente olha
esse dado por faixa etária, temos quase 97% de crianças e adolescentes usuários
de internet, entre 15 e 17 anos, que possuem perfil na rede social, o que é
bastante expressivo”, disse a coordenadora da pesquisa Luísa Adib.
Pela primeira vez
na pesquisa, o número de crianças e adolescentes com contas no WhatsApp superou
o número de perfis no Facebook. Também cresceu o número de usuários dessa faixa
etária no Instagram, que é a terceira plataforma em número de uso entre esse
público.
Apesar dos
benefícios, Luisa disse que o uso da internet por crianças e adolescentes
também envolve riscos, como o contato com estranhos, embora não
necessariamente, segundo ela, isso possa incorrer em um problema. Também pode
haver a exposição a conteúdos sensíveis e a própria conduta da criança e do
adolescente poder ser considerada ofensiva para seus próprios pares.
Luisa alerta que
atividades de mediação entre pais e seus filhos e o acompanhamento no uso da
internet podem ajudar na prevenção desses riscos. “O que a gente
observa é que as medidas mais ativas e participativas são as que tendem a
trazer melhores resultados do que aquelas que são restritivas. A restrição pode
inibir o uso, mas também não prepara para o uso. Então, é o acompanhamento [dos
pais] que possibilita que a criança crie mecanismos e desenvolva habilidades
necessárias para a presença nesse ambiente”.
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